Simon quer mudar texto sobre Tancredo em painel no "Túnel do Tempo"



Uma referência à "direita peemedebista" em texto sobre a eleição de Tancredo Neves para presidente, em 1984, levou o senador Pedro Simon (PMDB-RS) a pedir, nesta quinta-feira (26), mudanças em um painel instalado na galeria que liga as alas de comissões e gabinetes ao Salão Azul e ao Plenário do Senado. Conhecido como "Túnel do Tempo", o corredor abriga também os bustos de grandes personalidades da política nacional.

O painel contra o qual protestou o parlamentar gaúcho trata da fase da campanha das Diretas, Já! em 1983; da derrota da Emenda Dante de Oliveira; e da vitória de Tancredo Neves e de seu vice, José Sarney (ex-PDS), na eleição indireta realizada por meio do Colégio Eleitoral.

"Para a sucessão presidencial, a direita peemedebista conseguiu impor ao partido a candidatura de Tancredo Neves, presidente, e José Sarney, com a direita pedessista acolhendo Paulo Salim Maluf, ligado aos grupos mais conservadores do país e que contava com simpatia do general Figueiredo", diz o texto a certa altura.

- O PMDB se reuniu. E foi uma reunião muito bonita, com as bases, os vereadores, os prefeitos, mais de cinco mil pessoas. Aclamaram por unanimidade. Foram para o Colégio e aclamaram o Dr. Tancredo. Por isso, não fica bem aqui [o texto], em pleno Senado. Eu peço ao presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, que o retifique - apelou Simon, com apoio do senador Marco Maciel (DEM-PE).

Da tribuna, Simon chegou a sugerir a linha para o novo texto. Na sua opinião, melhor seria dizer "foi feito um grande entendimento no qual o Dr. Tancredo resultou candidato pela unanimidade." O pedido de retificação vai ser encaminhado à Mesa do Senado na forma de requerimento, conforme adiantou o próprio senador.

- Engraçado que, há vinte e tantos anos, passava para lá e para cá (no "Túnel do Tempo") e precisou um jornalista me mostrar. Fui lá, e não acreditei - relatou Simon.

O senador gaúcho rememorou em seu discurso o que disse considerar a verdade dos fatos envolvendo o fim da ditadura militar e a eleição de Tancredo, morto em 1985 sem tomar posse. No entender dele, a oposição estava unida em torno do nome do deputado Ulysses Guimarães (PMDB-SP) para candidato a presidente nas eleições diretas que, acreditava-se, viria com a vitória da Emenda Dante de Oliveira.

Esse sonho, entretanto, foi frustrado porque a emenda caiu por falta de quorum. A estratégia, então, rememorou o senador, foi somar forças em torno de Tancredo, autor da célebre frase: "Vamos ao Colégio Eleitoral para destruí-lo". Simon recordou ainda que, a exemplo do PMDB gaúcho, era contra a eleição indireta. Esse ponto de vista acabou sendo vencido na convenção nacional.

- Nunca passou pela cabeça do Tancredo, nem na nossa, ele ser o candidato em uma eleição do Colégio Eleitoral. Até porque, pelo passado, pela biografia, pela luta que tinha tido, ele ficaria numa situação difícil para buscar esse entendimento. Foi ele que somou e teve uma grande vitória. Mas dizer que Dr. Tancredo foi um golpe de direita do PMDB, que foi uma solução da direita do PMDB, a memória do Dr. Tancredo não merece isso - reclamou Simon.

Ao final de seu pronunciamento, Simon voltou a conferir as palavras escritas no painel, em companhia do senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC).



26/06/2008

Agência Senado


Artigos Relacionados


Painel sobre 'impeachment' de Collor será colocado no 'Túnel do Tempo'

Simon apresenta emenda para proteger excluídos e diz que Senado deve mudar texto da Previdência

DUTRA QUER MUDAR TEMPO VERBAL PARA EVITAR DÚVIDAS SOBRE DIREITOS

Vanessa Grazziotin quer dar nome de José Alencar ao 'Túnel do Tempo' do Senado

Simon: "Governo Lula é confusão permanente, mas ainda há tempo para mudar"

Capiberibe: texto sobre FPE precisa mudar para não inviabilizar Amapá