Sindicalista denuncia milhares de demissões na indústria do frango



Em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) sobre questões ligadas à gripe aviária, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação (Contac), Siderlei Silva de Oliveira, afirmou que 15 mil trabalhadores do setor já foram demitidos em decorrência da paralisação temporária da produção de frangos determinada pelos empresários. Além dos demitidos, mais 25 mil empregados foram colocados em férias coletivas.

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O debate na CDH, nesta segunda-feira (17), foi presidido pelo senador Paulo Paim (PT-RS), vice-presidente da comissão. O senador é autor do requerimento de realização da audiência pública, que reuniu representantes da indústria da alimentação e dos trabalhadores do setor avícola de diversos estados.

Ao denunciar a situação dos trabalhadores, Siderlei disse que a medida adotada pelas empresas foi tomada para impedir a queda do preço no mercado interno. Esse preço cairia, argumentou o presidente da Contac, com o aumento da oferta provocado pela redução da exportação do frango, causada pelo temor à gripe aviária entre os consumidores dos países importadores. Siderlei avalia que os empresários do setor passam todo o ônus da crise para os trabalhadores e pedem compensações ao governo.

- Os empresários paralisaram a produção para manter o preço do mercado interno aquecido e querem benefícios do governo, mas nós defendemos que esses benefícios sejam casados com a garantia de não demissão - declarou Siderlei.

Denúncias

Siderlei e o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), João Felício, denunciaram durante o debate na CDH a demissão de trabalhadores que adoecem em função das condições de trabalho. Segundo Felício, ainda, apesar da alta lucratividade com as exportações nos últimos anos, a média do valor do salário no setor é de dois salários mínimos. Isso acontece, de acordo com o presidente da CUT, até nas multinacionais que foram atraídas para o Brasil pela lucratividade na exportação de frango.

As empresas aproveitam-se da crise para diminuir salários e aumentar as exigências de trabalho, segundo os líderes sindicais. Em alguns segmentos da indústria do frango, os empregados chegam a trabalhar até 16 horas por dia, disse Felício ao detalhar as denúncias. O trabalhador é obrigado a desossar seis coxas de frango por minuto, quase três mil por dia, segundo o presidente da CUT.

Os presidentes das Federações dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação de Mato Grosso (FTIA/MT) e do Paraná (FTIA/PR), Sidney Amorim e Hernani Garcia Ferreira, respectivamente, reivindicaram durante o debate medidas de proteção para os trabalhadores.



17/04/2006

Agência Senado


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