Sistema elétrico pode suportar falta de chuvas, diz Márcio Zimmermman



Em debate nesta quarta-feira (12), na Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI), especialistas do setor energético disseram que o sistema elétrico do país tem estrutura hoje para aguentar o nível de estresse devido a escassez de chuvas. Segundo o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Márcio Zimmermman, há uma confusão, provocada pela mídia, de que apagões ocorridos recentemente sejam resultado de falta de geração de energia, o que, segundo ele, não é verdade.

Segundo o presidente do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, o país vive hoje o chamado dilema do contraditório, onde as sociedades exigem tarifa baixa, segurança e matriz energética limpa.

- Essa equação não fecha – disse ele.

Para Chipp, um sistema mais seguro exigiria um custo muito alto para a sociedade. No entanto, ele explicou que o Brasil é considerado um país privilegiado porque tem possibilidade de diversificar a matriz energética e disse que as previsões climáticas são de melhoria a partir deste mês.

Segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tomalsquim, desde dezembro até a primeira quinzena de fevereiro, o país viveu a pior situação hidrológica dos últimos 80 anos. No entanto, argumentou, o país tem uma estrutura muito mais sólida do que em 2001, quando houve racionamento.

Zimmermman afirmou que o governo tem um diagnóstico perfeito do que está ocorrendo  no setor e defendeu o uso das termelétricas. Segundo o secretário-executivo do MME, 68% da energia térmica utilizada no mundo vêm de combustível fóssil e o Brasil tem apenas cerca de 30% de sua matriz formados por esse tipo de energia.

- No modelo que o sistema elétrico brasileiro tem, ele aciona térmica de uma forma integrada para otimizar o custo final dessa operação desse sistema hidrotérmico – disse.

Racionamento e apagões

O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), autor do requerimento da audiência, disse que há uma confusão na sociedade, pois ao mesmo tempo em que o governo afirma risco zero de racionamento energético, alguns apagões acontecem, gerando instabilidade.

- A todo momento nós somos questionados sobre a real situação do sistema elétrico brasileiro – afirmou.

O presidente da CI, senador Fernando Collor (PTB-AL), também questionou sobre a possibilidade ou não de haver racionamento e se os apagões foram causados por falta de capacidade de gerar energia.

Zimmermman afirmou que, quanto ao risco de racionamento, o sistema brasileiro é hoje capaz de aguentar o nível de estresse atual.

- O que nós temos dito é que se o sistema está equilibrado estruturalmente, ele aguenta aquele nível de estresse para o qual ele foi planejado. Agora, se se der uma condição de estresse pior do que aquilo que foi planejado nesse sistema, aí não tem. Não existe no mundo ninguém que tenha implantado um sistema com 100% de probabilidade de não ter racionamento – explicou.

Em relação aos apagões, Tomalsquim esclareceu que a palavra “apagão” é utilizada para dois fenômenos distintos.

- Uma é uma interrupção porque caiu uma linha ou teve um problema numa linha qualquer e a outra é eu não ter água na hidrelétrica ou capacidade de gerar energia. São coisas completamente diferentes – disse.

O senador Walter Pinheiro (PT-BA), defendeu o uso de novas tecnologias como um dos caminhos para garantir maior eficiência energética no país. Ele citou o sistema Smart Grid, uma ferramenta que usa tecnologias de eficiência energética para otimizar e melhorar o uso de energia nas cidades, as chamadas Cidades Inteligentes. Para Pinheiro, esses episódios de apagões não podem continuar ocorrendo e as informações precisam ser claras.

- Na medida em que eu dou uma informação atabalhoada dessa eu ponho em risco toda a estrutura e toda a robustez do sistema – afirmou.

Vulnerabilidade financeira

Zimmermman disse que o ministério está consciente do problema por que passam as distribuidoras pelo fato de terem feito contratos por disponibilidade com as termelétricas, ou seja, elas adiantam o recurso para o acionamento das usinas e só recebem no ano seguinte. O secretário-executivo afirmou que o governo estuda uma forma de resolver a questão.

Também participaram do debate o presidente do Conselho de Administração da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, Luiz Eduardo Barata Ferreira, e o presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales.



12/03/2014

Agência Senado


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