Socialistas se reúnem e atacam Jarbas e “infiéis”






Socialistas se reúnem e atacam Jarbas e “infiéis”
Com discursos inflamados, os socialistas atacaram os parlamentares que foram eleitos pelo PSB mas que migraram para outros partidos da base governista. Jarbas também foi alvo de críticas

O 12º Congresso Estadual do PSB foi encerrado ontem em clima de festa. Além da eleição dos novos membros do diretório estadual e dos delegados que participação do congresso nacional do partido, no próximo mês, o encontro foi marcado pelo lançamento de uma espécie de análise crítica sobre a situação do Nordeste.

O documento foi elaborado pelo presidente nacional da legenda, Miguel Arraes, com a colaboração de vários socialistas. O discurso pela construção da unidade entre os partidos de esquerda, amplamentente divulgado pelo deputado federal Eduardo Campos – principal nome do PSB para as eleições ao Governo estadual – parece ter dado resultado, pelo menos na composição da mesa que dirigiu os trabalhos. Representantes do PT, PPS e PCdoB marcaram presença.

No encerramento do encontro, diversos filiados aproveitaram criticar duramente a gestão do governador Jarbas Vasconcelos. Alguns políticos que se elegeram nas últimas eleições estaduais pela legenda e migraram para outros partidos também não foram poupados.
Um dos discursos mais inflamados foi o do ex-prefeito de Jaboatão Humberto Barradas. “Estamos cansados de ser cauda. Queremos voltar a ser cabeça e temos condições para isso. Quando estivermos novamente no poder os traidores que nos abandonaram vão se arrepender do que fizeram”, afirmou Barradas que também fez um mea culpa sobre as eleições de 1998, quando Arraes perdeu a disputa pelo Governo estadual para Jarbas Vasconcelos . “Não foi Jarbas quem ganhou. Nós é que deixamos de ir atrás de todos os votos que poderíamos ter consgeuido. Mas isso não vai se repetir”, comentou.

Durante os 35 minutos em que falou ao público presente, o ex-governador Miguel Arraes, criticou o atual modelo econômico-social mundial. Arraes cobrou dos Governos Federal e Estadual soluções definitivas para os problemas que atingem o Nordeste e seu povo.
“Vivemos as conseqüências da liquidação feita pelas forças reacionárias da direita. Hoje estamos buscando a unidade das esquerdas em Pernambuco para recomeçar um trabalho que fomos obrigados a interromper. Mas tenho certeza de que vamos conseguir cumprir nossa missão”, concluiu.


Eduardo Campos é recebido com festa pelos correligionários
O discurso da unidade pregado Eduardo Campos (PSB) enfrenta restrições até mesmo na sua própria legenda. Antes de iniciar seu discurso Campos foi aplaudido e aclamado pelos presentes. Sob gritos de “é o nosso governador” foi obrigado a esperar mais de dois minutos pare iniciar seu pronunciamento. “Não é por falta de nomes que buscamos a unidade. É por acreditar que teremos mais chance de vencer os nossos verdadeiros adversários”, explicou.

Independentemente do discurso da unidade, o deputado Ranilson Ramos (PPS), presente ao encontro, aproveitou para ensaiar sua sugestão. “Podemos ter uma chapa encabeçada pelo PT para vencer na Região Metropolitana e outra encabeçada pelo PSB para garantir os votos do interior. Assim inviabilizariamos Jarbas”, sugeriu, sob fortes aplausos


Disposição de Carvalho de voltar ao comando do PPS causa mal-estar
A intenção do ex-presidente regional do PPS Eduardo Carvalho de lançar-se na disputa para voltar ao cargo provocou mal-estar entre os caciques do partido. Durante o encontro promovido pelo diretório estadual da legenda, anteontem, eles fizeram questão de não demonstrar apreço pela iniciativa de Carvalho. Presente ao encontro, o prefeito de Petrolina, Fernando Bezerra Coelho (PPS) – principal crítico de Carvalho – não quis analisar o possível bate-chapa no congresso estadual, mas reafirmou seu apoio ao prefeito do Cabo, Elias Gomes (PPS). “Elias sim é um nome que exerce liderança”, alfinetou. Além da disposição de Carvalho em voltar ao comando do PPS, foi constrangedor, também, o primeiro encontro entre o ex-presidente e Bezerra Coelho. Incomodado com a chegada do prefeito à reunião do diretório, Carvalho se retirou do debate alegando ter “outros compromissos”.


Tumulto em vestibular deixa 9 feridos no Rio
Contrários à realização do concurso, garantida pela justiça no sábado à noite, estudantes e professores entraram em confronto com a PM no campus da UFRJ. Provas foram rasgadas e 14.520 candidatos perderam exames

RIO DE JANEIRO – O primeiro dia do vestibular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ontem, foi marcado por cenas de violência e nervosismo. Estudantes e professores contrários à realização das provas – realizadas graças a liminar judicial concedida no fim da noite de sábado – fizeram manifestações no campus da universidade, na Ilha do Fundão, Zona Norte do Rio, e no Colégio de Aplicação (Cap) da UFRJ, na Zona Sul, tentando impedir a entrada dos candidatos. Nove pessoas ficaram feridas em confrontos com a Polícia Militar, segundo os manifestantes. Provas foram rasgadas e 14.520 vestibulandos terão de fazer os exames em outra data, ainda não definida.

Dos 56.037 inscritos, 50.218 fizeram a prova – 11,4% dos candidatos faltaram ou foram impedidos de realizar os exames, informou a reitoria. À tarde, o reitor José Henrique Vilhena disse que o vestibular foi um sucesso. A Comissão de Educação da Assembléia Legislativa do Rio deve entrar, hoje, na Justiça com um pedido de anulação da prova. Entidades estudantis prometem fazer o mesmo.

Os protestos em frente ao Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN) da UFRJ começaram por volta das 7 horas, duas horas antes do início das provas - que começaram com dez minutos de atraso. Gritando palavras de ordem contra o reitor, os manifestantes sentaram na frente do prédio para impedir que os 981 estudantes que deveriam fazer prova no local entrassem. A PM reagiu e houve violento confronto. Bombas de efeito moral foram lançadas contra a multidão. Os policiais ainda agrediram diversas pessoas com cassetetes.
Assustados, candidatos e seus pais assistiam a tudo sem saber o que fazer. Muitos choraram. “Tenho medo que me arranquem a prova”, disse Andrezza do Espírito Santo, 17 anos, protegida pela mãe e pela avó.


Colunistas

Cena Política - Ciro Carlos Rocha

Peça de ficção
A tão falada unidade das oposições está ficando cada dia mais esquisita. Basta surgir uma nova proposta para começar o tiroteio entre os partidos. Depois de uma série de troca de acusações, aparece todo mundo posando de santo, como se nada tivesse acontecido, exaltando a união dos partidos no primeiro turno.

Até o PDT, que sempre atuou como mediador nos conflitos das oposições, decidiu entrar na confusão, reivindicando a cabeça da chapa para o deputado José Queiroz. E tome mais discussão. Todos classificam Queiroz como um “grande quadro”, mas não para disputar o Governo.
Agora, surge o senador Carlos Wilson (PTB) com outra proposta: Mais de um palanque das esquerdas no primeiro turno, mas com uma estratégia comum de combate ao governador Jarbas Vasconcelos (PMDB). “Temos que fazer um pacto. Assim como fizemos na eleição passada, quando derrotamos Roberto Magalhães, cada um defende a sua proposta, mas sempre com o intuito de derrotar Jarbas.” Está aberta a nova temporada de tiroteio na peça de ficção que se transformou a unidade das esquerdas.

O problema é agüentar as piadinhas
O deputado André Campos (PTB) teve que agüentar as piadinhas na sexta-feira, durante o Recifolia. Presidente do Balança Rolha, ele viu a vocalista da Banda Beijo, que tocava no bloco, entrar no Corredor da Folia numa grua co m o formato do Coquinho Alto Astral, marca da gestão Jarbas Vasconcelos na Prefeitura do Recife, e cantando a música Voltei Recife, tema da campanha de Joaquim Francisco à PCR, em 1988. Os gozadores diziam ser uma singela homenagem aos dois adversários.

De olho na imagem
O senador Roberto Freire (PPS) almoçou no último sábado com uma famosa publicitária pernambucana. No cardápio, o marketing da campanha de Freire à reeleição. O senador está preocupado com o fato de os eleitores não estarem ligando o nome à pessoa.

Nada contra
Ainda sobre Roberto Freire, o senador Carlos Wilson afirma que “não adianta as pessoas dizerem que os dois estão brigados”. “Não vou mais ficar contra Freire, como também ele não vai ficar contra mim”, garantiu Wilson, que voltou às boas com Freire na semana passada.

Governistas em um dia de silêncio
Durante a abertura da Exposição de Animais do Parque do Cordeiro, nenhum governista quis tratar de política. O vice-presidente Marco Maciel e os deputados Inocêncio Oliveira e Ricardo Fiúza preferiram o silêncio.

Inocêncio se complica ao hastear bandeira
Convidado para hastear a Bandeira do Recife, na abertura da Exposição de Animais, o deputado Inocêncio Oliveira (PFL) enfrentou um probleminha. Sem prática, deixou os cordões enroscarem. Resultado: um pendão a meio-mastro.

Perfil Parlamentar I
Um dos livros mais aguardados do projeto Perfil Parlamentar Século XX, que está sendo editado pela Assembléia Legislativa, é o que narra a vida política do ex-deputado e governador Paulo Guerra, que substituiu Miguel Arraes, após o golpe de 64.

Perfil Parlamentar II
Escrito pela jornalista Christianne Alcântara, o volume sobre o perfil parlamentar de Paulo Guerra tem depoimentos dos ex-governadores Miguel Arraes e Cid Sampaio. O livro será lançado na primeira quinzena de dezembro.

O deputado federal Eduardo Campos (PSB) não perde uma oportunidade de atacar o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB). Durante uma entrevista na semana passada, ele saiu com essa: “ A propaganda de Jarbas começou com o ‘já’, agora usa o ‘vai’ e daqui a um ano vai chegar ao ‘já era’”.

O ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, trocou o PPS pelo PMDB de Jarbas, mas mantém boa relação com a oposição. Na sexta-feira, brincava animado no camarote do secretário de Turismo do Recife, Romeu Batista, no Recifolia. Vale lembrar que Batista é ligadíssimo a Carlos Wilson, um dos maiores desafetos do governador.

Durante o desfile do Balança Rolha o deputado estadual André Campos lamentava a ausência do seu pai, Wilson Campos, morto em junho passado. Wilsão, como era conhecido, era diretor do bloco e sempre acompanhava os desfiles. “É a primeira vez que o Balança sai sem papai. Ele faz muita falta”, disse.

O presidente do PPS, Byron Sarinho, viajou à Espanha na comitiva de 30 pessoas que acompanhará uma exposição sobre o Cabo naquele país. Terá um tempo para refletir sobre a crise no PPS, que está longe do fim, pois a cada dia o clima entre o ex-presidente do partido Eduardo Carvalho e o prefeito Fernando Bezerra Coelho fica mais pesado.


Editorial

Novas oportunidades

Falando na formatura de novos diplomatas, o presidente Fernando Henrique Cardoso levantou uma questão importantíssima para o Brasil e outros países que estão na periferia do centro mundial de decisões. Ele tratou da oportunidade rara que estamos vivendo de pressionar por uma reformulação radical na tomada multilateral de decisões, no sentido de diminuir seu caráter desigual e exclusivista. O que mais interessa aos países em desenvolvimento é uma reforma nos organismos financeiros internacionais criados após a 2ª Guerra Mundial, quando os Estados Unidos, com a inauguração da Guerra Fria, ditavam praticamente sozinhos as regras que regem o mundo capitalista. E ainda: ampliação do Conselho de Segurança da ONU; uma globalização mais democrática e que seja útil também a eles; mais poder ao G-20 (que reúne os países desenvolvidos e em desenvolvimento mais representativos) como instância mediadora de conflitos; mais isenção da OMC (Organização Mundial do Comércio) no julgamento das pendências entre exportadores ricos e exportadores emergentes.

Depois da tragédia de 11 de setembro, os países que decidem estão inclinados a uma tal reformulação. A OMC, por exemplo, atendendo a antigo pedido do Brasil, determinou que o governo do Canadá suspenda, em até 90 dias, os subsídios que concede à Bombardier, concorrente da brasileira Embraer. Esses subsídios já permitiram à empresa canadense ganhar três concorrências também disputadas pela Embraer. Em passado recentíssimo, o Canadá havia feito reclamação à OMC, e ganhado, sobre subsídios dados pelo governo brasileiro. Enquanto isso, num sentido contrário, os EUA decidem ampliar o protecionismo a sua indústria siderúrgica, prejudicando as exportações brasileiras do produto para aquele país. E Christopher DeMuth, do centro de pesquisas American Enterprise Institute, explica que seu país não está disposto a mudar sua política andidumping nem deixar de exigir padrões mínimos de proteção ao trabalho e proteção ao meio ambiente. Interessante notar que o setor siderúrgico nos EUA é obsoleto e que o governo de Washington retirou seu apoio às resoluções adotadas em Kyoto, pela maioria dos países do mundo, para proteção do meio ambiente contra o aquecimento global.

Mas o ex-secretário da Defesa dos EUA, William Cohen, falando em São Paulo, garante que o ambiente político mudou muito após os atentados terroristas em Nova Iorque e Washington: “É um novo mundo, com novos desafios e novas oportunidades”. A fala de FHC aos diplomatas, porém, só será realmente considerada e aplicada se o Itamaraty definir uma agenda para orientar alianças e ações prioritárias da diplomacia brasileira. Ou ficaremos nos discursos. Infelizmente, o Itamaraty às vezes define políticas erraticamente. No governo Geisel, partiu para uma política terceiro-mundista, que descurou outros enfoques e não trouxe real proveito ao nosso país. Depois, voltou acriticamente à velha política, que também não nos traz resultados, de “o que é bom para os EUA é bom para o Brasil”, definida, após o golpe de 1964, pelo então chanceler general Juracy Magalhães. Também ficarão sem conseqüências as palavras do presidente se a sociedade brasileira não se empenhar por mudanças nesse sentido e se o Congresso não enxergar além das fronteiras nacionais. Os países que se retraem, não têm um projeto nacional com visão internacional, esperam convite para participar de países ricos é seletivo e exclusivista. O Brasil já perdeu oportunidades que não voltam de maior desenvolvimento e autonomia, como durante a Guerra Fria, quando os EUA temiam (sem nenhum fundamento) que o nosso país se bandeasse para o lado da União Soviética e seus satélites. Era a hora de cobrar mais e não de alinhar-se automaticamente aos EUA. “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer”.


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10/29/2001


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