Britto e Rigotto atacam Tarso









Britto e Rigotto atacam Tarso
O debate de ontem à noite na RBS-TV entre os candidatos ao governo gaúcho foi marcado por duas situações que indicaram tendências para o segundo turno: Tarso Genro (PT), líder nas pesquisas, procurou atingir Germano Rigotto (PMDB), que está empatado com Antônio Britto (PPS) no segundo lugar; Rigotto e Britto deixaram sua disputa pelo segundo lugar de lado e atacaram Tarso. Isso mostra que Tarso projeta um segundo turno contra Rigotto, que está em curva ascendente nas pesquisas, e procura fazê-lo deixar a política de não-agressão. Indica, também, que Britto e Rigotto, independentemente de qual deles esteja no segundo turno, já estão unidos. Os candidatos do PMDB e do PPS fizeram uma "tabelinha" para atacar Tarso em relação aos incentivos fiscais. Tarso foi questionado e abordou o assunto reforma agrária. Afirmou que o PT continuará realizando assentamentos.


Alckmin sobe, Genoino cai, Maluf fica em 2º
Na reta final, tucano ganha quatro pontos e atinge 34%, petista perde três e vai a 21%, e pepebista se isola com 26%

Na reta final da eleição do novo governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) assume a liderança da disputa, Paulo Maluf (PPB) se isola em segundo lugar e José Genoino (PT) recua para a terceira colocação. É o que revela pesquisa do Datafolha realizada ontem.

Alckmin tem 34% das intenções de voto (quatro pontos percentuais a mais do que no levantamento publicado segunda-feira), Maluf se mantém nos mesmos 26% e Genoino cai de 24% a 21%.

Os votos válidos (subtraídos brancos e nulos) estão assim distribuídos: Alckmin com 38%, Maluf com 29% e Genoino com 23%.

A pesquisa foi realizada em 93 cidades do Estado e ouviu 2.422 eleitores. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

Em relação aos demais concorrentes, a situação é a seguinte: Carlos Apolinário (PGT) oscilou de 2% para 3%, o mesmo ocorreu com Cabrera (PTB), enquanto Ciro Moura (PTC) e Lamartine Posella (PMDB) mantiveram 1%.

Os outros candidatos obtiveram citações inferiores a 1% ou não foram citados.

A porcentagem de entrevistados que afirmou ainda não ter escolhido o candidato variou de 7% para 6% e a dos que declararam que vão votar em branco ou anular o voto, de 5% para 4%.

Segundo turno
Os pesquisadores sugeriram aos entrevistados que fizessem simulações de segundo turno com os três principais candidatos.

No cenário em que aparece Alckmin e Maluf, o primeiro vence com 56% dos votos, contra 34% do segundo.
Se a disputa fosse entre Alckmin e Genoino, ainda uma vez o governador fica na frente, com 53%, enquanto o petista obtém 34%.

Na simulação de um segundo turno entre Maluf e Genoino, o segundo venceria com 48% e o ex-prefeito de São Paulo teria 41%.

O Datafolha também pediu aos eleitores que escolhessem espontaneamente um candidato, sem apresentar opções de nomes. Outra vez o governador Alckmin se saiu melhor, alcançando 26%, dois pontos a mais do que na pesquisa anterior. Paulo Maluf e José Genoino oscilaram dentro da margem de erro, o primeiro de 16% para 18% e o segundo, de 15% para 13%.

O índice de rejeição dos candidatos foi medido novamente, e Paulo Maluf voltou a ficar em primeiro lugar, com 40%. Genoino aparece em segundo, com 20%, e Alckmin, em terceiro, com 18%.

Segundo a pesquisa, evoluiu de forma positiva o grau de conhecimento do número dos candidatos, aquele a ser digitado na urna eletrônica no domingo subiu de 37% para 47% a porcentagem dos que responderam corretamente sobre o número do candidato de sua preferência.

Da mesma forma, aumentou de 73% para 80% o percentual de eleitores que está totalmente decidido em relação à sua escolha.

Com o resultado da pesquisa de ontem, Maluf se mantém isolado na segunda colocação da disputa, depois de viver situação de duplo empate no começo da semana.

Segundo levantamento do Datafolha realizado na última sexta-feira e publicado na segunda, o ex-prefeito obtinha 26% das intenções de voto e ficava tecnicamente colado em Alckmin (com 30%) e era ameaçado pelo candidato do PT, que atingia então a sua melhor marca, 24%.

O candidato petista enfrenta agora uma inversão na ascensão que vinha conseguindo junto ao eleitorado e que teve início no começo do mês de setembro.

No sentido inverso, Paulo Maluf partiu de um patamar de franco favoritismo, com 40%, em 15 de agosto, desceu cinco pontos no dia nove de setembro, ficando com 35%, foi para 29% no dia 20 e fechou o mês com 26%. Repetiu o resultado na pesquisa de ontem.

A trajetória de Alckmin foi a mais regular: teve 24% e 25%, subiu para 31% na pesquisa seguinte e oscilou para 30% no dia 27 e obtém agora sua melhor colocação.


Lula continua com 49% dos válidos, contra 22% de Serra
Petista vence todos os candidatos no segundo turno, mas vantagem sobre adversários se reduz

O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, continua com 49% dos votos válidos, contra 22% de José Serra (PSDB) oscilação positiva de um ponto percentual-, 17% de Anthony Garotinho (PSB) que também oscila um ponto positivamente- e 11% de Ciro Gomes (PPS) -oscilação negativa de um ponto percentual-, revela pesquisa Datafolha realizada ontem.

A três dias da eleição, Lula mantém-se a um ponto percentual da possibilidade de atingir metade mais um dos votos válidos, o que lhe daria a vitória no primeiro turno da eleição presidencial. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais. Assim, o petista pode ter entre 47% e 51% dos votos válidos.
O conceito dos votos válidos é o usado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na apuração oficial. É o percentual obtido pelos candidatos, excetuados os votos brancos e nulos e as abstenções.

No total de votos, Lula repete os 45% da pesquisa realizada em 26 e 27 de setembro, Serra passa de 19% para 21%, Garotinho está com os mesmos 15% e Ciro foi de 11% para 10%. Cada ponto percentual equivale cerca de 1 milhão de votos. Os percentuais de brancos e nulos (3%) e de indecisos (5%) seguem os mesmos há três levantamentos.

Para o cálculo dos votos válidos, o Datafolha desprezou os brancos e nulos e distribuiu proporcionalmente à intenção de votos o percentual de indecisos.

Por isso, Serra oscilou dois pontos positivamente no total de votos, mas apenas um nos válidos. Garotinho repetiu seu índice no total, mas nos válidos oscilou um ponto para cima. Ciro oscilou negativamente um ponto tanto no total de votos como nos válidos.

Na disputa do segundo turno, Lula segue vencendo todos os demais candidatos, mas as diferenças se reduziram. O petista bate Serra por 55% a 37% com a diferença caindo de 22 para 18 pontos, vence Garotinho por 55% a 36% com a distância entre os dois se reduzindo de 22 para 19 pontos- e Ciro por 58% a 33% -com 26 pontos os separando, contra 25 na rodada anterior.

O Datafolha ouvi 8.068 pessoas ontem em 388 municípios de todas as unidades da Federação.

A taxa de rejeição de Serra segue a maior de todos os candidatos, mas, pela primeira vez desde 15 de agosto, registrou uma oscilação negativa de dois pontos, passando de 35% para 33%. Já o percentual daqueles que dizem que não votariam em Lula de maneira alguma oscilou positivamente dois pontos, indo de 27% para 29%. A rejeição a Ciro foi de 33% para 32%, e a de Garotinho segue em 27%.

Lula e Serra apresentam movimentos diferentes nas faixas de maior renda e escolaridade. O petista passou de 51% para 50% entre os nível superior, e o tucano foi de 18% para 21%. Entre os com renda alta, Lula foi de 51% para 48%, e Serra, de 22% para 24%.


Paulo Cunha diz que Serra vence eleição
O empresário Paulo Cunha, 61, presidente do grupo Ul tra, afirmou que o presidenciável tucano José Serra irá para o segundo turno e ainda ganhará as eleições. Para ele, Serra é o político mais preparado, entre todos os que disputam a eleição, para governar o país.

"Eu conheço o Serra há muito tempo e cada vez me impressiono mais com suas qualidades de homem público", diz Cunha.

Para o empresário, "Serra é um dos pouquíssimos homens públicos que, visto de perto, é muito melhor do que visto de longe".

Paulo Cunha é um dos quatro fundadores do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). Os outros foram Cláudio Bardella, Paulo Francini e Eugênio Staub, presidente da Gradiente.

Há pouco mais de uma semana, Eugênio Staub declarou seu voto no candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva. Sobre a adesão de Staub à candidatura Lula, Cunha preferiu não se manifestar.


"Brasil precisa do segundo turno", diz Serra
Tucano decide na última hora ir a Campinas para o showmício de encerramento de uma campanha marcada por improvisos

O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, fez seu último comício de campanha ontem à noite dizendo-se convencido de que vai disputar o segundo turno da eleição de 6 de outubro.

"O Brasil precisa do segundo turno", disse Serra à Folha, após discursar para uma platéia estimada em cerca de 20 mil pessoas, segundo cálculo da Polícia Militar, que compareceram ao showmício animado pelo cantor de música romântica Daniel.

Gripado, o tucano estava rouco: "O segundo turno é importante para o Brasil. É a oportunidade para analisar e aprofundar a discussão dos problemas", disse o candidato do PSDB.

Serra interpretou a subida de dois pontos percentuais obtida na pesquisa Datafolha, uma variação dentro da margem de erro, como uma sinalização de que passará para a próxima etapa da disputa presidencial. Segundo o tucano, outras pesquisas indicariam a mesma tendência.

"O Brasil precisa do segundo turno para um debate político e com respeito", disse.

A campanha de rua de Serra terminou como começou: incerta e improvisada. Até o início da noite de ontem ele ainda não havia decidido se iria ou não ao showmício de Campinas, embora o evento estivesse previsto em sua agenda havia vários dias.

Atrasos, cancelamentos de última hora foram uma rotina na campanha de Serra. No primeiro "superssábado" programado, ele deixou de visitar três cidades. Ele marcou um grande comício em Palmas, no Estado de Tocantins, mas cancelou porque teve de ficar em São Paulo gravando para o horário eleitoral gratuito na TV.
Para evitar os atrasos, Serra passou a viajar na madrugada para as cidades nas quais tinha compromisso: chegava quase amanhecendo, dormia um pouco e então seguia para os eventos.

Ontem, Serra condicionou sua ida a Campinas para o encerramento da campanha à gravação do programa de TV.

Mas ao deixar a cidade voltou para São Paulo e se trancou no estúdio para concluir os programas que serão mostrados hoje.

No curto discurso que fez em Campinas, Serra voltou a reafirmar seus compromissos com o emprego, linha-mestra da campanha do tucano, e com a segurança. Um discurso frio. Mas ele arrancou aplausos ao dizer:
"Fui encarregado de dar uma notícia: Daniel não está chegando, ele já chegou". Mais tarde, comentou, satisfeito com o próprio desempenho: "Foi boa essa, não foi? Aprendi com o Aécio [Aécio Neves, candidato do PSDB ao governo de Minas"".

Serra voltou mais tarde ao palco, chamado por Daniel, e atirou flores brancas para a platéia. Disse que tinha dois pedidos a fazer. O primeiro era dar um beijo em uma menina que estava na fileira da frente da platéia.
Içada ao palco, a menina, uma pré-adolescente, correu para abraçar e beijar o cantor Daniel.

O segundo pedido foi óbvio: "Domingo, dia 6, é dia de decisão pra gente ir para o segundo turno e o Brasil eleger o seu presidente no segundo turno".

Antes de deixar o palco, pediu para Daniel cantar a música "Vida minha", mas foi embora sem saber se fora ou não atendido -não foi. A música não constava do playback.


Aécio tem 63% dos votos válidos e deve ser eleito já no domingo
Nilmário (PT) atinge 17%, e Newton Cardoso (PMDB), 12%

Aécio Neves (PSDB), presidente da Câmara dos Deputados, poderá se eleger governador de Minas Gerais no domingo, segundo pesquisa de intenção de voto do Datafolha realizada ontem.

O tucano venceria a disputa no primeiro turno com 63% dos votos válidos oscilou negativamente três pontos percentuais em comparação com o levantamento da sexta-feira passada, dentro da margem de erro.
Nesta campanha, Aécio ainda não foi ameaçado pelos adversários. Já começou com vantagem sobre o vice-governador Newton Cardoso (PMDB). Nilmário Miranda (PT) cresceu, mas o suficiente apenas para brigar pelo segundo lugar.

O petista tem 17% dos votos válidos, contra 12% do peemedebista. Com isso, configura-se a tendência de ultrapassagem por parte de Nilmário, que tinha 14% dos válidos contra 15% de Newton no levantamento de 27 de setembro.

Eles estão, porém, empatados tecnicamente, já que a margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais para mais ou para menos. O Datafolha ouviu 1.342 eleitores em 77 municípios.

Para definir o vencedor do pleito, a Justiça Eleitoral considera os votos válidos, e não o total de votos. Para calculá-los, o Datafolha exclui da amostra os eleitores que pretendem votar em branco ou anular os votos (4% neste levantamento). Os indecisos são distribuídos entre os candidatos, de acordo com a intenção de voto.
Pelo total de votos (que incluem os brancos, nulos e indecisos), para efeito de comparação, Aécio tem 55%, contra 15% de Nilmário e 11% de Newton. Oitenta e um por cento dos entrevistados disseram ter certeza de seu voto, contra 18% que podem mudá-lo.

Na eventualidade de um segundo turno, o tucano registra ampla vantagem sobre os concorrentes. Teria 65% contra 24% do petista e 71% contra 19% do vice-governador peemedebista.

Aécio e Nilmário, entre os três principais concorrentes, são os cujo eleitorado mais conhece seu número -algo essencial na hora do voto eletrônico. No caso do tucano, 53% acertaram o número do candidato, 2% erraram e 45% não sabiam. Com o petista, o acertos ocorreram em 51% dos casos, os erros em 3% e o desconhecimento, em 46%.

Newton tem indicadores piores: 27% de certos, 1% de errados e 72% de desconhecimento.

A rejeição a Aécio subiu de 7% para 12% de sexta passada para ontem, mas ainda assim é a menor entre nove concorrentes. O maior índice é de Newton, 45% contra 40% da pesquisa passada. Nilmário tem 17%, contra 14% do levantamento anterior.

Lançado candidato com a proposta de promover a unidade política em Minas Gerais, Aécio Neves tem ao seu lado 12 partidos, sendo nove oficialmente o apoiando e mais três (PDT, PPS e PTB) informalmente.


Ciro faz último comício apenas com a família
Criticado por seus aliados por ter dado poder em excesso a seus familiares na campanha, o candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, pôde contar apenas com eles em seu último comício, anteontem à noite, em Fortaleza.

Sinal do isolamento vivido pelo presidenciável, pela segunda vez, em menos de uma semana, Ciro participou de uma atividade de campanha sem a presença das lideranças nacionais que o apóiam.

Ausentes, os presidentes dos três partidos da Frente Trabalhista -PDT, PPS e PTB, Tasso Jereissati, padrinho político do candidato que praticamente rompeu com o PSDB para aderir à candidatura pepessista, e o vice da chapa, o sindicalista Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PTB).

Nem mesmo a família esteve completa, já que a ex-mulher do presidenciável, Patrícia Gomes (PPS), segundo a filha do casal, Lívia, estava em campanha pelo Senado em Juazeiro d o Norte.

Majoritariamente defensores de que Ciro desista da disputa em favor de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), PTB e PDT não enviaram sequer representantes, como já havia ocorrido no lançamento do programa de governo da candidatura na última sexta-feira.

Diante da ausência dos políticos, coube à filha do pepessista um dos dois discursos da noite. Antes dela e do ex-governador, foram concedidos alguns poucos minutos a candidatos da região.

Lívia, 18, agradeceu aos presentes pelo ""carinho" e pediu que não se deixassem render pelo ""modelo que está aí".

Rodeado pela mãe, pela mulher, pelos irmãos e pelos filhos, Ciro criticou Lula e José Serra (PSDB) e insistiu na tese de que o voto no PT representa protesto. Com um discurso que mesclou o catastrofismo à autovitimização, também apelou a Deus, pedindo que iluminasse a população até a eleição.

O presidenciável não demonstrou o ânimo de comícios anteriores. Assim como no primeiro evento do gênero da campanha, o ato foi seguido por um show da banda ""Asas de Águia".

O pepessista, entretanto, substituiu os passos de dança entusiasmados de julho por um leve balançar de pernas e aceitou cantar ao microfone apenas repetindo versos do vocalista.

Realizado em um reduto cirista na cidade, o Conjunto Ceará, na periferia de Fortaleza, o comício, anunciado como a ""arrancada para o segundo turno", teve cenas explícitas de empolgação da platéia. Aos gritos, mulheres pediam beijos ao candidato e à sua mulher, a atriz Patrícia Pillar.

Segundo os organizadores, 80 mil pessoas estiveram no local. Procurada, a Polícia Militar informou que não saberia dizer o número de presentes.


Artigos

O FMI e os búzios
Clóvis Rossi

SÃO PAULO - O economista Gustavo Maia, do Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), deu-se ao trabalho de fazer um levantamento que bem poderia ser chamado de "testes de desempenho das previsões do FMI", título, aliás, de um dos quadros que acompanham o texto.

Resultado: no período de 1989 a 2001, longo o suficiente, portanto, para evidências, digamos, científicas, o FMI errou uma de cada duas previsões que fez sobre o desempenho da economia da Alemanha e da economia dos Estados Unidos.

Maia mostra que o Fundo errou também no caso de outras três grandes economias: Canadá (33,3%), Reino Unido (25%) e Japão (25%).

Mas não são errinhos menores: no caso da Alemanha, por exemplo, o FMI previa, para 1993, um crescimento de mais de 2%. Houve queda de mais de 1%. Ou seja, o Fundo não acertou nem o sinal (+ ou -) a colocar antes dos números, o que dizer dos números propriamente ditos.

Nos 13 anos examinados pelo economista do Ipea, só em dois as previsões do FMI se encontraram com a vida real.

O texto de Gustavo Maia está no número de julho/agosto/setembro da revista "Insight Inteligência" (www. insightnet.com.br/inteligencia).

Como é que uma instituição capaz de errar tanto e tão seguidamente se anima a dizer qual deve ser o superávit fiscal (receitas menos despesas, fora pagamento de juros) que o Brasil deve observar para ser considerado virtuoso pelo Fundo?

Pior: o FMI ainda coloca duas casas depois da vírgula na porcentagem do PIB que deve ser economizada pelo governo para o pagamento dos juros (3,75% no acordo originalmente firmado com o governo FHC).

Se erra na previsão do PIB da Alemanha, bem mais estável e mais previsível, portanto, como vai saber, com certeza, qual será o PIB brasileiro a partir do qual economizar 3,75%? Jogar os búzios não seria mais, digamos, científico?


Colunistas

PAINEL

Serra agradece
O Planalto avisou a Radiobrás de que FHC deverá convocar uma rede nacional de rádio e TV na segunda-feira para parabenizar Lula (PT), caso o petista ganhe a eleição no primeiro turno.

Boca fechada
A cúpula do PT determinou aos dirigentes do partido que evitem dar entrevistas até 17h de domingo. Há o temor de que declarações infelizes possam atrapalhar Lula na reta de chegada.

A conferir
Bispos da CNBB dispararam, dias atrás, telefonemas para o PT. Questionavam sobre um suposto acordo de Lula com Edir Macedo. Eleito, o petista entregaria o Ministério das Comunicações para um indicado da Universal. O partido respondeu que não existe nada disso.

Últimas fichas
Nelson Biondi, marqueteiro de Serra, apostou com três amigos ("um pessimista e dois petistas') que haverá segundo turno.

No interior
O PSDB intensificará a boca-de-urna em cidades com menos de 50 mil habitantes, onde o sentimento anti-PT, segundo o comitê de Serra, é mais forte.

Sedas rasgadas
O PFL-BA incluiu na propaganda eleitoral elogios recíprocos de Lula e ACM durante debate sobre o Fundo de Combate à Pobreza, no ano passado. O candidato petista não protestou.

Mais um
O senador Carlos Wilson (PTB-PE) engordou ontem o coro dos que pedem a Ciro que desista de disputar a eleição presidencial em favor de Lula: "Insistir com essa candidatura só beneficia Serra, nosso inimigo".

Diversionismo
Brizola tentou articular a renúncia de Ciro para atenuar um pouco o fracasso de sua campanha ao Senado -está em quarto lugar. Se ele topasse desistir, o pedetista também abandonaria a eleição, denunciando o temor de fraude na votação eletrônica.

Muito barulho por nada
Quatro anos se passaram -surgiram Patrícia Pillar, ACM e o PTB- e Ciro voltou ao mesmo patamar de 98. Está com 11% dos votos válidos, segundo pesquisa do Datafolha. Na disputa passada, obteve 10,97%.

Democrata
Com a perspectiva de ganhar no primeiro turno, Aécio Neves (PSDB) pressionou a TV Globo a não realizar o debate entre os candidatos ao governo de MG.

Mensagem subliminar
O comando da campanha de Garotinho diz ter analisado detidamente as imagens de mulheres grávidas, na propaganda de anteontem de Lula, e entendido o que o marqueteiro Duda Mendonça quis dizer: o petista está esperando enfrentar "um garotinho" no segundo turno.

Opinião gabaritada
Um grande financiador de campanhas ficou perplexo. Por critério de contabilidade, quis doar direto para os partidos, que distribuiriam cotas aos políticos indicados por ele. Mas alguns candidatos reagiram. Um deles desabafou: "Eu não confio naqueles caras do partido...".

Olhos e ouvidos
A Embaixada dos EUA enviará funcionários para acompanhar as eleições nos 12 Estados mais importantes do país.

Promessa cumprida
Petistas do comitê de Lula já brincam com a possível vitória no primeiro turno. A piada é que ele será o primeiro beneficiado do "Projeto Segunda-Feira" de Serra. Começa a "trabalhar" como presidente eleito na segunda-feira, 7 de outubro.

Inflar o rival
Zeca do PT (MS) começou a pedir votos para Ramez Tebet (PMDB), aliado da adversária Marisa Serrano, como sua "segunda opção" ao Senado. O governador quer, com isso, segurar Pedro Pedrossian (PPB) e abrir espaço para seu candidato, Delcídio Amaral (PT).

TIROTEIO

Do marqueteiro Chico Santa Rita, sobre o PT colocar o compositor Chico Buarque no programa de TV de Lula:
- Se artista ganhasse eleição, Serra estaria em primeiro.

CONTRAPONTO

Ecos de campanha
Em discurso na semana passada no clube Pinheiros, em SP, José Serra (PSDB) lembrou-se da primeira vez que se candidatou a deputado federal, em 86. Ele calculava que tinha de obter, no mínimo, 60 mil votos para ser eleito. Torcedor apaixonado do Palmeiras, foi assistir a um jogo do clube no Pacaembu:
- Olhei o estádio lotado e pensei que seria quase impossível obter tudo aquilo de votos. Naquela época, o Pacaembu tinha lugar para 60 mil pessoas.
O presidente nacional do PSDB, José Aníbal, que estava ao lado de Serra, cochichou:
- Se fosse um jogo do Palmeiras atual, seria fácil conquistar o número de eleitores presentes porque ninguém quer ver um time tão ruim...
Rindo, Serra disse à platéia:
- Não é nada não, é o Zé Aníbal aqui me chateando.
O Palmeiras faz uma das piores campanhas da sua história.


Editorial

POLITIZAÇÃO DO CRIME

Na segunda-feira , no calor da paralisação, pelo temor de represália do crime organizado, de atividades de comércio e escolas no Rio de Janeiro, a governadora Benedita da Silva (PT) deixou no ar a suspeita de que a ação, a menos de uma semana do pleito de 6 de outubro, tinha "conotação política". Mas agora se sabe que a primeira e mais grave omissão, de conotação política, proveio da própria governadora: o seu governo deliberadamente sonegou ao público, naquele dia, a informação de que estava ciente de que criminosos pretendiam "parar tudo".

Gravações de conversas telefônicas feitas pelo Ministério Público fluminense atestam que um bandido, um tal de Marquinho Niterói, do presídio Bangu 1 avisava comparsas sobre um "protesto" que aconteceria como reação ao encarceramento mais duro de lideranças da facção criminosa Comando Vermelho. Avisava que "todas as firmas iam fechar" e que iam "dar blecaute na zona sul", região de classe média alta da capital.
As autoridades policiais do Rio e o próprio secretário de Segurança, Roberto Aguiar, reconhecem que sabiam de antemão da ameaça. E por que deixaram de informar a população sobre o fato assim que a paralisação aconteceu? Por que preferiram alimentar teorias conspiratórias?

Aguiar, depois de revelada a omissão, tentou defender-se dizendo que, apesar das gravações, ainda não está convencido de que a ação tenha sido deflagrada por ordem do tráfico. Mas o convencimento ou não do secretário não faz a menor diferença: ele omitiu a existência de um indício que dá força à hipótese de ação orquestrada pelo crime organizado. Tendo agido assim, contribuiu sobremaneira para que a hipótese da "conotação política", aventada pela governadora, ganhasse asas.

O governo de Benedita da Silva, do partido que por tanto tempo pregou a "transparência" e a "ética na política", cometeu uma grave omissão. O PT, que na cidade de São Paulo inventou a teoria do "segredo parlamentar" para propositalmente ocultar responsáveis por alterações no Plano Diretor, parece seguir firme na revisão de seus paradigmas.


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10/03/2002


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Tarso e Rigotto empatados