SOCIEDADE DEVE COBRAR ÉTICA DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO, DIZ PROFESSORA



Em palestra realizada nesta quinta-feira (dia 28) no Senado, a escritora e professora Theresa Catharina de Góes Campos recomendou a permanente cobrança, pela sociedade, de um comportamento ético dos meios de comunicação. Após traçar um histórico sobre ética e política na evolução das comunicações desde a pré-história até o momento atual, ela defendeu o fortalecimento do espírito crítico da população.
- A responsabilidade com a informação deve ser um compromisso dos jornalistas - afirmou Theresa Catharina na palestra que abriu o 1º Ciclo de Conferências do Museu do Senado. "Podemos cobrar da mídia a utilização de fontes de qualidade, que não levem à elaboração de notícias forjadas ou pela metade", sugeriu.
A professora recorreu a textos da Antigüidade Ocidental para demonstrar que a busca de um comportamento ético tem longa tradição. Os animais personagens das fábulas do grego Esopo, citou, já eram porta-vozes de denúncias sociais. E o teatro grego era encarado pelo Estado, naquela época, como meio de educação da população.
Durante a Idade Média, recordou a professora, coube aos monges copistas a tarefa de recuperar os textos da Antigüidade greco-romana, alguns deles até hoje encenados por diretores teatrais. Concluído o período do feudalismo, coube à Commedia Dll"Arte italiana a retomada da crítica social por meio de atores populares e textos anônimos. "Eles contribuíram para a reflexão crítica da sociedade", ressaltou Theresa Catharina.
A denúncia social, prosseguiu a professora, aprofundou-se com autores como Molière, no século XVII, e sua ácida crítica aos costumes da época. Mais tarde, o escritor Victor Hugo alterou a linguagem literária ao estender o que Theresa classificou de um "olhar caridoso" à população pobre da França. No Brasil, o Romantismo trazia à tona o tema da contribuição das populações indígenas à nacionalidade. "Foi um grande passo em termos de conscientização", observou.
Já no século XX, recordou Theresa, o teatro do absurdo aprofundou a discussão de temas sociais, com a utilização de situações aparentemente impossíveis mas de grande impacto sobre a platéia.

28/09/2000

Agência Senado


Artigos Relacionados


PROFESSORA DA ECA DEFENDE COMUNICAÇÃO PÚBLICA NA SOCIEDADE

Para Simon, sociedade civil deve cobrar soluções contra a violência

Aos 24 anos, diz Flávio Arns, PT deve reforçar canais de comunicação com a sociedade

Aprovado capital estrangeiro nos meios de comunicação

Romero Jucá aponta concentração de meios de comunicação

Especialistas discutem o papel dos meios de comunicação do Senado