Suassuna critica forma de fusão entre Varig e TAM



Em pronunciamento nesta segunda-feira (1º), o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) criticou a forma como está se dando a fusão das empresas aéreas Varig e TAM. Segundo ele, a nova empresa a ser criada terá 70% do mercado brasileiro, prejudicando a concorrência no setor.

Suassuna também criticou a celeridade em que caminha a fusão das duas empresas, afirmando que a negociação prejudica os acionistas da Varig, que receberão apenas 5% do capital da nova empresa. Para o senador, poderia ser feito um encontro de contas que traria um aporte significativo de capital para a Varig.

- Mas será que isso interessa à outra empresa? - questionou, perguntando por que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) do Ministério da Justiça ainda não se pronunciou sobre a questão.

Para Suassuna, a situação do mercado aéreo brasileiro deveria ser melhor estudada pelos parlamentares. O Brasil é um país continental, lembrou ele, motivo pelo qual o governo tem de manter uma aviação civil própria.

- Em uma crise na Amazônia, como vamos mandar os soldados para lá? Precisamos das companhias aéreas para isso - disse, acrescentando que a Aeronáutica não tem condição de atuar por ter somente 50 aeronaves em operação.

De acordo com o senador, há muitas soluções para a Varig, mas, para isso, é preciso que o governo -pense em fazer justiça a uma companhia que é a bandeira do Brasil lá fora-. Ele defendeu a redução, pelo governo, dos impostos cobrados das empresas aéreas.

Para Suassuna, a fusão das duas empresas pode salvá-las por algum tempo, mas o ambiente hostil por que passa o mercado aéreo não permite grandes esperanças.

- Nem Cristo poderá administrar sem fazer muitos milagres - afirmou, acusando o governo federal de -fazer de conta que não está vendo- a situação.

O parlamentar pediu que o Cade, o Senado Federal e o Ministério da Defesa se posicionem perante a questão. No mesmo discurso, ele apresentou ao Plenário estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), do Ministério do Planejamento, que apontou a má gestão como a principal responsável pela crise por que passam as empresas do setor, com prejuízos de R$ 214,5 milhões em 1999; R$ 76,3 milhões em 2000; R$ 311,8 milhões em 2001; e R$ 334 milhões apenas no primeiro semestre de 2002.



01/09/2003

Agência Senado


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