Suassuna nega participação em esquema revelado pela Operação Sanguessuga



 "Não conheço nenhuma Penha, não conheço o senhor Vedoim, não tenho negócios em Mato Grosso e não envergonharia o meu mandato e nem humilharia a Paraíba por nada neste mundo". O desabafo foi feito pelo senador Ney Suassuna (PMDB-PB) ao rechaçar nesta terça-feira (16), da tribuna do Plenário, seu envolvimento no esquema de desvio de recursos públicos destinados à compra de ambulâncias revelado pela Operação Sanguessuga da Polícia Federal.

Em depoimento ao Ministério Público e à Polícia Federal, a servidora do Ministério da Saúde Maria da Penha Lino acusou 170 parlamentares de participarem, direta ou indiretamente, do esquema. Ela disse que Ney Suassuna recebeu propina por meio do esquema, que já teria seis anos de duração e teria desviado mais de R$ 100 milhões dos cofres públicos. Darci Verdoim é dono da empresa Planan, que estaria vendendo as ambulâncias a preços superfaturados e teria repassado dinheiro a parlamentares.

Ney Suassuna explicou que somente duas cidades da Paraíba possuem um bom sistema de saúde, Campina Grande e João Pessoa, daí os constantes pedidos que os prefeitos fazem de ambulâncias. Ele informou que, em dois anos, conseguiu a liberação de recursos para a compra de 29 ambulâncias. Destas, 13 foram vendidas pela Planan. Das treze, onze foram repassadas a prefeituras de partidos que fazem oposição ao PMDB.

- Coloquei emendas de R$ 80 mil, que é o preço do carro. Estou aqui com duas tomadas de preço, uma feita no Distrito Federal e a outra na Paraíba. Nos dois casos, o veículo foi cotado por R$ 78.160,00. Esse é o valor do carro, sem contar que tem que colocar faróis, sirenes, maca e oxigênio para transformar em ambulância. As prefeituras da Paraíba compraram pelo preço justo. Esse mesmo carro foi comprado em outros estados por 160 mil reais - comparou Suassuna.

O senador pela Paraíba registrou ainda que, depois de apresentar a emenda, o parlamentar intercede junto ao Executivo para que o recurso seja liberado. Quando o pleito é atendido, a autorização é publicada no Diário Oficial da União e o crédito feito na conta do município. O prefeito compra a ambulância e o Ministério da Saúde fiscaliza para detectar se o preço foi compatível. Além do ministério, a prefeitura também é fiscalizada pelo Tribunal de Contas do Estado, pela Controladoria-Geral da União, pela Câmara Municipal e, em alguns casos, pelo Tribunal de Contas da União.

- O que um senador tem a ver com isso? - indagou Ney Suassuna.

Na avaliação do parlamentar, o Brasil está vivendo uma época de denuncismo vazio. Ele protestou que sequer foi ouvido antes das acusações ganharem espaço nos meios de comunicação. Suassuna colocou-se à disposição do Conselho de Ética e da Corregedoria do Senado para quaisquer esclarecimentos que se fizerem necessários.

16/05/2006

Agência Senado


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