SUASSUNA PEDE URGÊNCIA NAS AÇÕES DO GOVERNO PARA SOCORRER VÍTIMAS DA SECA
O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) pediu hoje (07), durante pronunciamento no plenário, rapidez nas ações do governo para ajudar as vítimas da seca e a ampliação do número de vagas nas frentes de trabalho da Paraíba. A situação é muito grave, frisou o senador, lembrando que a seca atinge sete estados do Nordeste e boa parte de Minas Gerais, podendo se agravar nos próximos dias.
- Os jornais de hoje desenham um mapa desesperador da seca, cujos contornos se expressam através de saques e invasões, que têm como personagens de um realismo dramático trabalhadores desempregados e lavradores que perderam suas lavouras e nada mais possuem, além da fome e do desespero - afirmou.
Suassuna discordou das afirmações do presidente Fernando Henrique Cardoso, que disse, durante visita ao Nordeste, que há comida e que a população quer trabalho e não esmola. "Discordo parcialmente desse diagnóstico. Onde os saques e invasões acontecem não existe comida para todos, faz tempo. Realmente, a população não quer esmolas, ela exige justiça social, ainda que tardia", disse.
A partir desse entendimento, acrescentou Suassuna, pode-se discutir exaustivamente o modelo de desenvolvimento brasileiro, que é excludente, e insistir na tese de que todo cidadão tem direito de participar da riqueza da nação. Mas o senador disse que seu objetivo é falar sobre sua "indignação profunda frente à lentidão das ações" para ajudar as vítimas da seca.
- Estamos assistindo à sociologia da desagregação. Proposições historicamente reputadas como demagógicas, como doação de cestas de alimentos e alistamento em frentes de trabalho, assumem hoje a conotação de ações emergenciais impostergáveis, premissas para a manutenção do precário equilíbrio sem o qual a paz social torna-se impossível - disse.
A expectativa do governo é de alistar 482 mil flagelados nas fileiras de trabalho nos próximos 30 dias, mas esse tempo é considerado muito longo pelo senador. A produção agrícola do Nordeste, que deveria ser de nove milhões de toneladas de grãos, será de apenas 3,83 milhões devido à seca. Por esse motivo, Suassuna disse que o governo não terá outra opção senão a de colocar todo o estoque estratégico de alimentos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) à disposição dos nordestinos.
Quanto à ampliação do número de vagas nas frentes de trabalho, o senador disse que foi solicitação da Cúria Diocesana de Cajazeiras, do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural de Tavares e da Câmara Municipal de Conceição, na Paraíba.
07/05/1998
Agência Senado
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