Suassuna pede valorização dos servidores públicos



O senador Ney Suassuna (PMDB-PB) pregou nesta quinta-feira (dia 28) em Plenário a adoção de uma política de valorização dos servidores públicos, atualmente sujeitos em sua maioria à instabilidade, à falta de qualificação e aos baixos salários. Desvalorizados, não conseguem atuar no atendimento às necessidades da população, enquanto os "príncipes do poder" e "superburocratas", na expressão do senador, manipulam verbas, contingenciam o orçamento e definem prioridades, segundo ótica que não seria a do povo brasileiro.

Suassuna citou como exemplo dessa distorção o não envio de cestas básicas e carros-pipa aos municípios da Paraíba atingidos pela seca, apesar da decisão do governo e da liberação de verbas.

- Para mim, deixar de levar abastecimento de água a populações sedentas, mais que ineficiência, é descaso, é menoscabo, é frieza, é impudência. E isso não podemos tolerar - afirmou.

O senador fez questão de explicar a natureza e o tom de suas críticas, uma vez que faz parte de um partido governista. Segundo ele, por mais compromisso que um parlamentar tenha com a governabilidade do país e o sucesso de políticas públicas, não pode se calar diante de fatos que lhe provoquem indignação. Ele distinguiu o apoio "genérico" que deve ao governo da postura independente que deve ter em defesa dos cidadãos que o elegeram.

Suassuna lamentou que um modelo de serviço público, bem-sucedido por décadas, tenha sido desmantelado, inicialmente pelo governo Collor e depois pelo governo Fernando Henrique, que congelou salários e o próprio funcionamento da máquina estatal. Para Suassuna, soa muito estranho que essa política de desarticulação tenha sido adotada em nome do ingresso do Brasil no Primeiro Mundo, quando países como os Estados Unidos e a França mantêm os seus serviços públicos com bons salários e bom equipamento.

Como mau exemplo brasileiro, o senador citou o salário de R$ 180,00 pago aos funcionários do porto e do aeroporto do Rio de Janeiro que trabalham na repressão ao contrabando. O senador também leu e-mail recebido de um professor universitário substituto que não consegue emprego, apesar de ter feito doutorado no exterior custeado com recursos públicos. Engenheiro agrônomo, lecionando na Universidade Federal de Viçosa, Mauro Antônio Homem Antunes calcula que o Estado já gastou R$ 450 mil em seus cursos de graduação e pós-graduação, mas não consegue aproveitar o capital intelectual que formou.

28/06/2001

Agência Senado


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