SUPLICY: BRASIL AINDA PODE SAIR DE ARMADILHA FINANCEIRA
"Ainda é tempo de o Brasil sair da armadilha financeira externa, montada a partir da combinação da abertura às importações com uma significativa e persistente sobrevalorização da taxa de câmbio", afirmou hoje (dia 13) o senador Eduardo Suplicy (PT-SP).Para que isso aconteça,o senador disse que " o país precisa voltar a praticar uma política cambial realista, que proporcione aos produtores domésticos condições de competir em condições eqüitativas com os concorrentes estrangeiros nos mercados externos e internos".
Segundo Eduardo Suplicy, o realismo cambial, juntamente com outras medidas de política comercial, tributária e creditícia, permitiria conciliar posições externas mais sustentáveis com taxas adequadas de crescimento econômico, capazes de contribuir para a geração de mais empregos e de empregos de melhor qualidade.
Na opinião do senador, o Brasil pode apresentar algum desequilíbrio na balança de pagamentos em conta-corrente, mas, é preciso que os recursos externos absorvidos se destinem ao financiamento do investimento, e não à ampliação da taxa de consumo, isto é, da relação entre o consumo agregado e o PIB.
- Essas são as condições que precisam ser atendidas para que um processo de endividamento externo possa ser benéfico para o desenvolvimento de uma economia de longo prazo - afirmou.
Eduardo Suplicy disse que outro desafio para o país é o de compatibilizar o esforço interno de poupança, que leve a maior taxa de investimento e, conseqüentemente, de crescimento de longo prazo da economia, com a efetiva distribuição da renda e da riqueza, com prioridade para a erradicação da miséria.
No caso do Brasil, o senador sugeriu a "realização mais enérgica" da reforma agrária, a expansão das experiências do orçamento participativo e do crédito popular, o estímulo às formas cooperativas de produção e, finalmente, a instituição de uma renda de cidadania. "Só com medidas dessa natureza é que se pode ter alguma esperança de que o desenvolvimento da América Latina e do Caribe se faça com justiça social e beneficie a maior parte da população", afirmou.
Eduardo Suplicy informou que esse foi o tema de palestra que ele proferiu no seminário "Deuda Externa y El Fin delMilenio", realizado entre 10 e 12 de julho, na Venezuela. Representando o Congresso brasileiro estiveram no encontro, além do senador, os deputados Franco Montoro e Augusto Viveiros,do PSDB, Aldo Rebelo, do PC do B, e Luiz Gonzaga Motta, do PMDB.14/07/1997
Agência Senado
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