Suplicy: Brasil pouco fez para corrigir efeitos da escravidão



O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) apresentou nesta terça-feira (20) dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que comprovam a exclusão a que ainda é submetida a população afro-descendente no Brasil, mais de 100 anos depois da Abolição da Escravidão. Segundo os estudos do Ipea, os negros representam 45% da população brasileira, mas correspondem a 64% dos pobres e a 69% dos indigentes. Os dados foram citados pelo senador por ocasião das comemorações do Dia da Consciência Negra, e para reforçar a necessidade de políticas de inclusão.

- O exame mais recente das desigualdades no Brasil, incluindo seus aspectos raciais, denotam com clareza que a sociedade e os governos pouco fizeram desde a abolição para corrigir os efeitos de mais de três séculos de escravidão. Creio que devemos romper nosso imobilismo e lutarmos para implantar uma sociedade mais justa, onde o racismo seja uma página virada de nossa história - disse Suplicy.

A figura de Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, cuja morte em 20 de novembro de 1695, inspira o Dia da Consciência Negra, deve servir de exemplo para a construção de uma sociedade livre, democrática e socialmente justa, afirmou o senador. Eduardo Suplicy salientou a organização de Palmares, que tornou-se uma comunidade multirracial igualitária.

- Os quilombos passaram a ser, a partir do século passado, identificados com os movimentos de esquerda no Brasil, porque eram formações com características socialistas - disse Suplicy.

Logo após o pronunciamento de Suplicy, o senador Waldeck Ornélas (PFL-BA) anunciou que fará, ainda esta semana, pronunciamento sobre o tema.

20/11/2001

Agência Senado


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