Suplicy considera Joaquim Nabuco um dos precursores da renda básica de cidadania
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse nesta quarta-feira (12) que considera Joaquim Nabuco um dos precursores da ideia de uma renda básica de cidadania. Suplicy afirmou que o grande avanço da humanidade no século 19 foi a abolição da escravatura; no século 20, o sufrágio universal; e no século 21 será a instituição da renda básica, de forma que toda e qualquer pessoa possa participar da riqueza da nação.
Suplicy leu trecho do seu livro, Renda de Cidadania, em que explica porque vê em Joaquim Nabuco um precursor da proposta de instituição da renda básica. O senador lembrou que o matemático, astrônomo, botânico, geólogo e poeta negro André Rebouças, o deputado Joaquim Nabuco e José do Patrocínio fundaram a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão.
- Joaquim Nabuco foi um excelente tribuno e escritor. Deixou a carreira diplomática para se dedicar à política. No Parlamento, tornou-se o Advogado dos Escravos, perdendo, por esse motivo, o apoio de seu partido. Junto a um grupo de dez parlamentares, tentava sempre manter os debates sobre o fim da escravidão. Nas eleições seguintes, todo o grupo de Nabuco ficou de fora e o governo garantiu para si o apoio de uma legislatura solidamente contrária à emancipação - assinalou.
O senador disse que, em seguida, Nabuco viajou para Londres, onde viveu uma espécie de exílio e escreveu o livro Abolicionismo. Ao retornar, Nabuco encontrou as antigas organizações de defesa dos escravos transformadas em instituições políticas fundidas numa Confederação. Segundo Suplicy, essas instituições funcionavam como centro ativo de propaganda, com o lema: "A escravidão é um roubo". Além disso, a Confederação angariava recursos para a compra de alforria de escravos, dava cobertura aos fugitivos e até mesmo promovia a fuga de escravos.
- Nabuco foi capaz de um grande gesto de sabedoria política. Visitou o Papa em Roma e conseguiu que lhe desse um escrito contra a escravidão, o que deixou os proprietários católicos, em sua maioria, arrefecidos. A própria princesa Isabel teria sido influenciada pelas palavras do Papa ao assinar a lei que passou a se chamar de Áurea - recordou.
Suplicy disse que homens como Nabuco consolidaram no Brasil uma tradição de luta e lamentou que ainda hoje seja possível encontrar em muitos lugares do país pessoas que vivem em condições similares a da escravidão.
12/05/2010
Agência Senado
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