Suplicy defende direito ao protesto e aposentado é liberado



O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) defendeu em Plenário nesta segunda-feira (18) o direito à livre manifestação e pediu que o aposentado William Carvalho, que havia sido detido pela Polícia do Legislativa do Senado, fosse libertado, caso não tivesse realmente causado nenhum mal dentro das dependências da Casa. Carvalho, 61, se acorrentou diante do gabinete da Presidência do Senado em protesto contra o reajuste de 91% do salário dos parlamentares.

- Isto é um absurdo, será que ninguém está vendo isto? - questionou William Carvalho, enquanto agentes da segurança pediam que ele se retirasse. Como ele não atendeu, os agentes cortaram a corrente e o levaram até a sala da Secretaria de Polícia do Senado.

Carvalho disse que fazia um protesto pacífico.

- Alguém está louco e não sou eu. Vim chamar os senhores deputados à razão antes que comecem a jogar bomba no Congresso. É um absurdo o que está acontecendo aqui. É o parlamento mais caro do mundo inteiro - salientou.

Após a interferência de Suplicy, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), na presidência dos trabalhos, concordou que Carvalho deveria ser liberado, depois de prestar depoimento, caso seu ato tivesse apenas intuito de protesto. O aposentado foi liberado em seguida, e falou à imprensa.

- Faço uma conclamação aos homens sérios do Senado e da Câmara. Eles não podem ficar divorciados da nação. Estão cuspindo na nossa cabeça, para não dizer coisa pior - afirmou William Carvalho, que disse que mal tem dormido desde a semana passada, quando os parlamentares decidiram pelo reajuste.

Para ele, "um aumento nessa proporção não tem o mínimo sentido". Ele observou que, com os recursos que serão empregados nos subsídios de deputados e senadores, seria possível, por exemplo, assentar mais de 20 mil famílias e resolver problemas nas estradas do país.

- Nos venderam, durante as eleições, a idéia de que nós éramos os patrões. No entanto, o aumento foi dado sem se falar com o patrão. E escolheram o melhor momento: agora, no final do ano, com as festas chegando. As pessoas se esquecem - protestou.

Carvalho pediu aos parlamentares que "tenham consciência, ponham o ouvido no chão e escutem o sentimento profundo da nação brasileira".

William Carvalho é cientista político aposentado pelo Instituto de Políticas Econômicas Aplicadas (IPEA).



18/12/2006

Agência Senado


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