Suplicy diz que Lula discutirá demissões com presidente da Embraer



O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) informou ao Plenário, nesta quinta-feira (5), que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrará em contato com o presidente da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), Frederico Fleury Curado, para discutir a demissão dos 4.200 trabalhadores da empresa, efetivada no dia 19 de fevereiro último. Segundo Suplicy, a notícia foi comunicada ao presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Adilson dos Santos, pelo chefe da Secretaria Geral da Presidência da república, ministro Luiz Dulci. O senador ressaltou que o presidente Lula está pessoalmente empenhando em encontrar uma saída para o impasse que envolve a Embraer e seus funcionários.

Suplicy relatou que em seus quase 40 anos, a Embraer já produziu 4.995 aviões, que hoje operam em 68 países, nos cinco continentes. A empresa foi a maior exportadora brasileira entre os anos de 1999 e 2001 e a segunda maior empresa exportadora nos anos de 2002, 2003 e 2004. Tendo batido, pelo segundo ano consecutivo, o recorde na entrega de aeronaves, chegando a 204 jatos em dezembro - uma alta de 20% sobre os 169 jatos do ano anterior. O valor dos pedidos firmes em carteira atingiu US$ 20,9 bilhões em 31 de dezembro de 2008, um acréscimo de 11,12% em relação ao período anterior.

O senador observou, no entanto, que, apesar de todos esses números positivos, a Embraer teve que rever suas estimativas para 2009, impactada pela crise financeira internacional. A previsão de entrega de 279 aeronaves caiu para 242, com a respectiva redução da receita e redução de seus investimentos em US$ 100 milhões, neste ano.

A maneira que a empresa encontrou para fazer frente à crise, segundo Suplicy, foi a demissão de funcionários, sem negociação com os trabalhadores. O senador ressaltou que, além de tudo, a empresa não considerou os bons resultados obtidos ao longo dos últimos anos.

- Como tem dito o presidente Lula, avalio que as empresas que ao longo das últimas décadas apresentaram resultados positivos, têm de negociar com seus funcionários os rumos dos negócios e formas alternativas de garantir os empregos em suas unidades face a um novo cenário econômico mundial - defendeu Suplicy.

O senador relatou ainda que nesta quinta-feira foi realizada uma reunião de conciliação entre os trabalhadores da Embraer e representantes da empresa, em Campinas. Na falta de entendimento, foi marcada uma nova audiência para o próximo dia 13. Até lá, as demissões estão suspensas temporariamente, por determinação judicial.

- Quero ressaltar que esse episódio da Embraer é de enorme relevância, porque sinaliza para a situação que acontece com as empresas em dificuldades em todo o país - disse Suplicy. - Caso se consiga chegar a um melhor entendimento na Embraer, isso será como que um farol para que outras empresas possam dialogar com os seus trabalhadores, os seus sindicatos visando um bom entendimento.

Osíris Lopes Filho

O senador Eduardo Suplicy pediu que fosse inserido em ata o voto de pesar pelo falecimento do advogado, professor e tributarista Osíris de Azevedo Lopes Filho, que foi secretário da Receita Federal entre 1993 e 1994. Suplicy lembrou que Osíris Lopes considerava que o excesso de tributos, seu emaranhado e a carga fiscal elevada empurram as empresas para a ilegalidade. O senador leu em Plenário um artigo do tributarista, no qual ele explica que a elevada carga tributária que incide sobre as empresas é transferida aos preços de seus produtos, terminando por penalizar exatamente as pessoas mais pobres.

- À esposa, filho, nora e netos de Osíris de Azevedo Lopes Filho deixo minhas condolências e saudades desse grande brasileiro, concluiu Suplicy.

Renda Mínima

O senador Eduardo Suplicy também relatou sua participação no 7º Congresso da Rede Norte-Americana da Renda Básica, realizado na cidade Nova York, nos Estados Unidos entre os dias 27 de fevereiro e 1º de março. Suplicy leu em Plenário a carta que os participantes enviaram ao novo presidente americano, Barack Obama, defendendo a implantação de um programa de renda mínima naquele país, como forma de conter a crise financeira. Ele ressaltou que uma medida desse tipo custaria US$ 1 trilhão aos cofres públicos americanos, uma quantia, a seu ver, relativamente baixa para garantir o rumo da economia, quando já foram injetados US$ 3 trilhões no setor financeiro, sem que se pudesse ainda identificar os impactos positivos de tal medida.



05/03/2009

Agência Senado


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