Suplicy e Demóstenes debatem sobre refúgio político concedido a Cesare Battisti
A reunião preparatória para a escolha dos membros da mesa foi encerrada, nesta quarta-feira (4), em meio a uma discussão entre os senadores Demóstenes Torres (DEM-GO) e Eduardo Suplicy (PT-SP), sobre a decisão do ministro da Justiça, Tarso Genro, de conceder refúgio ao italiano Cesare Battisti, condenado à prisão perpétua na Itália por quatro homicídios.
Suplicy leu em Plenário carta enviada por Fred Vargas, segundo ele "uma das maiores escritoras francesas", ao Parlamento da União Européia. Esse Parlamento, informou Suplicy, deliberará, nesta quinta-feira (5), por solicitação do governo italiano, sobre a decisão do ministro da Justiça brasileiro, Tarso Genro, de conceder a condição de refugiado político a Cesare Battisti.
Suplicy traduziu para o Plenário a carta da francesa. Ela informa que Battisti foi primeiramente condenado a doze anos de prisão por subversão e porte de armas, crimes que não nega. A escritora, de acordo com Suplicy, argumenta que, em um segundo processo, que tramitou de 1982 a 1993, "Cesare Battisti estava ausente e não teve conhecimento nem direito a uma defesa normal". Ela acrescenta que os acusadores de Battisti "se beneficiaram de redução da sua pena em troca de suas acusações".
Demóstenes então pediu a palavra e disse que o refúgio concedido a Battisti foi resultado de "uma conjuração petista a favor da sua concessão de refugiado, capitaneado por uma figura altamente duvidosa, que é o senhor (ex-deputado federal pelo PT-SP Luiz Eduardo) Greenhalgh, advogado que tem se notabilizado por estar enfiado em diversas confusões, principalmente em corrupção".
Antes de prometer voltar à tribuna para falar sobre o assunto, Demóstenes disse que "o Brasil está se tornando um local para que aqueles delinquentes que cometeram crimes de sangue possam pedir aqui no Brasil asilo, possam se estabelecer na condição de refugiados". Citou Olivério Medina, que segundo ele, se apresenta no Brasil como embaixador informal das Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (Farc), "movimento narcoguerrilheiro que fez milhares de vítimas e que merece a repulsa do mundo todo".
Demóstenes lembrou que Battisti foi condenado pela Justiça da Itália, um país democrático, e depois também na França. Suplicy tentou aparteá-lo para contestar as informações, mas Demóstenes negou o aparte, com a alegação que a reunião preparatória não permitia o debate, já que o Regimento Interno determina que essa reunião é destinada apenas à eleição do Membros da Mesa, e iniciou-se um bate-boca entre os dois. O senador Mão Santa (PMDB-PI), que presidia a sessão, desligou então os microfones, sugeriu que ambos os debatedores se inscrevessem para falar na sessão do dia seguinte, e encerrou os trabalhos.
04/02/2009
Agência Senado
Artigos Relacionados
Suplicy lê parecer a favor do refúgio concedido ao italiano Cesare Battisti
CRE vai ouvir Tarso Genro sobre refúgio concedido a Cesare Battisti
João Pedro defende decisão do governo brasileiro de conceder refúgio político a Cesare Battisti
Suplicy quer asilo político para Cesare Battisti
Suplicy anuncia carta ao presidente Lula em defesa do asilo político para Cesare Battisti
Demóstenes contesta Suplicy: Cesare Battisti assassinou e o Brasil não pode rever uma decisão da Justiça italiana