Suplicy lembra os 50 anos do método de alfabetização de Paulo Freire
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) lembrou, nesta terça-feira (2), os 50 anos de formação da primeira turma de alfabetizados pelo método idealizado pelo educador Paulo Freire. O senador contou que há 50 anos, no município de Angicos, no Rio Grande do Norte, ocorreu a formatura da primeira turma de adultos alfabetizados por Paulo Freire e sua equipe de monitores do Departamento de Extensões Culturais da Universidade Federal do Recife. Era uma iniciativa pioneira de combate ao analfabetismo. A história é relatada no livro Paulo Freire - Uma história de vida, de Ana Maria Araújo Freire, publicado em 2005 pela Editora Villa das Letras.
De acordo com o relato da escritora, o método criado pelo professor Paulo Freire consistia de três etapas: investigação, tematização e problematização. Dezessete palavras que tinham a ver com o cotidiano da população de Angico – como belota, milho, expresso, xique-xique, voto, povo, sapato – foram escolhidas para dar início ao processo de alfabetização. A partir daí foram feitas fichas coloridas com as palavras e com situações do dia-a-dia do grupo que eram projetadas aos alunos.
A primeira turma, lembrou o senador, foi formada por 300 pessoas, entre domésticas, operários, agricultores, artesãos, serventes de pedreiro, comerciantes, motoristas, lavadeiras de roupa, mecânicos. Nesta terça, em Angicos, haverá comemoração, com palestras sobre Paulo Freire apresentação cultural, mesa redonda e lançamento da Revista de Informação do Semiarido. Ainda em homenagem ao aos 50 anos da primeira turma formada pelo método de Freire, o governo do Rio Grande do Norte decretou que 2013 será considerado o Ano Paulo Freire da Educação do Rio Grande do Norte.
Suplicy explicou que, segundo o próprio Freire, seu método de alfabetização se baseava na compreensão crítica da palavra. Aprender a ler não era apenas uma questão técnico-metodológica, mas a capacidade de conhecer, associada à curiosidade em torno do objeto. Citando Frei Betto, o senador afirmou que, ao longo das últimas quatro décadas, os alunos de Freire foram emergindo “da passividade à militância”. Convencidos de que são igualmente capazes, foram progressivamente ocupando espaços na vida política brasileira, como militantes de movimentos e partidos populares.
- Sua pedagogia, professor, permitiu que os pobres se tornassem sujeitos políticos. Até então, o protagonismo dos pobres tendia ao corporativismo ou não passava de revoltas desprovidas de um projeto político abrangente. Assim, eles só se destacavam como figuras de retórica no vocabulário da esquerda. Graças às suas obras, professor, descobriu-se que os pobres têm uma pedagogia própria. Eles não produzem discursos abstratos, mas plásticos, ricos em metáforas. Não moldam conceitos; contam fatos. Foi o senhor que nos fez entender que ninguém é mais culto do que outro por ter frequentado a universidade. O que existe são culturas paralelas, distintas, e socialmente complementares – disse Suplicy, ainda citando Frei Betto.
Para o senador, foram as ideias de Freire que permitiram a Lula, um metalúrgico, chegar à Presidência do país.
02/04/2013
Agência Senado
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