Suplicy lembra última entrevista dada por Euclides da Cunha



Em pronunciamento nesta terça-feira (18), durante sessão em memória de Euclides da Cunha, pela passagem dos cem anos de sua morte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) destacou trechos da ultima entrevista do escritor, nascido em Cantagalo (RJ), que se tornou famoso internacionalmente pela obra Os Sertões, que retrata a Guerra de Canudos.

A entrevista foi concedida ao escritor e também jornalista Viriato Corrêa no dia 15 de agosto de 1909, mesma data da morte de Euclides da Cunha, que faleceu após confronto com o jovem amante de sua esposa, o tenente Dilermando de Assis, que reagiu em legítima defesa. O encontro com o autor de Os Sertões, relatado por Viriato Corrêa após a tragédia, encontra-se publicado no livro Escritos de Euclides da Cunha: Política, Ecopolítica e Etnopolítica.

No texto, citado por Suplicy, o jornalista descreve Euclides da Cunha como um homem simples e modesto que nunca se "assentou", tendo em vista as suas inúmeras atividades, dentre elas a de engenheiro, que o obrigava "a uma vida nômade, uma hora aqui, outra onde o diabo perdeu as botas, sempre carregado de trabalho, trabalhando noites além, um dia no costado de um cavalo, percorrendo sertões, outro medindo terras, outros suando, entre o fragor dos martelos, numa ponte que se constrói, um horror".

Suplicy disse que a magnitude de Os Sertões também foi bem definida pelo ator e diretor José Celso Martinez Corrêa, que no último dia 14 participou de um dos debates do ciclo Euclides da Cunha 360º, promovido pelo jornal O Estado de São Paulo. Em 2007, o diretor também promoveu uma serie de apresentações de Os Sertões em Quixeramobim e na própria cidade de Canudos.

- Para Zé Celso, Os Sertões é como um poema ilimitado, além de ser uma espécie de universidade, que forma o leitor - afirmou Suplicy.

Em texto sobre Euclides da Cunha encaminhado ao senador e lido em Plenário por Suplicy, José Celso Martinez Corrêa registra que o autor de Os Sertões foi "sacrificado tragicamente por razões opostas à de Antônio Maciel, o Conselheiro" (líder de Canudos), mas que ambos, entretanto, foram "vítimas do mesmo velho direito romano de propriedade". E que sua "condição de humano, demasiado humano, paradoxalmente não rimou com seu Poeta, seu Outro, este sim o Vitorioso, um dos maiores poetas imortais do Planeta Terra, que amou como quem ama uma mulher."



18/08/2009

Agência Senado


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