SUPLICY QUER POLÍTICA DE PROTEÇÃO AO EMPREGO



Preocupado com a taxa de desemprego de 16,5% calculada em São Paulo, em outubro, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) defendeu hoje (dia 5) a necessidade de o governo reexaminar a política macroeconômica de forma a reorientá-la no sentido de proteger os empregos dos brasileiros. Essa mesma taxa levantada pela Fundação Seade e pelo Dieese foi questionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, que "socorreu-se dos dados apresentados pelo IBGE", indicando desemprego de 6%, ao invés de tomar providências para enfrentar os problemas, enfatizou o senador.

- A impressão que o presidente passa é a de que não considera o desemprego uma questão grave. O que observamos é que as forças que sobre ele mais influem o tornam incapaz de tomar medidas para impedir o seu agravamento. Não cabe ao presidente levantar, de forma ligeira, dúvidas sobre a qualidade e até a seriedade de entidades que têm tradição na coleta de dados - afirmou.

Uma das reclamações do presidente, ressaltou Suplicy, foi a de os institutos de pesquisa mencionados terem considerado os menores de 10 a 14 anos, que estão procurando e não encontram emprego no mercado de trabalho, em seus levantamentos. Suplicy considera relevante a inclusão dessa parcela da população e disse que, mesmo sendo ela excluída, a taxa de desemprego em outubro ainda seria muito elevada, equivalente a 16,1%.

Eduardo Suplicy lembrou que o problema do desemprego não se restringe a São Paulo, observando que, em outras regiões metropolitanas, levantamentos semelhantes também apontam para taxas significativamente altas. O senador alertou para o fato de que os dados divulgados pela Fundação Seade e pelo Dieese ainda não refletem os efeitos da crise mais grave resultante das medidas emergenciais tomadaspelo governo em novembro.

- No mínimo, o governo teria que estar apresentando medidas que pudessem aliviar o sofrimento imposto pelas medidas fiscais e monetárias recentes. Caso contrário, ficará cada vez mais claro que para este governo são só os bancos e os mercados financeiros que merecem medidas de socorro e auxílio em momentos de emergência - ressaltou o senador, convidando todos os parlamentares a solidarizarem-se com os trabalhadores da CUT e de outras organizações que hoje (dia 05), em São Paulo, realizam uma passeata pelo emprego.

Em aparte, o senador Bello Parga (PFL-MA) lamentou não poder ir a São Paulo para "conferir se a situação realmente é essa". Ele afirmou que a taxa de desemprego naquele estado deve-se à desconcentração industrial, e que portanto não pode ser projetada para todo país, como se fosse uma realidade nacional.

Também aparteando, o senador Ramez Tebet (PMDB-MS) concordou com as inquietações do senador Eduardo Suplicy quanto ao desemprego e disse que esse problema deveria ser "a grande preocupação do governo". Tebet aproveitou para defender uma política setorial para fixar o homem no campo. "Está na hora de todos olharmos para o interior, porque ali está a solução", afirmou.



05/12/1997

Agência Senado


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