SUPLICY QUER QUE TSE APURE POSSÍVEL CRIME ELEITORAL NA CONVENÇÃO DO PMDB
Através de representação encaminhada à Corregedoria-Geral do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) solicitou hoje (dia 10) a apuração das alegações de que teria havido crime eleitoral na Convenção do PMDB realizada nesse domingo (dia 8).
- Os jornais de ontem (dia 9) e de hoje trazem reportagens, incluindo entrevista do ex-presidente Itamar Franco, que denunciam a concessão de cargos e a liberação de verbas em troca de votos que beneficiam a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso - justificou.
Na opinião de Suplicy, "há vitórias ignominiosas", que envergonham o vencedor, e este é o caso da vitória dos governistas, contrários ao lançamento de candidatura partidária própria, pois "a convenção mostrou um PMDB dividido e seduzido por promessas do conhecido jogo do toma-lá-dá-cá". Quanto ao governo FHC, o senador considerou que esta não é a primeira vez que ele protege amigos e alicia indecisos rateando cargos e encabeçando todo tipo de negociação com vistas a alcançar seus objetivos.
Ele deu o exemplo da votação da quebra dos monopólios, em agosto de 1995, do escândalo da compra de votos para aprovar a emenda constitucional da reeleição, em junho de 1997, e da votação das reformas previdenciária e administrativa e da própria lei eleitoral.
Para o senador, o "é dando que se recebe" implodiu pela segunda vez o PMDB. Nas duas vezes, os números que trouxeram à luz a divisão partidária foram praticamente os mesmos, acrescentou: na primeira, em 1988, por ocasião da votação dos cinco anos de mandato presidencial, 42,3% votaram por um mandato de quatro anos e, insatisfeitos, fundaram o PSDB; agora, na convenção de domingo, 43,8% votaram pelo lançamento de candidatura própria.
Conforme Suplicy, em 22 de junho de 1988, em discurso pronunciado no plenário do Senado em que anunciou seu desligamento do PMDB, Fernando Henrique Cardoso fez a seguinte avaliação sobre o partido: "O PMDB não foi capaz de refazer seus objetivos. Por motivos que não cabe discutir hoje, neste processo lento de democratização o Moloc estatal tragou o partido. Os interesses administrativos, as conexões econômicas e os interesses eleitorais minaram o PMDB, tornando-o, cada vez mais, o grande cartório cujo carimbo é condição indispensável para o exercício do poder".
10/03/1998
Agência Senado
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