SUPLICY VÊ POLÍTICA MONETÁRIA DAR SINAIS DE QUE VAI "CAMINHAR EM DIREÇÃO MAIS SAUDÁVEL"



Para o senador Eduardo Suplicy (PT-SP), o primeiro sinal emitido pelo governo federal após a mudança na presidência do Banco Central (BC) mostra que a política monetária "está caminhando em uma direção mais saudável". O novo presidente do BC, Francisco Lopes, já assume com novas bandas cambiais: o dólar variará entre R$ 1,20 e R$ 1,32. O senador destacou que a margem para essa variação, antes limitada a 0,6%, passa agora para 5%.O parlamentar ainda aguarda, no entanto, novos sinais que confirmem a intenção de Francisco Lopes de alterar as diretrizes que vinham sendo mantidas por seu antecessor, Gustavo Franco.Segundo o senador, o governo federal armou para si próprio uma armadilha, quando decidiu manter o real valorizado em relação a outras moedas fortes por um período muito longo. Com isso, as importações cresceram mais que as exportações, o que acarretou um desequilíbrio na balança comercial, agravando o déficit em conta corrente. Para equilibrar esse rombo, o governo optou por manter as taxas de juros "a níveis excepcionalmente altos, tentando atrair capital de curtíssimo prazo e de natureza especulativa".Suplicy ressaltou que não faltaram alertas para que o governo percebesse tal armadilha. Segundo ele, "economistas do mais largo espectro", como os deputados Antonio Delfim Netto (PPB-SP) e Maria da Conceição Tavares (PT-SP), já haviam salientado os perigos da sobrevalorização da moeda, mas a posição de Gustavo Franco era sempre pela manutenção da política cambial.O parlamentar descartou a possibilidade de que a grande evasão de divisas vista na última terça-feira (12) - quando cerca de US$ 1 bilhão saíram do país - tenha sido conseqüência da moratória decretada pelo governador de Minas Gerais, Itamar Franco. Para ele, foram as altas taxas de juros que levaram os governos estaduais a uma crescente dificuldade para equilibrar seus orçamentos. Lembrou que o governador de São Paulo, Mário Covas, já manifestara, em seu discurso de posse, sua discordância com relação à política de juros altos, reforçada pelos governadores que apóiam o governo reunidos terça-feira em São Luiz (MA).- Não foi o governador Itamar Franco o responsável pela saída de recursos. Isto aconteceu em decorrência da política econômica do governo, que precisava de uma correção extremamente severa - afirmou Suplicy.O senador espera que o presidente da República esteja realmente aberto a uma correção da política econômica. Lembrou o discurso de posse de Fernando Henrique Cardoso em seu primeiro mandato, quando prometeu erradicar a miséria e a fome e promover o crescimento e a oferta de empregos. Lamentou que mães de família, grávidas e com quatro filhos para criar, hoje queiram se jogar de prédios em decorrência do desemprego, como ocorreu na última segunda-feira em São Paulo.Por duas vezes, em seu discurso, Suplicy conclamou os senadores integrantes da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) a aprovar requerimento formulado por ele e pelo senador Jefferson Peres (PSDB-AM) para que os governadores venham ao Senado discutir as dívidas estaduais.

13/01/1999

Agência Senado


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