Suspensa votação de projeto sobre gratuidade de exame de DNA para carentes



A discussão em turno único do projeto da Câmara que garante a realização de exame de DNA gratuito para pessoas de baixa renda foi suspensa, nesta quarta-feira (dia 14), em função de requerimento do líder do governo, senador Artur da Távola (PSDB-RJ), solicitando a apreciação prévia da matéria pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). O pleito do senador tucano gerou divergências entre parlamentares governistas e oposicionistas, o que levou ao adiamento, acordado entre os líderes partidárias, da votação do requerimento para a próxima terça-feira (dia 20).

Quem primeiro se declarou contrária à solicitação de Artur da Távola, interessado na avaliação do impacto financeiro da medida, foi a senadora Heloísa Helena (PT-AL). "Se o Estado pode pagar R$ 4 mil para um frasco de remédio usado no tratamento de leucemia, porque não pode arcar com R$ 700 por uma exame de DNA para o pobre?", questionou, salientando que não cabe à CAE se pronunciar sobre as condições de o governo custear o benefício aos carentes.

Também se manifestaram contrariamente ao requerimento os senadores Marina Silva (PT-AC) e Antonio Carlos Valadares (PSB-SE). Para Marina, a aprovação da medida vai permitir a cobrança de assistência financeira do pai ausente ou desconhecido, além de garantir a privacidade e dignidade dos menores. Já Valadares acusou o governo de sempre tentar atrasar a adoção de medidas de caráter social defendidas pela oposição.

O senador Romero Jucá (PSDB-RR) saiu em defesa de Artur da Távola, afirmando que o governo não é contra a gratuidade do exame de DNA. "O que queremos é uma lei específica que defina o custo do exame e de que forma será pago", explicou. Embora sensível ao mérito do projeto, o senador Bello Parga concordou que a CAE dimensione seu impacto financeiro e advertiu que a concessão do benefício depende de decisão da Justiça.

Autor de parecer favorável à matéria na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), o senador Sebastião Rocha (PDT-AP) também havia apresentado requerimento propondo seu reexame pela CCJ. Segundo explicou, sua intenção era que a comissão decidisse sobre quem arcaria com o custo do exame declarado gratuito, ponto que estaria em aberto no projeto. "Esse projeto propõe a isenção do pagamento do exame para pessoas carentes, e não que o governo arque com o seu custo", esclareceu, resolvendo, de última hora, retirá-lo de pauta.

14/11/2001

Agência Senado


Artigos Relacionados


Senado aprova projeto que garante a gratuidade do exame de DNA

Senado vota projeto que torna gratuito exame de DNA para pessoas carentes

Demóstenes pede apoio dos líderes para votação do projeto sobre exame criminológico

Cartórios serão obrigados a dar destaque para a gratuidade de certidões a pessoas carentes

Plenário vota projeto que torna gratuito a pessoas carentes exame de DNA

Adiada votação de projeto que prevê gratuidade de água para família que consumir cota mínima