TÁPIAS PREGA REESTRUTURAÇÃO DO ESTADO E SENADORES PEDEM MAIS INVESTIMENTOS



O governo brasileiro somente voltará a investir e a promover o desenvolvimento após a aprovação, pelo Congresso Nacional, das reformas destinadas a restruturar o Estado e fazer com que os investidores, principalmente os estrangeiros, possam aplicar os seus recursos num país que fez o dever de casa e conquistou a confiança do mercado, disse o ministro do Desenvolvinmento, Indústria e Comércio, Alcides Tápias. Ele participou de audiência pública nesta terça-feira (dia 19), na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.
O ministro fez essas afirmações em resposta a pergunta do senador Agnelo Alves (PMDB-RN), que se mostrou preocupado com a falta de investimentos do governo em setores que geram emprego e renda, como o de obras públicas. "Não entendo como o país se transformou apenas num Estado pagador e deixou de investir, como ocorria no período JK e governos militares", afirmou o senador, ao cobrar medidas destinadas a gerar mais empregos.
Alcides Tápias afirmou que o processo de desenvolvimento registrado naqueles governos foi feito em cima de uma política monetária sem lastro. "Daí resultou a inflação nos anos seguintes", observou o ministro. Com relação ao desemprego, Tápias revelou que o problema não é apenas brasileiro. Na Europa, conforme frisou, existem altas taxas de desemprego que são atribuídas às modernas tecnologiais.
Já o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) solicitou informações do presidente do BNDES, Andrea Calabi, sobre a operação de empréstimo para a instalação da Ford em Salvador, orçada em torno de R$ 700 milhões. Calabi respondeu que o BNDES ainda não tomou qualquer decisão sobre o assunto, mas disse que o empréstimo deverá ser aprovado em breve. Segundo ele, os recursos a serem aplicados serão da ordem de R$ 500 milhões.
Suplicy também cobrou do BNDES maior transparência na aplicação dos recursos e se mostrou apreensivo com a iminentte fusão das empresas comerciais de aviação que operam no país. "A fusão será saudável tanto para as empresas quanto para os passageiros?", indagou o senador. Calabi garantiu que o BNDES sempre tornou públicas as suas atividades, e com relação à fusão das empresas de aviação disse não ser atribuição do banco entrar no mérito da questão, cabendo ao Cade dar a palavra final.
Apoio aos micro, pequenos e médios empresários, simplificação tributária, fortalecimento das empresas e menores taxas de juros foram solicitados pelo senador José Alencar (PMDB-MG) ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Em resposta, Tápias salientou que é função do seu ministério, bem como do BNDES, fortalecer e pretigiar as empresas nacionais.
O ministro lembrou que a simplificação tributária já está em curso através de um projeto a ser apreciado pelo Congresso e disse que, com relação ao fortalecimento das empresas, o caminho é a chamada cultura de exportação. "É necessário diversificar a nossa pauta de exportação e criar facilidades para o empresariado entrar no mercado externo", acrescentou Tápias.
O senador Romero Jucá (PSDB-RR) pediu ao presidente do BNDES maior aplicação de recursos na agroindústria. Calabi informou que no ano passado os recursos aplicados foram de R$ 2,17 bilhões, o que, segundo ele, "demonstra que o governo vem canalizando recursos para o setor".
Ao responder a uma indagação de Romero Jucá, o ministro afirmou que a fusão de empresas, principalmente as ligadas aos setores de petroquímica, papel e celulose, tende a fortalecer o empresariado nacional além de conquistar o mercado externo. "No setor de celulose, com a fusão o país poderá ser o líder mundial", assegurou Alcides Tápias.
O senador Lauro Campos (PT-DF) criticou o que chamou de "obediência e subserviência" do governo ao FMI e ao Bird, e fez restrições à política implantada pela equipe econômica, que, conforme garantiu, vem propiciando a desnacionalização das empresas nacionais. Andrea Calabi acrescentou que o BNDES financia grande parte das empresas brasileiras, mas observou que a poupança interna é pequena e somente poderá ser ampliada com a entrada de capital estrangeiro.
O senador Pedro Piva (PSDB-SP) enalteceu o trabalho de Tápias e de Calabi e pregou o crescimento do país e das empresas brasileiras. Para ele, "não existe uma economia forte sem uma empresa nacional forte".

19/10/1999

Agência Senado


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