Tarso diz que PT não deve usar prévia no RS







Tarso diz que PT não deve usar prévia no RS
O prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro (PT), disse que as prévias "não são o melhor caminho" para a escolha do candidato ao governo estadual. Caso elas ocorram, Tarso quer o adiamento das inscrições para a disputa por causa do momento vivido pelo PT-RS com acusações de envolvimento com o jogo do bicho. "Sustento que adiemos o prazo de inscrição [dos candidatos" de 1º de dezembro para o fim de fevereiro. Em segundo lugar, defendo que a prévia não é o melhor caminho", disse o prefeito, que seria um dos postulantes.


Judiciário reage e abre nova crise com Poder Executivo
A declaração do advogado-geral da União, Gilmar Mendes, chamando a Justiça de "manicômio judiciário", e a decisão do ministro da Educação, Paulo Renato Souza, de manter retida a verba destinada ao pagamento de grevistas das universidades, apesar de ordem judicial contrária, provocaram uma nova crise entre Judiciário e Executivo e uma reação em cadeia entre os juízes.
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Marco Aurélio de Mello, convocou jornalistas ontem para rebater as críticas de Mendes. A AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros) e a Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil) divulgaram nota em que pregam respeito ao Judiciário e dizem que o governo convive mal com derrotas judiciais.

"FHC, quando se trata de Judiciário, pratica verdadeiro terrorismo, numa clara intenção de destruir princípios fundamentais do direito, como o da segurança jurídica. Não tenho dúvidas em afirmar que o país vive a maior insegurança jurídica da história", disse Antônio Carlos Viana Santos, presidente da AMB.
Mendes criticara o Judiciário em entrevistas no último sábado, por causa da batalha judicial relativa ao pagamento de servidores grevistas, em que o governo vem sofrendo derrotas. Após a primeira entrevista, em que atacara particularmente o ministro Marco Aurélio, ele enviou uma carta ao presidente do STF dizendo ter "grande apreço" por ele.

Ontem, Mendes informou por meio de sua assessoria que o motivo da declaração era a existência de liminares conflitantes, e não as decisões contrárias ao governo. E disse que já usara a expressão "manicômio judiciário" em outras situações. O surgimento da crise foi inevitável. Marco Aurélio afirmou que a carta "sinaliza a consciência pesada" e que é natural haver decisões conflitantes e disse acreditar que Mendes seja "uma voz isolada" no Planalto.

Simultaneamente, Paulo Renato informou ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) que não liberaria o dinheiro para pagamento do salário de outubro de universidades, apesar de ordem do ministro do STJ Gilson Dipp.
Paulo Renato interpretou a aplicação de um decreto do pacote antigreve e concluiu que a responsabilidade para mandar processar a folha de pagamento passou a ser do ministro do Planejamento, Martus Tavares. A interpretação contraria Dipp. Em seu despacho, ele dizia que o pacote não se aplicaria a processos movidos antes de sua edição.

O STF recebeu ontem a segunda ação direta de inconstitucionalidade contra medidas do pacote antigreve, movida pelo PT para contestar a validade jurídica da medida provisória que autoriza a contratação temporária de servidores para substituir grevistas.
Ontem, após reiniciar negociações com os grevistas, a Previdência suspendeu a contratação, que prometera iniciar nesta semana.
Na sexta, o PC do B moveu ação contra o decreto que concentrou em FHC a atribuição de autorizar a liberação de recursos para folha de pagamento. As ações serão examinadas pelo STF.


FHC diz que pobreza é uma "imoralidade"
O presidente Fernando Henrique Cardoso voltou ontem a criticar os países desenvolvidos e a pedir que haja mais solidariedade para com as nações pobres. Para ele, a pobreza deixou de ser apenas uma injustiça para tornar-se "uma imoralidade", já que o mundo dispõe de condições para combater as desigualdades.
"O combate à pobreza passou a ser também uma questão ética. Não foi assim no século 19, quando os tais pensadores socialistas colocaram a questão. Foi de outra maneira. Mas agora, diante do crescimento imenso das forças produtivas, diante da capacidade imensa de acumulação de riquezas, a pobreza passa a ser uma imoralidade, não é só uma injustiça", disse o presidente.

Não é a primeira vez que FHC condena a pobreza. Em abril de 1998, durante a campanha para sua reeleição, ele disse que "combater a pobreza é hoje um imperativo ético: só há pobreza porque não estamos moralmente comprometidos com o seu combate". Depois passou a enfatizar as dificuldades para realizar o imperativo ético: "Não se resolve um problema da magnitude da pobreza com uma medida" (23/7/1999).
Ontem, FHC discursou para cerca de 400 participantes da 3ª Assembléia Geral da Copa (Conferência Parlamentar das Américas), abrindo o evento que reúne congressistas de 25 países, no Rio. Os temas principais do encontro são a implantação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e o terrorismo internacional. Os congressistas querem chegar a posições comuns para terem maior poder de influência nas políticas externas de seus países.

"Na verdade, a Alca não vai começar depois de 2005. A Alca já está em andamento", disse FHC, para quem é necessário que os congressistas, empresários e trabalhadores do continente participem do processo, avaliando que o livre comércio pode ser benéfico para alguns setores da economia e causar prejuízos a outros, que não estejam tão bem preparados para a concorrência internacional.
"Algum tipo de cooperação mais efetiva dos países ricos tem que haver para que os mais pobres se sintam cômodos nessa integração", disse: "Nunca aceitaremos que a Alca seja apenas uma negociação comercial ou uma forma disfarçada de dominação".

Segundo ele, a criação do Mercosul é um exemplo de que é possível chegar a políticas que beneficiem a todos os participantes de um bloco. Durante o discurso, em momento em que foi muito aplaudido, FHC disse que a 4ª Conferência Ministerial da OMC (Organização Mundial de Comércio), encerrada na última semana no Qatar, significou um avanço histórico para os países pobres.
Para ele, o mundo rico ficou mais sensível à desigualdade, depois dos ataques terroristas contra Nova York e Washington.

"Dessa vez, graças quem sabe ao que aconteceu no dia 11 de setembro, houve sensibilidade maior dos Estados Unidos, que permitiram uma negociação mais ampla, e a União Européia acedeu finalmente à discussão do tema da agricultura", disse o presidente.
Ele listou como conquistas dos países pobres a conclusão de que é possível um tratamento mais flexível na questão das patentes de remédios, que dê prioridade às políticas de saúde de cada país. O fato de os países ricos terem concordado em discutir a redução das barreiras às exportações agrícolas "mostra mais uma vez a força da dimensão política e a nossa capacidade, dos países em desenvolvimento, de colocar os temas nas mesas de negociação".


Garotinho critica presidente após evento
Os dois estavam lado a lado na mesa de abertura da Copa (Conferência Parlamentar das Américas), mas bastou o evento acabar para o governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, criticar o discurso do presidente Fernando Henrique Cardoso.
"Ele [FHC" teve oito anos para acabar com essa imoralidade e não o fez", disse o governador, pré-candidato do PSB à Presidência da República, ao comentar a declaração de FHC de que a manutenção das desigualdades sociais no cenário mundial passou a ser algo imoral.
Garotinho recebeu panfletos das mãos de manifestantes que apoiavam os funcionários públicos em greve.
O governador afirmou que é contra as medidas tomadas por Fernando Henrique Cardoso contra os grevistas.
Uma medida provisória e dois projetos de lei que regulamentam o direito de greve do funcionalismo foram divulgados na semana passada pelo governo, com o objetivo de acabar com as paralisações nas universidades federais e na Previdência Social.

"Violência"
"Nem a ditadura foi capaz de uma medida de violência como essa. É lamentável que o presidente, que tantas vezes defendeu os trabalhadores quando era político em São Paulo, subindo em palanques, agora faça um pacote antigreve que nem os militares tiveram coragem de fazer", afirmou o governador do Rio.
Garotinho defendeu o seu projeto que aumenta o salário mínimo regional do Rio de Janeiro de R$ 220 para R$ 280. O projeto está em discussão na Assembléia Legislativa e sofre a oposição de entidades empresariais.
Rodolfo Tavares, presidente da Faerj (Federação de Agricultura do Estado do Rio de Janeiro), prepara uma ação contra o projeto, caso ele seja aprovado pelos deputados estaduais.
Para Tavares, o aumento pretendido pelo governador encarece os custos de produção no Estado e não pode ser justificado com o argumento de que houve crescimento da produtividade do trabalho. "Nossa iniciativa é em defesa do produtor rural", afirmou o presidente da entidade.


Presidente tenta pacificar grupos de Tasso e Serra
O presidente Fernando Henrique Cardoso desencadeou ontem uma operação para tentar retomar as rédeas do processo sucessório, pacificar o PSDB e estabelecer os critérios e a data da escolha do candidato tucano ao Palácio do Planalto na eleição de 2002.
Em movimento atípico para uma segunda-feira, os principais dirigentes tucanos estavam ontem em Brasília. O PSDB teme que o adiamento da definição do candidato tucano acabe por dividir irremediavelmente o partido.

Além do ministro da Saúde, José Serra, estavam ontem em Brasília o governador do Ceará, Tasso Jereissati, o presidente nacional do PSDB, José Aníbal, e o líder na Câmara, Jutahy Júnior (BA).
Tasso reuniu-se à noite com aliados de sua pré-candidatura em um hotel da cidade. Do encontro, participou o secretário-geral da Presidência da República, Arthur Virgílio, que, pouco antes, tivera uma longa reunião com o presidente da República. Além de Virgílio, outro ministro participou da reunião com Tasso: Pimenta da Veiga (Comunicações).
No Palácio da Alvorada, FHC conversou com José Serra e com José Aníbal. Por enquanto, só há um consenso entre os tucanos: é preciso evitar o clima de animosidade que transparece da disputa entre Serra e Tasso e que já ameaça a unidade da legenda.

O presidente foi aconselhado por tucanos a patrocinar um encontro entre os dois para que eles tentem resolver demandas eventualmente mal-entendidas. Argumento: divididos, os tucanos não terão chance na eleição presidencial do próximo ano. FHC prometeu levar em conta a sugestão.
Os tucanos também têm pressa na definição dos critérios e na data da escolha do candidato à Presidência em 2002. Eles temem ser atropelados pelo crescimento da candidatura da governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL), segundo apontam diversas pesquisas de opinião.

Serra, que só pensava em assumir sua candidatura em abril, já admite ser lançado em janeiro, se essa for a decisão do PSDB. E que seja estabelecido um cronograma de atividades para a campanha.
Segundo seus aliados no Congresso, Serra não pode deixar o governo para ser candidato sem um projeto preciso para cumprir.
O problema dos "tassistas" que se reuniram ontem com o governador era diferente. Avaliação: a candidatura de Tasso ainda é uma candidatura "órfã" -ou seja, um projeto pessoal do governador do Ceará, que precisaria ser encampado por amplos setores do partido para ganhar consistência no enfrentamento com Serra.


Roseana não impede aliança, diz Maciel
O vice-presidente da República, Marco Maciel (PFL), disse ontem em Curitiba que o crescimento da candidatura da governadora Roseana Sarney (PFL-MA) à Presidência representa "um fato novo" na política brasileira.
Segundo Maciel, a candidatura de Roseana não atrapalha a aliança governista com outros partidos da base aliada. "O candidato pode sair de qualquer um dos partidos da aliança." Como o presidente Fernando Henrique Cardoso, Maciel defende que a indicação do nome do candidato governista só seja definido no ano que vem. "O importante agora é manter a aliança. Sem aliança, não se ganha eleição e não se governa", afirmou o vice-presidente.
Maciel esteve ontem em Curitiba na abertura de reunião da Comissão Brasil-Alemanha de Cooperação Econômica.


Isolado no PMDB, Itamar ameaça apoiar a oposição
Ciente de que deverá sofrer uma nova derrota hoje na Executiva do PMDB, o governador de Minas, Itamar Franco, insinuou ontem em encontro com os principais caciques do partido que poderá abandonar sua candidatura presidencial e apoiar a oposição nas eleições do ano que vem.
Em reunião na casa do presidente do Senado, Ramez Tebet (MT), Itamar afirmou que não aceita um universo menor do que 100 mil peemedebistas na prévia do partido, marcada para 20 de janeiro de 2002.
Como sabe que a Executiva Nacional do PMDB, cuja maioria é governista, deve decidir hoje por um formato de prévia que tenha entre 5.000 e 6.000 eleitores, Itamar fixou o número de 100 mil para ter o discurso de abandono da candidatura.

Uma prévia com 100 mil ou mais participantes chegou a ser proposta pelos governistas, que passaram a defender um quórum menor para barrar a candidatura Itamar, atendendo a um desejo do presidente Fernando Henrique Cardoso. Na avaliação dos governistas, quanto menor o quórum, maior a chance de derrotar Itamar. O governador não deverá recorrer judicialmente da provável decisão de hoje da Executiva.
Ao insinuar que decidirá seu destino político após a reunião de hoje, Itamar afirmou que ficará no partido, mas que só apoiará um candidato da sigla a presidente se ele for de oposição ao governo. Ou seja, abre a possibilidade de abandonar o candidato.

"Sempre trabalhei com um universo amplo de eleitores", disse Itamar, ao se fixar no número de 100 mil. Se houver a decisão por um universo menor, como pretende a maioria da Executiva, "posso não concordar e seguirei o meu caminho", declarou.
Políticos ligados a Itamar avaliam que, barrado pela cúpula pró-FHC, sua tendência será apoiar o petista Luiz Inácio Lula da Silva. Essa possibilidade causa desespero no Palácio do Planalto porque Lula, que já tem boa votação em Minas, poderia aumentar ainda mais o seu cacife no segundo maior eleitorado do país. Mas há uma ala do PMDB, formada principalmente pela bancada do Senado, que pretende usar a eventual desistência de Itamar para adiar a prévia e deixar qualquer decisão para abril de 2002.

Roseana
Apesar de ser remota a chance de o governador abraçar uma eventual candidatura presidencial de Roseana Sarney (PFL-MA), Itamar devolveu ontem uma cortesia feita pela governadora: um fax a ela, agradecendo os elogios que recebeu em uma entrevista da pefelista. "Agradeço sua fraternidade. (...) Lembrei-me das nossas lutas e dos nossos queridos tempos." A pefelista participou do grupo que apoiou a articulação pró-Itamar em 1992, ano do impeachment do então presidente, Fernando Collor de Mello, do qual Itamar era vice.
Indagada sobre uma eventual composição com Itamar em 2002 para a formação de uma chapa à Presidência, Roseana disse que "nada é impossível". "Não descarto nenhuma possibilidade, mesmo porque tenho amizade fraterna com o Itamar Franco."


Maluf usa "cover" de Alckmin em programa de TV para atacar PSDB
O ex-prefeito Paulo Maluf, pré-candidato ao governo paulista pelo PPB, usou um "cover" do governador Geraldo Alckmin (PSDB), no horário reservado ao programa político de seu partido, para criticar e ironizar os sete anos da gestão tucana.
Durante os 20 minutos do progr ama, foram apresentadas duas inserções com dois personagens, um pedreiro e um marceneiro, chamados "seu Geraldo". Ambos protagonizam uma situação similar: envolvidos em um mesmo trabalho há sete anos, são cobrados agora por seus clientes, que estão insatisfeitos.
Diante das queixas, "seu Geraldo" pede paciência e diz que precisará de mais quatro anos para terminar o trabalho.

Ao final de cada história, surge o ex-prefeito. "Os tucanos estão no governo há sete anos e, depois de todo esse tempo, não têm o que mostrar para o povo", diz Maluf.
O programa cita várias obras realizadas no período em que Maluf foi secretário estadual de Transportes, governador e prefeito de São Paulo por duas vezes.
O ex-prefeito relaciona as acusações que pesam contra ele -evasão de divisas e lavagem de dinheiro- ao complô de adversários políticos. Há cerca de cinco meses, o ex-prefeito e sua família são alvo de uma investigação movida pelo Ministério Público.

"Vou processar os promotores que querem me caluniar e que, até agora, não apresentaram provas de qualquer irregularidade."
A mulher de Maluf, Sylvia, também apareceu no programa elogiando o marido. Seu nome, porém, foi grafado incorretamente como "Sílvia".


Napoleão é o novo governador do Piauí
Por 3 votos a 2, o pleno do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) do Piauí decidiu ontem diplomar o senador Hugo Napoleão (PFL) no cargo de governador do Estado. Os juízes entenderam que o pefelista venceu a disputa ainda no primeiro turno, quando obteve 73,61% dos votos válidos.
Antes do anúncio do resultado, as torcidas de Napoleão e do governador cassado Francisco de Assis de Moraes Souza, o Mão Santa (PMDB), se confrontaram na frente do prédio do tribunal. Uma pessoa se feriu, e outra foi detida pela Polícia Militar.

Napoleão, que viajou ontem de Brasília a Teresina, foi diplomado no final da tarde, com 40 minutos de atraso. Na sequência, foi empossado no cargo pela Assembléia Legislativa. Ainda ontem à noite, ele iria ao Palácio do Karnak, sede do governo, para a cerimônia de transmissão de cargo. O presidente da Assembléia, Kleber Eulálio (PMDB), que estava como interino, faria a transmissão.
Enquanto era empossado, Napoleão informou que estava entrando, simultaneamente, em Brasília com o pedido de renúncia do cargo de senador. Seu primeiro suplente é o médico Benício Parente de Sampaio (PPB).

Primeiro turno
Para chegar à decisão, o TRE analisou, desta vez, os votos válidos do primeiro turno, anulando aqueles que foram dados a Mão Santa. Na semana passada, tinham sido analisados apenas os votos do segundo turno. No somatório, Napoleão ficava com menos de 50% dos votos válidos, o que poderia implicar a convocação de novas eleições.

Em seu relatório, o juiz federal Roberto Veloso considerou que "não era possível anular apenas os votos do segundo turno, pois se trata de uma mesma e única eleição". Segundo ele, o primeiro turno da eleição somente poderia ser considerado prejudicado se os votos nulos ultrapassassem os válidos. "E isso não aconteceu."
Os votos de Mão Santa foram anulados por determinação do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Na mesma sessão, realizada no dia 6 de novembro, o mandato do peemedebista foi cassado por abuso de poder econômico e uso da máquina na eleição de 1998.
Os votos válidos e brancos do primeiro turno somaram, então, 62,37% do total, e os nulos, 37,63%. Napoleão obteve 444.043 votos. Em segundo lugar, ficou o candidato do PSDB, Francisco Gerardo, com 131.821 votos.

Recurso
Os advogados de Mão Santa já anunciaram que vão recorrer da decisão no TSE e no STF (Supremo Tribunal Federal). Os recursos, no entanto, vão ser julgados com Napoleão no governo.
Macário de Oliveira, advogado do PMDB, disse que a decisão de ontem do TRE foi "equivocada e apresenta pontos obscuros". A Agência Folha não conseguiu falar com o governador cassado.
A sessão foi presidida pelo vice-presidente, desembargador João Batista Machado. O presidente, desembargador Antônio Almeida, participou na reunião, mas não teve direito a voto por ter sido alvo de mandado de segurança impetrado pelo PMDB.

O partido alegou que o presidente do TRE "ultrapassou os limites" ao determinar, um dia após a cassação de Mão Santa, a convocação de sessão solene de diplomação da segunda chapa mais votada. O partido entende que o TSE mandou cassar o mandato de Mão Santa, mas não mandou empossar Napoleão.


Artigos

"Casa dos Artistas" afegã
CLÓVIS ROSSI

SÃO PAULO - Era uma vez um tempo em que tudo o que os mortais comuns aprendíamos sobre Afeganistão era decorar " Afeganistão, capital Cabul", nas aulas de Geografia.
Por isso, só posso festejar o porre de Afeganistão que a mídia oferece ao público. Já sabemos que, além de Cabul, há Candahar, Jalalabad, Herat, Mazar-e-Sharif, que há pashtus, uzbeques, tadjiques, um rei deposto, uma Aliança do Norte, o diabo.
Nada contra. Muita gente pode até achar que são informações irrelevantes, mas é sempre melhor alguma informação, ainda que irrelevante, do que nenhuma informação.
O risco é o de que toda essa carga de informações se transforme, muito rapidamente, em cultura inútil. Digamos que a Al Jazeera (outra preciosa aquisição cultural dos tempos pós-11 de setembro) informe que Osama bin Laden fugiu para as ilhas Seychelles.

Será o suficiente para que todo o mundo abandone o Afeganistão e deixe os aficionados pelo noticiário internacional como o ascensorista, que sempre perde a melhor parte da história, pois invariavelmente ela é contada quando o passageiro desce no andar de destino.
Afinal, o foco dessa história seria o terrorismo, não o Afeganistão, que só entrou nela porque abriga o chefe (suposto ou real) da quadrilha.

Como não houve jeito de pôr no ar Osama Bin Laden, criou-se uma espécie de "Casa dos Artistas" afegã: mesmo no Brasil, todos os movimentos do Taleban e dos anti-Taleban são mais dissecados do que, por exemplo, a briga interna pela candidatura do PSDB.
O banho de Afeganistão não teve, até agora, equivalência em termos de Al Qaeda, a rede terrorista catapultada ao noticiário pelo 11 de setembro. Como não tem rostos muito notórios, além de Bin Laden, nem território, não é possível colocá-la em uma "casa" qualquer e passar o dia mostrando os hábitos de seus integrantes.
Ou, posto de outra forma, o que não é espetáculo não cabe na agenda.


Colunistas

PAINEL

Aliada preferencial
Roseana Sarney (PFL) é a pré-candidata governista à Presidência com maior potencial de voto. Pesquisa feita pelo Ibope mostra que 42% dos eleitores admitem votar na governadora. José Serra é o segundo, com 31%, seguido de Paulo Renato (24%) e Tasso (14%).

Oposição excluída
A pesquisa foi entregue no fim de semana a FHC e foi feita em outubro apenas com os eleitores que pensam em votar em um candidato apoiado por ele.

Imagem é tudo
FHC pediu aos tucanos que provoquem Roseana para debates sobre propostas de governo. Ele está "impressionado" com o marketing da governadora, mas aposta que ela irá começar a cair nas pesquisas quando mostrar que "não tem conteúdo".

Água na fervura
Comentário de FHC a um governador que lhe perguntou o que achava da candidatura Roseana Sarney: "Estive com o irmão e com o pai. Eles me garantiram que ela não é candidata. Vai para o Senado".

Golpe absorvido
A greve na educação completa três meses hoje. Mesmo com esse desgaste, Paulo Renato continua sendo o segundo ministro do governo FHC com melhor avaliação em pesquisas encomendadas pelo ministério.

Dinheiro de volta
O PMDB e o PDT gaúchos acionarão na Justiça Olívio Dutra (PT-RS) para pedir a devolução do dinheiro gasto pelo Estado com publicidade veiculada em jornais de circulação nacional, na qual o governador se defende das acusações do relatório da CPI da Segurança Pública.

Em causa própria
A oposição a Olívio Dutra alega que o governador não poderia utilizar dinheiro público em interesse próprio. Cálculos iniciais apontam que foram gastos entre R$ 80 mil e R$ 100 mil na publicação dos anúncios.

Pregação televisiva
O Partido Liberal, que abriga vários evangélicos, entrou ontem com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra artigo da lei que proíbe o proselitismo nas TVs comunitárias. A lei, de 98, veda que as emissoras tentem "converter pessoas".

Sinal fechado
O único ponto de consenso entre itamaristas e governistas no PMDB é o adiamento das prévias para final de fevereiro ou início de março. Os peemedebistas preferem esperar as definições do PSDB e do PFL para decidir que rumo tomar.

Anfitrião gaúcho
A cúpula governista do PMDB incensa Pedro Simon mas tem sérias dúvidas sobre as suas intenções em relação às prévias. Acha que, até agora, o senador serviu apenas de mestre de cerimônias para Itamar Franco.

Caminho da roça
A tentativa de restringir os eleitores nas prévias do PMDB assusta o grupo de Itamar. Em diálogo com o PDT carioca, itamaristas dizem ter crescido as chances de o governador lançar-se à reeleição em Minas Gerais.

Pesos e medidas
José Genoino (PT) está num dilema. Se dirigir uma artilharia muito pesada contra Paulo Maluf na eleição em SP, Alckmin poderá ganhar no primeiro turno. Se bater pouco, corre o risco de ver o ex-prefeito e o tucano na fase final da campanha.

Agora vai
O PSTU lança amanhã a candidatura José Maria de Almeida à Presidência. Com o slogan "Contra burguês, vote 16" e pregando contra o imperialismo dos EUA, Almeida teve 200 mil votos para presidente em 98.

Visita à Folha
Olavo Drummond, ministro aposentado do TCU (Tribunal de Contas da União), visitou ontem a Folha.

TIROTEIO

Do deputado federal Ivan Valente (PT-SP), sobre a "rede de proteção social" destacada no programa de TV do PSDB:
- O programa estrelado por FHC estrategicamente omitiu o valor da Bolsa-Escola, de exuberantes R$ 15, e a ajuda aos desprotegidos banqueiros, que realizaram lucro de 30% nos primeiros nove meses do ano.

CONTRAPONTO

Fora de circulação
Dias antes de assumir a Secretaria Geral da Presidência, o tucano Arthur Virgílio foi a uma festa, onde se encontrou com o publicitário Tom Eisenlohr.
No meio da conversa, os dois se lembraram de um amigo em comum, o ex-deputado federal Domingos Leonelli.
Militante do Partido Comunista Brasileiro, Leonelli viveu algum tempo na clandestinidade em São Paulo, durante o regime militar. O ex-deputado respondeu a vários IPMs (Inquéritos Policiais Militares) e chegou a ser preso na Bahia.
Virgílio e Eisenlohr resolveram telefonar para Leonelli. Mas nenhum dos dois sabia o número. O tucano chegou a ligar para a telefonista na Bahia e soletrou o nome do ex-deputado. Mas, segundo ela, não havia nenhum registro em nome dele.
Rindo, Virgílio comentou:
- Esse Leonelli não muda. Continua na clandestinidade.


Editorial

TERROR GERAL

Carentes de meios de controle e investigação adequados e sob pressão norte-americana para desbaratar supostos focos terroristas na região de Foz do Iguaçu, as autoridades brasileiras precisam tomar cuidado para não lançar sobre toda uma população a sombra da suspeita.
O Brasil não tem dado a devida importância ao controle de suas fronteiras, sejam elas reais ou virtuais. Essa leniência é um atrativo para atividades ilegais como o contrabando, o tráfico de drogas e de armas, a evasão de divisas e a lavagem de dinheiro, bem como para o refúgio de criminosos internacionais. O que facilita a vida dos delinquentes não são bem as lacunas na legislação. Esta até que evoluiu bastante nos anos recentes. Hoje os bancos são obrigados a comunicar qualquer operação suspeita aos agentes públicos. Toda remessa ao exterior acima de US$ 10 mil fica registrada no Banco Central.

Falta um conjunto de funcionários bem alocados e de procedimentos de gestão que maximize as chances de flagrar condutas irregulares. O controle policial de fronteiras e de estrangeiros residentes no Brasil é falho; o BC não tem cumprido a contento seu papel de fazer sondagens mais profundas sobre grandes remessas ao exterior; a troca de informações entre setores da burocracia envolvidos com questões transfronteiriças não é fluente como deveria.

Se a eficácia nos procedimentos fiscalizadores precisa ser incrementada, não há por que ceder a pressões de momento para afoitamente criminalizar residentes da região da Tríplice Fronteira. Cidadãos de origem árabe que enviam dinheiro ao Oriente Médio -há milhares no Brasil todo- não cometem a priori nenhum ilícito. Mesmo sobre o comerciante libanês que reside em Foz do Iguaçu apontado pelo Paraguai como suspeito de associação com o terror, o que existe por ora são informações muito distantes das que seriam necessárias para tachá-lo de terrorista.
Mais do que tudo, é preciso resistir à generalização da suspeita sobre toda uma comunidade de brasileiros e estrangeiros de origem árabe.


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11/20/2001


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