Tasso Jereissati: José Dirceu "demonstra falta de serenidade e equilíbrio"



O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) afirmou da tribuna que o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, "demonstra falta de serenidade e equilíbrio", ao comentar entrevista do ministro publicada nesta terça-feira (23) pelo colunista Merval Pereira, do jornal O Globo. Na entrevista, o ministro diz que, depois de ler com calma o discurso do senador Jereissati na semana passada, concluiu que ele mais atacou o governo do que defendeu a política econômica do ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

- Fiquei preocupado com o tom das declarações do ministro, tido como um "primeiro-ministro" do governo. O ministro demonstra uma falta de serenidade total e de equilíbrio para o cargo que exerce. Fiz o possível e o impossível para preservá-lo, e a todo o governo, no caso Waldomiro. Sugiro ao ministro que pense duas, três, quatro vezes antes de fazer qualquer declaração, pois no cargo que ocupa ele tem de trazer uma palavra de paz ao país, de estabilidade, de respeito e de diálogo - afirmou Jereissati.

O senador acentuou que estava com a sensação de que o ministro José Dirceu "não está entendendo" o que vem acontecendo no Senado, no país e no próprio governo. A seguir, leu trecho da entrevista em que o ministro sustenta que "Tasso Jereissati insinua que o governo tem relações com o crime organizado". Para o senador, é do conhecimento de todo o país que um assessor do ministro foi flagrado negociando o apoio financeiro ao PT de um homem ligado ao jogo do bicho.

- O ministro disse que eu me submeti ao líder Arthur Virgílio. Ora, eu sigo a estratégia do líder do meu partido - observou. Como fez na semana passada, o senador aplaudiu a política econômica conduzida pelo ministro da Fazenda e reafirmou que o PSDB não se recusa a fazer uma oposição construtiva. Ele considerou equivocada a afirmação de José Dirceu de que os governos de Minas Gerais e de São Paulo não "sobreviveriam" um mês sem o apoio do governo federal e por isso os governadores Aécio Neves e Geraldo Alckmin estariam agindo de forma moderada em relação ao governo.

- O ministro descobriu que meu discurso foi de oposição. Talvez ele ache que quem não agride, como fazia o PT no governo passado, não é oposição. Nós fazemos uma oposição honesta, sem agressividade. Devemos ajudar o governo. Não nos interessa um país em que o próprio "primeiro-ministro" está em evidente desestabilização - acrescentou o senador do Ceará. No final, ele recomendou ao ministro que tire "umas férias para esfriar a cabeça".

Tasso Jereissati recebeu a solidariedade, em apartes, dos senadores Arthur Virgílio Neto (PSDB-AM), Lúcia Vânia (PSDB-GO), Sérgio Guerra (PSDB-PE) e Almeida Lima (PDT-SE). O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) disse que só tem ouvido do ministro José Dirceu "coisas excelentes" sobre Tasso Jereissati.





23/03/2004

Agência Senado


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