Tasso se encontra com FHC e irrita os tucanos
Tasso se encontra com FHC e irrita os tucanos
Membros do PSDB avaliam que encontro do presidente com o ex-governador do Ceará prejudica José Serra e beneficia Ciro Gomes, amigo pessoal de Tasso
BRASÍLIA – A iniciativa do presidente Fernando Henrique Cardoso em convidar o ex-governador do Ceará Tasso Jereissati para um encontro, realizado no final da noite da última terça-feira, no Palácio da Alvorada, surpreendeu e irritou o comando da campanha presidencial do tucano José Serra. O gesto foi considerado “ingênuo e prejudicial” à imagem do próprio presidente e de seu candidato, José Serra (PSDB).
Incomodados com o encontro, que pegou a todos de surpresa, inclusive Serra, interlocutores do presidente e aliados do candidato tucano avaliaram que a tentativa de reaproximação só favoreceu o candidato do PPS, Ciro Gomes, amigo de Tasso. Um político amigo de FHC, que não quis se identificar, endureceu na avaliação: “Diria que foi uma atitude ingênua, quase boboca, a do presidente”.
Durante a conversa, Jereissati fez duras críticas à indústria de dossiês que toma conta do debate na sucessão presidencial. Tasso disse que José Serra tem todo o direito de criticar seus adversários, entre eles o representante da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, mas seus aliados não devem recorrer a dossiês para atacá-los. Tasso saiu do Palácio da Alvorada, convencido de que a reaproximação entre Ciro e Fernando Henrique não deverá demorar a acontecer.
O ex-governador do Ceará disse que FHC manifestou preocupação com o esgarçamento das relações entre os integrantes do PSDB e os aliados. O presidente, contou Tasso, confessou que não quer terminar seus oito anos de Governo “cheio de inimigos”.
“Acho possível a reaproximação dos dois (Fernando Henrique e Ciro). Mas não durante a campanha, isso não quer dizer que o presidente vá apoiar o Ciro. Mas eles são dois homens maduros, que, no fundo, se respeitam. Tenho certeza de que a relação deles vai ser a mais madura possível”, disse.
O encontro está sendo interpretado como o primeiro passo para reaproximar FHC e Ciro. Mas segundo o ex-governador do Ceará, Ciro não precisaria de emissários. “Não preciso fazer essa ponte. Não sou emissário”, disse Tasso, taxativo.
O presidente, segundo o tucano, se queixou do clima da campanha eleitoral, principalmente das trocas de farpas entre os integrantes do PSDB. A coordenação da campanha de Serra acusa Tasso de não se engajar na campanha e de apoiar informalmente Ciro Gomes. Já o ex-governador reclama do duplo palanque de Serra no Ceará e avisa que é amigo de Ciro e que não vai atacá-lo na campanha.
Apesar de garantir que é um homem partidário e que não pedirá votos para candidatos que não sejam do PSDB, Tasso fez uma defesa de Ciro, lembrando que ele agiu com responsabilidade quando foi ministro da Fazenda, no Governo de Itamar Franco, e governador do Ceará.
Serra luta para segurar aliados do PFL carioca
Candidato tucano foi chamado às pressas ao Rio pelo prefeito César Maia. Na pauta, a debandada do partido no Estado para a candidatura de Ciro Gomes
RIO – O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, se reuniu anteontem à noite por cerca de duas horas com o prefeito do Rio, César Maia (PFL), em encontro que não estava previsto na sua agenda oficial. O tucano estava em Curitiba (PR), quando, segundo sua assessoria, recebeu uma ligação do prefeito, convidando-o para uma reunião no mesmo dia. Segundo Maia, o motivo do encontro foi a discussão da “dinâmica de campanha”.
A visita de Serra coincidiu com informações, fundamentadas em declarações de candidatos a cargos legislativos do PFL fluminense, de que está havendo uma debandada do partido para a candidatura de Ciro Gomes (Frente Trabalhista – PPS/PDT/PTB) à Presidência.
PFL, PMDB e PSDB fecharam uma aliança no Rio com Serra como candidato à Presidência e Solange Amaral (PFL) como candidata ao Governo do Estado. O principal articulador desse apoio no PFL foi o prefeito carioca.
Ontem, no dia seguinte ao encontro, Maia negou que tenha liberado os deputados a apoiar Ciro e também que estaria acontecendo a debandada. “Nunca estive tanto dentro da campanha do Serra como estou agora. Nosso grupo tem máxima unidade.
Aqui, somente o nome de Serra pode ser colocado no material de propaganda”, afirmou o pefelista.
O prefeito declarou, no entanto, que a Executiva Nacional do PFL liberou os filiados ao partido para apoiar o candidato à Presidência que preferirem. Até agora, o único candidato a romper com Serra e declarar apoio a Ciro foi o deputado federal Eduardo Paes, que era o nome mais cotado para disputar o Governo pelo PFL.
ALMOÇO – Ontem, Serra visitou ontem o bandejão popular do Governo do Distrito Federal na cidade-satélite de Samambaia. Serra chegou acompanhado do governador Joaquim Roriz (PMDB) e de sua candidata a vice, a deputada federal Rita Camata (PMDB-ES). Serra e Roriz furaram fila e foram se servir do almoço, que custa R$ 1.
O ato aconteceu apesar da placa colocada na porta do estabelecimento com os dizeres: “É proibida a manifestação política no interior do restaurante”. Eles almoçaram arroz, feijão, purê de batatas, salada e lingüiça. Também foram servidos suco de laranja e banana de sobremesa.
Garotinho já aceita debandada do PSB e libera os socialistas
RIO – Sem ter como impedir a debandada de candidatos do partido e a perda de palanques nos Estados, o candidato do PSB à Presidência da República, Anthony Garotinho, começou a liberar o apoio a outras candidaturas na sucessão presidencial.
Ele admitiu ontem que o candidato do PSB ao Governo do Pará, senador Ademir Andrade, que ameaça aderir à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), “tem o direito de apoiar quem quiser”.
Garotinho acredita, porém, que Andrade ficará neutro no primeiro turno. O candidato ameaça romper com o ex-governador do Rio porque não teria recebido recursos prometidos para a campanha no Estado. Segundo Garotinho, “todo candidato que desistir será substituído”.
Em Pernambuco, o PSB decidiu substituir o candidato ao Governo do Estado, Humberto Barradas, que também resistia à candidatura nacional do partido.
O ex-governador do Rio fez campanha, ontem, na estação ferroviária Central do Brasil, onde ele construiu um restaurante popular em sua administração. O ato reuniu poucas pessoas e durou cerca de 30 minutos. Acompanhado apenas por assessores e pela filha Clarissa, Garotinho afirmou que o presidente Fernando Henrique Cardoso “quebrou o País”.
“O que precisa ser dito ao povo brasileiro é que o presidente quebrou o Brasil. O País está falido e as políticas econômicas adotadas ao longo desses anos por Pedro Malan (ministro da Fazenda) e Armínio Fraga (presidente do Banco Central) inviabilizaram o Brasil a curto prazo. Não há saída agora. Nós vamos ter que tomar medidas, em janeiro, para equilibrar a situação”, declarou. “O Brasil é o único país onde agiota empresta dinheiro mais barato que banco”, disparou.
Martinez deixará coordenação da campanha de Ciro Gomes
SÃO PAULO – O coordenador-geral da campanha do presidenciável Ciro Gomes (PPS), deputado federal José Carlos Martinez (PTB-PR), deverá anunciar sua saída do cargo hoje ou amanhã. A expectativa no comando de campanha do pós-comunista é a de que o afastamento aconteça hoje, três dias antes do primeiro debate na TV entre os principais candidatos que disputam o Palácio do Planalto.
Com isso, os aliados de Ciro esperam evitar que o empréstimo contraído por Martinez com Paulo César Farias, o PC, tesoureiro do ex-presidente Fernando Collor de Mello, “contamine totalmente o debate , garantindo munição aos adversários do ex-governador”.
A saída do petebista da coordenação acontece depois de divulgado que Martinez ainda paga parcelas de uma dívida a parentes de PC. Ontem, o deputado deveria se encontrar com Ciro em São José do Rio Preto (SP), para acertar os detalhes sobre o caso. Segundo interlocutores de Ciro, pesquisas encomendadas pela Frente revelaram que o episódio já influenciava negativamente a opinião do eleitorado sobre o candidato.
ASSÉDIO – Em meio à crise envolvendo Martinez e após conquistar fatia considerável do PFL, Ciro já começa a assediar, os tucanos insatisfeitos com o Governo. O primeiro deles seria o governador de Goiás e candidato à reeleição, Marconi Perillo (PSDB), de acordo com o líder do PTB na Câmara, Roberto Jefférson (RJ). “Marconi é muito ético e, por enquanto, está com José Serra. Mas admite subir no palanque de Ciro, se continuar desprestigiado pelo Governo.”
Legislativos reabrem em ritmo de campanha
Encerrado o recesso parlamentar de julho, a Assembléia Legislativa e a Câmara Municipal do Recife retomam hoje as atividades normais, com sessões previstas para as 14h30. A maior preocupação dos dirigentes das duas casas é com o esvaziamento dos plenários, que tradicionalmente acontece nos períodos eleitorais. Candidatos a um novo mandato ou envolvidos nas campanhas de aliados, os parlamentares costumam deixar de lado as atividades legislativas.
O presidente da Câmara do Recife, vereador Dilson Peixoto (PT) – candidato do PT ao Senado –, convocou reuniões com as bancadas governista e de oposição, para negociar a flexibilidade nos horários e tentar garantir a presença dos vereadores nas votações mais importantes. A idéia é concentrar em dois dias – terça e quarta-feira – a pauta de projetos considerados inadiáveis, reservando os demais dias para sessões solenes e votações de requerimentos.
“É um acordo político para evitar o esvaziamento”, explicou. Dilson descartou, no entanto, o corte do ponto e o desconto nos salários dos vereadores ausentes, que não é previsto no Regimento Interno da Casa. Segundo o presidente, nos próximos meses deverá ser feito o envio de apenas um projeto polêmico, que trata da regulamentação do transporte alternativo no Recife.
O esquema na Assembléia Legislativa, de acordo com o 1º secretário da Casa, deputado estadual João Negromonte (PMDB), será semelhante. Os parlamentares negociarão dois dias na semana para as votações importantes. Negromonte afirma, porém, que o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), que disputa a reeleição, está ciente das dificuldades e não deverá enviar muitas matérias polêmicas no período de campanha.
Ainda assim, o secretário garante que a presença dos parlamentares será cobrada.
“Vamos mostrar aos deputados que a participação nas sessões é positiva para a campanha. O eleitor quer saber que seu deputado está trabalhando”, apelou. Uma das formas, segundo ele, de fiscalizar a presença será pela TV Assembléia, implantada este ano na Casa e que transmite as sessões ao vivo, por meio das TVs por assinatura e programas gravados, pela TV Universitária.
CONGRESSO – Também para não atrapalhar a campanha eleitoral dos parlamentares, o Congresso reinicia hoje as atividades com um acordo feito pelos líderes. Eles terão de comparecer este mês aos plenários somente quatro vezes para votar: dias 6, 7, 27 e 28. Depois, o trabalho só recomeçará após as eleições. Terão prioridade matérias consideradas urgentes, como o projeto que acaba com a cumulatividade de impostos.
O presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), acredita que a aprovação da proposta dará sinal positivo para o mercado.
Antes, porém, os deputados terão de desobstruir a pauta da Casa, votando duas medidas provisórias (MPs) e o projeto de lei, em regime de urgência, que trata do sistema tributário dos provedores da Internet. As MPs estabelecem o parcelamento dos débitos tributários dos Estados e da estruturação de órgãos e criação de cargos em comissão no Executivo.
TSE DÁ A PARTIDA PARA ESCLARECER ELEITOR
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Nelson Jobim, anunciou ontem, em cadeia de rádio e televisão, o início de uma campanha de esclarecimento do eleitorado brasileiro marcada para começar hoje. O TSE decidirá, ainda hoje, qual dos seis presidenciáveis será o primeiro a aparecer no primeiro programa eleitoral gratuito, marcado para dia 20. Nos outros dias, haverá um rodízio na ordem de apresentação da propaganda eleitoral dos candidatos ao Palácio do Planalto. Em uma mensagem política, no pronunciamento de ontem, o ex-deputado federal pelo PMDB gaúcho e ex-ministro da Justiça garantiu que a Justiça Eleitoral “trabalhará junto com os eleitores para mostrar ao mundo que o Brasil é vitorioso em muita coisa, inclusive no processo democrático”. Jobim fez questão de frisar que a decisão sobre os futuros políticos “é apenas do eleitor”.
Artigos
Situação constrangedora
Clemente Rosas
Por mais respeito que se tenha - ainda - à pessoa do sr. Presidente da República, neste melancólico final de Governo, não se pode deixar de constatar que, a cada nova iniciativa sua no capítulo do desenvolvimento regional, agrava-se a sucessão de equívocos iniciada com a malconcebida extinção da Sudene. E isso vem ocorrendo mesmo após o seu embaraçado “mea culpa” - pois de outra forma não podemos entender as declarações de que nunca teve a intenção de extinguir a autarquia, e sim de transformá-la e aperfeiçoá-la, bem como o apelo ao Congresso Nacional para, no processo de conversão da infeliz Medida Provisória em lei, “remendar” a situação a seu superior critério (discurso na posse do Ministro Ramez Tebet, em 20.06.2001). Dessa forma, com o comportamento bisonho que vem demonstrando - descartada, pelo remanescente respeito já referido, a hipótese de um refinado maquiavelismo - sua excelência compromete uma plausível postulação ao lugar de estadista no tribunal da História.
Vamos aos fatos. Em 2 de maio de 2001, contrariamente ao que tem afirmado o vice-presidente Marco Maciel, a Sudene foi extinta, como consta, de forma explícita, no art. 41 da MP n. 2145 (hoje, art. 21 da MP n. 2156-5). Para substituí-la, foi “criada”, inconstitucionalmente, a Adene, de atribuições extremamente limitadas. O novo ente só veio a ser estruturado nove meses depois, pelo Decreto n. 4126/02. Por sua vez, o Fundo de Desenvolvimento criado em substituição ao Finor demorou mais três meses para ser regulamentado, o que ocorreu através do Decreto n. 4253/02. Finalmente! poderíamos comentar. Antes tarde, muito tarde, do que nunca.
Mas nem isso. O novo Fundo, da forma como foi regulamentado, dificilmente funcionará. Seu acolhimento pelo empresariado foi indiferente, para não dizer hostil: não nos serve, não nos interessa, são as expressões correntes. E o próprio Governador de Pernambuco, que apoiou a operação presidencial, em seu início, reconhece agora que “a agência, como está, não corresponde ao compromisso assumido pelo presidente com os governadores nordestinos de substituir a Sudene por um órgão mais ágil, mais estruturado e com mais recursos” e que “não possui nenhuma garantia de recursos financeiros para a Adene” (D.Pe, 24.07.2002).
Quanto à própria agência, só veio ela a ter a sua diretoria nomeada agora, cinco meses após o decreto estruturador, certamente pela dificuldade em encontrar candidatos para essa “missão de martírio”. E ainda assim, a nomeação descumpre o próprio decreto, que exige a presença de pelo menos um servidor público federal entre os diretores (art. 5, par. 1). Fechando o festival de cabeçadas: com a recusa do Diretor-Geral em empossar-se, a Diretoria não pode rá funcionar. Para reunir-se, é exigido um quórum mínimo de três diretores, entre eles o Diretor-Geral (art. 12, par.
1). E só a este cabem as medidas gerenciais, como nomear, comissionar, contratar etc (art. 20).
A única lição a tirar dessa burlesca corrida de calhambeques é a de que não adianta obstinar-se no caminho errado, tentando avançar aos tropeções. Se, por circunstâncias que já não vale a pena evocar, enveredamos por trilha incerta, só há uma coisa a fazer: retomar a via correta, cujo ponto de chegada pode ser vislumbrado. No caso em tela, isso equivale ao que o próprio Presidente sugeriu, ou, ao menos, admitiu: “consertar”, no Congresso, a malsinada MP, e convertê-la em lei que reflita as proclamadas intenções de transformar, fortalecer e modernizar a autarquia regional. E para tanto, três pontos destacam-se como essenciais: mudar a fórmula de extinção para transformação, manter o Conselho Deliberativo na estrutura do órgão e garantir-lhe a missão efetiva de formular políticas de desenvolvimento e coordenar a ação do Governo Federal na região.
Em sucessivos artigos publicados nesta página (06.06.2001, 26.10.2001, 05.03.2002 e 02.05.2002), temos, modesta mas incansavelmente, martelado essa tecla. Mas outra também merece ser ferida: não há justificativa para a insistência em dar um tratamento uniforme às questões de desenvolvimento do Nordeste e da Amazônia. As características das duas regiões são tão distintas, são tão profundas as suas divergências em ecologia, economia e história, suas agências planejadoras Sudene e Sudam tiveram sempre um comportamento tão discrepante, que a explicitação dessas diferenças tomaria um artigo inteiro. Aqui, só cabe a pergunta: que mesquinha conveniência política nos mantém jungidos a um ambiente geográfico e institucional que nada tem a ver conosco? Quando teremos um tratamento político-administrativo específico, compatível com a nossa realidade infra e superestrutural?
Todos esses fatos incontrastáveis comprometem a liturgia da Presidência da República, transformando uma cerimônia que se requeria solene numa pantomima. Pois que sentido há em dar posse a uma diretoria capenga, que não pode funcionar?
Tem toda a razão o candidato José Serra, nosso honrado companheiro de antigas lides estudantis: a melhor maneira de o Presidente ajudar na sua campanha é governando bem. E a solução do presente imbróglio, junto ao Congresso, é um dos desafios restantes. Sugerimos, mais uma vez, que o próprio candidato tome o pião na unha, dando também o seu empurrãozinho, se não quiser ser atingido pelo desgaste de situação tão constrangedora.
Colunistas
PINGA FOGO – Inaldo Sampaio
Glória passageira
O fato novo da pesquisa Exatta/JC, divulgada há três dias por este Jornal, é a posição de João Arraes como candidato a senador. O fato de ele ter aparecido empatado com Sérgio Guerra, tanto na disputa da primeira cadeira como também na briga pela segunda, não deixa de ser surpreendente para quem pertence a um partido que está-se enfraquecendo e ainda não acertou o passo nessas eleições.
Muito pelo contrário, acaba de substituir Humberto Barradas por Dílton da Conti, como seu candidato ao governo estadual, em meio a uma divergência do primeiro com com a direção nacional, que insiste em manter a candidatura de Garotinho à presidência da República contra a vontade de muitas secções regionais. Afora isso, tal como prognosticou, dois anos atrás, o ex-deputado Egídio Ferreira Lima, o “arraesismo” está-se exaurindo e ainda não encontrou o caminho da renovação, nem mesmo com o deputado Eduardo Campos.
Óbvio que sem dispor de qualquer estrutura para fazer sua campanha João Arraes não pode ter a ilusão de que será eleito senador. Mas só o fato de, nesta prévia, ter aparecido empatado com Sérgio Guerra, gratificou-o. Como se sabe, Sérgio está na mídia há mais de dois anos, quando foi escolhido vice na chapa de Roberto Magalhães.
Fôlego de gato
Dos políticos da geração pré-64, poucos têm a capacidade de recuperação de Leonel Brizola. Perdeu duas eleições seguidas de forma humilhante (em 94 para o governo do Rio e em 98 como vice de Lula), mas hoje está de novo na crista da onda, apesar de ter perdido Garotinho, eleito com o seu apoio para o governo daquele Estado. Hoje, é um dos favoritos como candidato a senador, no Rio, seu candidato a governador, José Roberto Silveira, está bem cotado, e Ciro Gomes, idem.
Frente à frente
Nesta quinta-feira, o “Opinião Nacional”, da TV Cultura, ancorado pelo jornalista Dirceu Brisola, entrevistará Roberto Freire. O senador pernambucano será sabatinado sobre episódios não esclarecidos envolvendo o vice de Ciro, Paulo Pereira da Silva, e o coordenador da campanha, José Carlos Martinez (PTB), além da aliança do candidato com ACM.
Rumo ao penta
Depois de um longo período de indecisão sobre se continuaria ou não na vida pública, o deputado Garibaldi Gurgel (PMDB) finalmente decidiu: irá, sim, em busca do 5º mandato para a Assembléia Legislativa. Partirá forte de Palmares com o apoio do prefeito Francisco Rodrigues, podendo completar sua votação no restante da Mata Sul.
Coligação pró Lula pode fazer cinco federais
Para Pedro Eugênio (PT), que inaugurará hoje, às 19h, o seu comitê, a coligação PT-PL-PCdoB elegerá 4 federais, podendo chegar a 5. Estão no páreo o próprio, Ferro, Maurício Rands, Paulo Rubem, Renildo e Marcos de Jesus.
Novo candidato do PSB irá tratar de questões reais
A troca de Humberto Barradas por Dílton da Conti, como candidato a governador pelo PSB, insere-se na política do partido de colocar para o debate, nessas eleições, questões que o governo estadual está-se negando a discutir.
À caça de votos
Carlos Wilson (PTB) anda feito formiguinha à caça de votos no interior. No último final de semana, além de ter tido uma conversa, a sós, com Inocêncio Oliveira (PFL), na cidade de Serrita, participou, em Serra Talhada, da abertura do comitê de campanha do médico e candidato a deputado federal Luiz Aureliano (PT).
À mão armada
Em Brasília, quatro assaltantes fortemente armados invadiram a residência do ex-deputado pernambucano Josias Leite, no Lago Sul, exigindo jóias e dinheiro. O ex-deputado, que está com câncer, estava dormindo. Seu filho, Júnior, que presenciou o assalto, ficou sem o carro e os documentos.
Candidata a estadual pelo PT, Teresa Leitão (ex-Sintepe) ganhou este “presente” do violeiro Ismael Pereira: “Enfrenta qualquer batalha/é nobre, forte e gentil/é destemida e trabalha/pela classe estudantil/é dinâmica, poderosa/tem valor, é talentosa/luta com dedicação/com transparência e clareza/seriedade e firmeza/vejo em Teresa Leitão”.
Se Ciro realmente parou de crescer, como diz a última pesquisa do Ibope, só iremos saber nas próximas prévias. Independente disto, ele está-se fortalecendo em Pernambuco. A próxima vinda dele a este Estado é para participar de um comício, em Petrolina, ao lado do prefeito Fernando Bezerra Coelho (PPS).
Depois de 30 dias de recesso, o Congresso Nacional retoma hoje suas atividades parlamentares. O quórum ficará além do esperado. Cerca de 80% dos deputados federais encontram-se em seus Estados, fazendo campanha, e não irão para Brasília numa quinta-feira. Quórum qualificado, mesmo, se houver, será na próxima 3ª feira.
Ao “Estadão”, Roberto Freire (PPS) chamou de “golpista”o ex-senador Antonio Carlos Magalhães. O relacionamento entre ambos sempre foi conflituoso desde a quebra do sigilo do painel eletrônico do Senado. Se Ciro Gomes for pesidente, administrar os conflitos entre ACM e Freire será um desafio e tanto.
Editorial
REJEIÇÃO A PREFEITOS < BR>
A rejeição aos prefeitos das mais importantes cidades do Grande Recife e Região Metropolitana é uma característica comum, conforme pesquisa feita pelo Instituto Exatta, com exclusividade para o Jornal do Commercio. O que não alegra ninguém, a não ser àqueles que só pensam e agem em função de política miúda. O maior índice de reprovação ficou com a prefeita Luciana Santos (PCdoB), de Olinda (61%). João Paulo (PT), do Recife, e Fernando Rodovalho (PSC), de Jaboatão dos Guararapes, empataram em 34%. Se considerássemos o item ‘regular’ como uma expectativa de melhora de desempenho, o prefeito do Recife somaria mais 39% a seus 25% de aprovação; o de Jaboatão 38% a sua aprovação de 27%; e a prefeita de Olinda 27% a seus 11% de aprovação. Quais os motivos para essa avaliação? Eles têm somente um ano e meio de mandato cumprido. O que faz com que sejam vítimas de tanta rejeição pelos habitantes de seus municípios? Falta de verbas? Prioridades equivocadas? Equipes fracas? Todos eles têm algumas pessoas competentes em suas administrações. Muita coisa está embutida nesse processo condenatório das administrações públicas; não apenas da RMR, mas certamente de grande parte dos municípios do Estado e do País.
Em primeiro lugar, deve-se reconhecer que a má distribuição das receitas públicas, com grande parte delas sendo apropriadas pela União, empobreceu de modo geral os municípios; e quanto maiores e mais populosos, mais crescem seus problemas. Outra causa são os desmembramentos inconseqüentes de vários deles, concedendo-se emancipação política a antigos distritos; o que enfraquece a antiga sede e cria municípios sem condição de sobrevivência. (Paulista, quando desligou-se de Olinda, levou consigo grande parte da arrecadação, especialmente pelo Distrito Industrial e pelo IPTU da região das praias.)
Mas, há também - numa carga muito grande - promessas irresponsáveis de campanha que jamais vão ser cumpridas, e os próprios prefeitos sabem disso. Tomem-se as coleções dos jornais e se verá que não foram apenas João Paulo, Fernando Rodovalho e Luciana Santos que acenaram à população com melhor sistema de transporte, mais segurança, mais empregos, mais educação e mais saúde. Todos sabiam que eram promessas para jamais serem cumpridas, que essas demandas dependem quase sempre de outras esferas de poder, desde o Governo estadual ao Governo federal.
Hoje, todos são obrigados a conviver com o trânsito caótico agravado pelos kombeiros, com o aumento da violência nas periferias, com uma rede de saúde insuficiente e sucateada, com o desemprego que aumenta em proporções alarmantes. Os prefeitos vão resolver sozinhos tais problemas? É evidente que não vão.
Então, o que se vê? Uma população frustrada e impotente, a jogar nas costas de seus governantes a carga de sua desesperança. Se as ruas estão mais sujas e esburacadas, se o trânsito não anda, o chefe da família perdeu o emprego, as filas nos corredores dos hospitais são diárias e intermináveis, a culpa é do prefeito e da falsa ilusão que ele vendeu como candidato. Dessa forma, João Paulo, Fernando Rodovalho e Luciana Santos, num grau menor ou maior, são avaliados pela população que os elegeu. O resultado não é bom, após um ano e meio de administração, tempo bastante para que acabasse a “lua de mel”, até mesmo para aqueles partidários mais fiéis. E as cobranças, a partir de agora, serão sempre mais freqüentes e menos pacientes. Nos nossos (maus) costumes políticos, esses números poderiam servir de lição: ninguém deve prometer aquilo que não tem, nem criar a ilusão de que se corrigem, no curto espaço de um mandato, erros acumulados ao longo da história.
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08/01/2002
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