TEBET PEDE SENSIBILIDADE DO GOVERNO E DIZ QUE EQUIPE ECONÔMICA VIVE "EM REDOMA DE VIDRO"



O senador Ramez Tebet (PMDB-MS) criticou, durante discurso no plenário, o que chamou de "falta de sensibilidade do governo para tratar dos problemas sociais do país", e acusou a equipe econômica de viver "numa redoma de vidro", sem escutar o apelo dos políticos e da sociedade. Tebet reclamou da situação vivida pelos agricultores endividados e condenou também a falta de soluções para os problemas das áreas de educação e saúde.- Não é possível continuar assistindo ao governo deixar as coisas acontecerem sem fazer nada para evitá-las, querer ignorar os problemas de maneira pomposa e triunfalista, como se as coisas que estão acontecendo fossem normais, quando vemos aqui em Brasília tratores e caminhões com agricultores querendo ser ouvidos. O governo federal está completamente equivocado na maneira de conduzir os problemas sociais do país - disse.Para Tebet, há uma grave crise social e econômica, mas o governo não ouve apelos sociais da classe política e está sempre solicitando ao Congresso a aprovação de matérias e a compreensão para que possa cumprir os compromissos internacionais assumidos. O senador questionou as condições estabelecidas para o país pagar suas contas e cumprir compromissos junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI), sacrificando setores como a educação, a saúde e a agricultura.Ao exaltar o ex-presidente Juscelino Kubitschek, o parlamentar do PMDB disse que, quando Juscelino enfrentou o dilema entre o FMI e o povo, escolheu o povo. - Por isso que ele até hoje é lembrado como um dos maiores, senão o maior presidente do país - observou. Tebet criticou o presidente Fernando Henrique pelo fato de este considerar a maioria dos agricultores caloteira e de ameaçar com o veto qualquer projeto aprovado pelo Congresso que beneficie o setor. - Isso não é uma fala própria de presidente, pois ele está ameaçando e não deveria - disse.Ao elogiar a cultura e o preparo de Fernando Henrique, o senador concluiu que o problema vivido pelo presidente é que ele está muito vinculado ao ministro da Fazenda, Pedro Malan e, por isso, não consegue mais ditar os rumos que a economia deve ter. Pedro Malan também é competente, segundo Tebet, mas não tem sensibilidade suficiente para abordar os problemas sociais do país.Em apartes, Emilia Fernandes (PDT-RS) também pediu maior sensibilidade do governo para o problema da agricultura, enquanto Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que há um estudo da Fundação Getúlio Vargas apontando erros nos cálculos dos empréstimos feitos aos agricultores. Lúdio Coelho (PSDB-MS) ressalvou que o protesto dos agricultores está sendo feito de forma pacífica.Ao encerrar o discurso, Ramez Tebet criticou ainda o aumento dos preços dos medicamentos e fez um alerta.- Se não melhorarmos a parte social do país imediatamente, tenho receio sobre os destinos do Brasil. É preciso que o governo tenha mais sensibilidade.

20/08/1999

Agência Senado


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