Tião Viana diz que debate sobre clonagem ainda é incipiente



Às vésperas do Seminário sobre Clonagem Humana, o senador Tião Viana (PT-AC), que participará do evento no Auditório Portella nos dias 11 e 12, solicitou amplo debate sobre o tema. Na sua opinião, o Congresso tem o dever de legislar e de encontrar um caminho para amparar a sociedade na regulamentação de um assunto que ele considera inscrito entre as mais importantes polêmicas éticas e políticas da atualidade.

- Não se tem dada a devida atenção à matéria, inclusive no Parlamento, onde sequer o tema da Reprodução Assistida tem tido conseqüência legislativa - acrescentou Tião Viana.

Para o senador, a clonagem terapêutica (utilização de células embrionárias na criação de órgãos para transplantes) e a clonagem reprodutiva, abordada pela novela O Clone, por exemplo, são as duas alternativas colocadas no debate sobre a clonagem humana. A seu ver, é -precipitada a opinião expressamente favorável à clonagem para fins terapêuticos- encontrada na imprensa de modo geral, mesmo sendo ela respaldada por poderosas organizações científicas e médicas. Para estas, a clonagem terapêutica pode beneficiar vítimas de acidentes que padecem de tetraplegias e lesões medulares e trazer a cura de doenças como diabetes, mal de Alzheimer e cânceres.

Mas, de acordo com o senador, em nome desses benefícios e do desenvolvimento científico, não são questionados, por exemplo, se a biologia molecular não teria resultados equivalentes e se os países ricos não deveriam investir num fundo internacional de ciência e tecnologia e não em armamentos e guerras.

Mesmo considerando incipiente o debate nacional sobre a clonagem, Tião Viana disse que há no Congresso o projeto do senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE), sobre reprodução assistida, que proíbe explicitamente a clonagem humana e traz avanços significativos, em sua opinião. Relator da matéria na Comissão de Assuntos Sociais, Tião Viana relatou ter apresentado substitutivo em que, preocupado com as experiências com células-tronco, incluiu artigo permitindo o estudo em embriões derivados de técnicas de reprodução assistida que, -após rigoroso procedimento ético, não obtiveram êxito em sua fixação no útero-.

Esta, entende o senador, seria uma forma de garantir o prosseguimento das experiências, sem, contudo, infringir princípios éticos e fundamentais que têm norteado a vida no planeta até o presente.



10/06/2002

Agência Senado


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