Tião Viana elogia opiniões de Celso Furtado sobre Alca, que alertam para prejuízos ao Brasil



Nesta sexta-feira (13), o senador Tião Viana (PT-AC), líder do partido, pediu que o Senado registre artigo publicado pelo economista Celso Furtado no jornal Folha de S. Paulo , no qual alerta que a adesão do Brasil à Área de Livre Comércio das Américas (Alca) como está definida seria prejudicial para o país e que a criatividade nessa questão pode indicar caminhos melhores. Viana elogiou Celso Furtado, a quem considera um símbolo da inteligência brasileira.

No artigo, lido pelo senador em Plenário, Furtado debate a responsabilidade dos cientistas e pede que os intelectuais brasileiros sejam criativos nas buscas de soluções.

- É uma das manifestações mais bonitas e lúcidas que se pode registrar na atualidade. Um alerta para toda a sociedade intelectual brasileira, alerta a todos os gestores nacionais, do bloco Sul Americano, da América Latina no que diz respeito a integração a Área de Livre Comércio das Américas - afirmou Tião Viana.

O senador disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem conseguido -olhar para o lado-, orientando seus gestos com -inteligência absoluta- ao buscar parcerias econômicas, culturais, comerciais e de solidariedade com outros pólos, como África do Sul, União Européia e Ásia.

Ainda de acordo com o texto lido por Tião Viana, a globalização vem reduzindo drasticamente a ação regulatória dos Estados, o que leva à tendência persistente de desequilíbrio interno e externo. Para o economista, esse quadro cria inflação crônica e leva governos a praticarem uma política recessiva. Celso Furtado afirma que qualquer solução proposta exige mudanças profundas na distribuição da renda, medida difícil de alcançar porque muitas variáveis dependem de decisões tomadas fora do país.

Mas Furtado destaca que o processo de globalização é aberto. -O que acontecerá em cada país dependerá substancialmente de seu povo e de seu governo-, diz no texto. O economista observa que, na América Latina, o plano de integração continental proposto com a Alca reveste-se de gravidade, uma vez que o Brasil estará firmando um compromisso entre desiguais, pois quem o lidera é a maior potência econômica, política e militar do mundo, os Estados Unidos.

O economista acredita que a Alca acarreta clara perda de soberania para o Brasil, que terá de renunciar a um projeto próprio de desenvolvimento, abdicar de uma política tecnológica independente e esfacelar o seu já fragilizado sistema industrial. Além disso, a Alca não prevê possibilidade de livre fluxo migratório, destaca.

-Cabe a nós, intelectuais e cientistas, balizar os caminhos que percorrerão as gerações futuras. O homem é alimentado por um gênio criativo que sempre nos surpreenderá. Resta-nos velar para que a chama criativa se mantenha acesa e ilumine as áreas mais nobres do espírito humano-, conclui o economista, apostando na criatividade como maneira de mudar um destino aparentemente imposto, conforme citou Tião Viana.



13/06/2003

Agência Senado


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