Tião Viana, falando como líder: sentimento de unidade deve prevalecer no PT



O PT continuará respeitando as divergências internas, mas caminhará unido na votação das reformas. Foi o que anunciou nesta quinta-feira (15) o líder do partido no Senado, Tião Viana. Ele discursou em Plenário depois que oito senadores petistas voltaram atrás em pedido para que a executiva do PT revisse a decisão de abrir processo contra parlamentares dissidentes por quebra da ética. Tião Viana chegara a anunciar que deixaria a liderança, depois de os oito senadores terem divulgado documento, sem consulta aos líderes do partido, sugerindo a abertura de negociações com os dissidentes.

- Não restava outro caminho a não ser a renúncia, mas houve a reparação do erro, que foi a retirada do documento - disse o líder.

No entender de Tião Viana, o documento, que seria enviado à Executiva Nacional do PT, foi motivado por sentimento de solidariedade de senadores do partido em relação a parlamentares que têm se posicionado contra o texto da reforma da Previdência - a senadora Heloísa Helena (AL), e os deputados João Bastista Babá (PA) e Luciana Genro (RS). No entanto, afirmou o senador, a posição dos oito senadores representou ingenuidade política, uma vez que as lideranças no Parlamento não foram convocadas a opinar, com conseqüências políticas.

O senador disse ainda que a intenção dos parlamentares que assinaram o documento é construir uma alternativa ao processo na Comissão de Ética.

- Há um impasse no partido que precisa ser superado sem traumas, sem que sejam criadas vítimas ou algozes. O Partido dos Trabalhadores foi construído de sonhos e não pode ser desrespeitado - afirmou.

Na avaliação de Tião Viana, a direção do partido entende que o limite de tolerância que deve existir no debate interno foi ultrapassado. Por outro lado, assinalou, os parlamentares envolvidos consideram que foi violentado o seu direito de debater.

- Todos os recursos de opinião têm que ser sagrados, mas é preciso respeitar as diferenças internas e, construída a maioria, o sentimento de unidade de ação. Respeitadas as livres divergências, as tentativas de mobilizar a sociedade serão aceitas, mas o limite será a decisão partidária, tomada pela maioria - argumentou.

Tião Viana fez um apelo à unidade do partido lembrando os 23 anos de história do PT, sintetizados na trajetória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

- O presidente é o grande vetor dos nossos sonhos e quem sofreu mais derrotas para chegar aonde chegamos. Meus sonhos de partido estão vivos e o sentimento de justiça irá prevalecer. Sabemos conviver com este tipo de crise e saberemos enfrentar a realidade que se impõe entre nós. O que há de mais sublime é o respeito ao que foi construído por todos: o estatuto do partido. Vamos respeitar o direito sagrado do partido de impor a sua personalidade democrática e a defesa das reformas - disse Tião Viana, agradecendo a solidariedade dos senadores Paulo Paim (RS), Roberto Saturnino (RJ), Serys Slhessarenko (MT), Siba Machado (AC), Aloízio Mercadante (SP) e da própria Heloísa Helena.



15/05/2003

Agência Senado


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