Tião Viana repudia "agressões" de Juvêncio
O líder do PT no Senado, Tião Viana (AC), repudiou nesta segunda-feira (10) -as insinuações, críticas e agressões desnecessárias- ao partido, que ele atribuiu ao presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, senador Juvêncio da Fonseca (PMDB-MS). De acordo com Tião Viana, as declarações do presidente do conselho foram feitas após o encaminhamento de solicitação assinada pela bancada petista para que o conselho recebesse as provas documentais e testemunhais dos jornalistas Luiz Cláudio Cunha e Weiller Diniz, da revista Istoé, que provariam o envolvimento do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) no caso das escutas telefônicas ilegais na Bahia.
Ao comentar porque não convocaria os jornalistas para falar ao conselho, Juvêncio disse que o pedido do PT deveria ter sido encaminhado sob a forma de representação contra Antonio Carlos. Segundo Juvêncio, o PT não estaria com -coragem- para encaminhar a representação. E no último fim de semana, Juvêncio disse que os resultados das investigações da Polícia Federal mais o conteúdo de reportagem da Istoé sobre os grampos eram suficientes para que se abrisse um processo contra o senador baiano. -O partido que tiver interesse pode fazer o pedido-, afirmou o presidente do conselho.
Tião Viana lembrou que primeiramente o PT solicitou a criação de uma subcomissão para acompanhar o inquérito da Polícia Federal, pedido atendido por Juvêncio, que também fez parte da subcomissão com os senadores João Alberto Souza (PMDB-MA) e Jefferson Péres (PDT-AM). Em seguida, o PT tomou a decisão de encaminhar a solicitação dos jornalistas ao Conselho de Ética, com base no artigo 17 da Resolução do Senado Federal nº 20, de 1993.
- Foi quando começaram as agressões e insinuações do senador Juvêncio ao PT. Lamentavelmente, o senador Juvêncio da Fonseca ignorou a nossa solicitação e passou a agredir o nosso partido. Esperamos que essas acusações desnecessárias não se repitam ou teremos que solicitar providências regimentais quanto ao decoro parlamentar.
O senador Romeu Tuma (PFL-SP), na qualidade de corregedor do Senado, revelou que estava com o presidente José Sarney quando este recebeu o ofício de Juvêncio da Fonseca encaminhando a solicitação do PT para que a Presidência do Senado tomasse conhecimento e não providências. Segundo Tuma, Sarney deu um despacho no ofício apenas para demonstrar que estava acompanhando de perto o desenrolar do caso, mas que nem isso seria necessário. -O fato não pede nenhum tipo de providência-, acrescentou. Tuma disse ainda que, por intermédio da Corregedoria, solicitou cópias dos depoimentos à Polícia Federal e que não acredita ter havido qualquer prejuízo às investigações.
O vice-líder do PSDB, senador Romero Jucá (PSDB-RR), disse que estranhou a -mudança light, de paz e amor- que o PT sofreu depois de ter vencido a eleição presidencial. Segundo ele, desde o início do ano o PT tem procurado outros partidos para encaminhar ações conjuntas, quando jamais havia feito isso antes. -O PT sempre partidarizou sua atuação no Conselho de Ética. Parece mais um jogo de cena para calar as pressões dentro do partido. O encaminhamento do PT foi feito de forma totalmente diferente de outros anteriores-, afirmou.
Tião Viana disse que a forma de encaminhamento das ações do PT são as mesmas de sempre e citou os ofícios encaminhados ao Conselho de Ética nos casos da violação do painel de votação do Senado e do envolvimento do ex-senador Jader Barbalho no desvio de recursos da Sudam. -Gostaria que o PSDB tivesse a mesma postura do PT nas questões éticas. O grampo ilegal é um problema de todos os partidos-, assinalou.
O senador informou também que a bancada do PT deve tomar uma posição oficial sobre o caso após reunião marcada para esta terça-feira, às 8h30.
10/03/2003
Agência Senado
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