Tourinho alerta para possibilidade de crise energética em 2008
Ao externar sua preocupação com as ameaças de perdas de ativos da Petrobras na Bolívia e na Venezuela, o senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA) alertou para a possibilidade de uma crise energética atingir o Brasil, sobretudo o Nordeste, a partir de 2008. Na sua avaliação, a quebra de contratos que os dois países estão promovendo deve ser tratada como uma questão de Estado e repelida pelo governo brasileiro.
Enquanto a Bolívia está ameaçando tomar ativos da Petrobras, a Venezuela vem impondo a alteração de contratos de exploração e produção que mantém com a empresa petrolífera brasileira. Segundo Tourinho, o assunto vem sendo tratado por diretorias da Petrobras, que até agora têm minimizado o problema.
Lembrando que metade do gás consumido no Brasil vem da Bolívia e que o governo brasileiro pretende construir um gasoduto que começa na Venezuela e vai até a Argentina, Tourinho defendeu uma ação firme do governo Luiz Inácio Lula da Silva e cobrou a aprovação do projeto que trata de agências reguladoras, em tramitação na Câmara, e do PLS 226/05, de sua autoria, que regula o transporte de gás.
- Meu projeto regula a questão do transporte do gás natural sem mexer nas áreas de produção e exploração e sem mexer também na distribuição. Estávamos negociando com o líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP) e com a diretoria da Petrobras quando fomos surpreendidos por um projeto encaminhado pelo governo ao Congresso com uma proposta diferente da nossa - afirmou Tourinho.
O senador leu transcrição de comentário feito pela jornalista Miriam Leitão na edição desta terça-feira (4) do programa Bom Dia Brasil, da TV Globo. Ela fala sobre a necessidade da regulamentação do transporte de gás e alerta que, sem regras claras, os investimentos não acontecerão e a possibilidade de desabastecimento aumentará.
"A proposta do senador Rodolpho Tourinho não expropria nada da empresa. Apenas regulamenta o direito de passagem. É assim no mundo inteiro. Quando há uma empresa que detém o monopólio de transporte, por exemplo, o país quer aumentar a participação de empresas no setor e criam-se as regras claras para que a estrutura de transporte possa ser usada também por outras empresas", disse a jornalista.
Os senadores José Jorge (PFL-PE), Romeu Tuma (PFL-SP) e Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) concordaram com a opinião de Tourinho de que o governo brasileiro deve agir com mais firmeza na defesa dos interesses do país. Antonio Carlos sugeriu que, independente do projeto encaminhado pelo governo, o projeto de Tourinho seja posto em votação no Senado.
- Quem quiser que fique com o governo e contra o Brasil e vote contra o projeto do senador Tourinho - disse Antonio Carlos.
04/04/2006
Agência Senado
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