Tourinho defende criação do cadastro positivo das empresas



Na audiência pública realizada nesta terça-feira (3) pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para discutir a nova Lei de Falências, o senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA) defendeu a criação, pela Federação Brasileira dos Bancos (Febraban), de um cadastro positivo das empresas, a exemplo do que já ocorre com as pessoas físicas que, ao solicitarem abertura de crédito ou empréstimo, têm seus nomes submetidos à Serasa, entidade que avalia a inadimplência comercial e bancária do contribuinte em todo o país.

Em resposta, o presidente da Febraban, Gabriel Jorge Ferreira, considerou que o cadastro positivo das empresas seria "benéfico para todos" e iria até ajudar a reduzir o spread bancário, mas observou que a organização do cadastro dependeria da aprovação de uma lei própria que, adiantou, já está sendo elaborada pelo governo federal.

Gabriel Ferreira, também em resposta a Tourinho, manifestou sua posição contrária à retirada da competência do Banco Central para cuidar da supervisão bancária. Para o presidente da Febraban, o BC, nos últimos oito anos, aprimorou em muito o trabalho de supervisão. Além do mais, disse, essa tarefa tem que pertencer ao órgão que dirige a política monetária do país, que é o Banco Central. Do contrário, notou, o banco perderia eficácia.

Letra morta

Já o senador Geraldo Mesquita Júnior (PSB-AC) disse que de nada vai adiantar uma nova Lei de Falências se não for levado em conta o aprimoramento do processo de criação de empresas. Na sua opinião, a legislação que trata da constituição de empresas "é absolutamente irresponsável" e muitas firmas são criadas com o objetivo de lesar terceiros. Por isso ele defendeu maior rigor na abertura de empresas, como apresentação de patrimônio, objetivos a serem alcançados e planos de atuação no mercado, que seriam submetidos a câmaras de serviços.

O especialista em Direito Comercial e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Fábio Ulhoa Coelho salientou que a proposta sugerida pelo senador do Acre esbarraria na liberdade de iniciativa e na competição que, observou, são salutares para o mercado.

Gabriel Ferreira, da Febraban, concordou em parte com a proposta do senador e pregou a realização de auditorias externas independentes em empresas médias e grandes a partir de um certo capital a ser fixado. Pela proposta, caberia aos Conselhos Federais de Contabilidade realizar tais auditorias. As auditorias, observou Gabriel Ferreira, ajudariam a prevenir inclusive a evasão fiscal.

Já o senador Fernando Bezerra (PTB-RN) disse não ver outra saída se não a falência nos casos de empresas inviáveis. Gabriel Ferreira defendeu a decretação da falência como última medida, só admitindo essa hipótese em caso de fraude comprovada. O mais importante, observou, é tornar a empresa viável, por meio de um plano de recuperação.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) também participou dos debates e congratulou-se com o presidente da Febraban pela iniciativa de construir cisternas, principalmente no sertão nordestino, o que vem beneficiando milhares de famílias.



03/02/2004

Agência Senado


Artigos Relacionados


Criação do Cadastro Positivo é aprovado na CCJ

Sancionada lei que permite criação de cadastro positivo

Senado discute em seminário a criação do cadastro positivo

Senadores elogiam cadastro positivo, mas criticam criação por medida provisória

Aprovada criação de cadastro positivo para diminuir custo de crédito

Lúcia Vânia defende aprovação do Cadastro Positivo