TSE consolida grandes partidos









- TSE consolida grandes partidos

- A chiadeira do primeiro momento pode se transformar em suspiro coletivo de alívio. Quando o PT de Luiz Inácio Lula da Silva, o PFL de Roseana Sarney e o PSDB de José Serra examinarem os votos obtidos em cada cidade e região do País nas eleições municipais de 2000, chegarão a uma conclusão singela: nenhum deles tem motivos reais para lamentar a resolução do TSE que engessou as coligações.

Mais do que nunca, estão no jogo. Para o PT, a reviravolta foi particularmente providencial: livrou-o da trapalhada em que se transformara a parceria com o PL. Coligações estaduais seriam impossíveis, tal a variação de matizes apresentada pelo aliado.

Os dados preliminares do "Atlas das Eleições Municipais" evidenciam que Lula, Roseana e Serra dispõem de máquinas de votos. Nessa categoria estaria o PMDB, mas essa confederação de caciques regionais é incapaz de entender-se nacionalmente. (pág. 1 e 8)

- Enquanto crescem os índices de desemprego em outros setores, a indústria naval do Rio procura técnicos e engenheiros para cumprir prazos de entrega de encomendas.

Impulsionados pela demanda do setor petrolífero, os estaleiros limpam áreas tomadas pelo mato, dragam canais e estimam quadruplicar a mão-de-obra em quatro anos. (pág. 1 e 19)

- "Quando identificamos o tipo 3 do vírus da dengue, comunicamos a todos os órgãos de saúde, mas essa informação não foi usada". A revelação é do virologista Hermann Schatzmayr, da Fiocruz, para quem nada substitui a visita de casa em casa no combate ao 'Aedes aegypti'. "As autoridades preferem fazer obras com visibilidade e não cuidam do combate ao mosquito, de saneamento", lastima. (pág. 13)

- As razões do apoio dos EUA à Colômbia - US$ 1,6 bilhão em armas - vão além da decisão de esmagar guerrilheiros e narcotraficantes que suprem 90% do mercado americano de cocaína e 65% de heroína. A Casa Branca quer garantir o petróleo colombiano. (...) (pág. 14)

- Quando o presídio de Ilha Grande foi desativado, em 1994, fichas de presos políticos encheram 400 caixas de papel. Dada como pedidas, foram localizadas por pesquisadores do Arquivo Público no Complexo Penitenciário de Bangu. (pág. 2)

- O presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, e o deputado federal petista Nilmário Miranda (MG) não puderam embarcar ontem num vôo para o exterior depois que agentes da Polícia Federal consultaram o cadastro consolidado de criminosos do Ministério da Justiça, o Infoseg.

O senador e candidato tucano à Presidência José Serra, que também embarcaria no avião, ficou retido no aeroporto pelo mesmo motivo. Um quarto passageiro, o professor de música e ouvidor da Secretaria do Trabalho do estado do Rio, Carlos Eugênio Coelho Sarmento da Paz, tampouco pôde ocupar sua poltrona.

Lula e Serra foram liberados depois de algum tempo, mas perderam o vôo. Nilmário e Carlos Eugênio acabaram presos. (pág. 4)

- Quando se pensa no destino do PSB de Anthony Garotinho e do PPS de Ciro Gomes, depois da decisão do Tribunal Superior Eleitoral, o Atlas das Eleições Municipais de 2000 mostra uma realidade cruel: os dois partidos são mal implantados, sem estrutura, distribuição espacial homogênea e votos suficientes para manter os candidatos com chances na competição. As novas regras do jogo os deixaram irremediavelmente órfãos. (...)

- (Brasília) - O céu tucano, como o dos católicos, é regido por uma santíssima trindade. Ao centro, André Franco Montoro (1916-1999), eterno presidente de honra da costela do PMDB que deu origem ao PSDB em 1989. À direita de Montoro, Mário Covas (1930-2001) em bom lugar. Completando a trinca, Sérgio Motta, o Serjão (1940-1998).

A memória de Covas será cultuada na terça-feira em rede nacional de rádio e televisão. Estará presente no programa gravado pelo PSDB para lançar - de vez - a candidatura do ex-ministro da Saúde José Serra ao Planalto.

A morte de Covas completa um ano exatamente no dia seguinte, quarta-feira. Ninguém duvida da unanimidade 'post-mortem' do ex-governador de São Paulo. Tanto que o seu funeral atraiu até Paulo Maluf. (pág. 6)


Colunistas

COISAS DA POLÍTICA - Dora Kramer

A despeito das bravatas antidemocráticas da bancada do PMDB no Senado, que defende a tese do confronto de poderes para tornar sem efeito a manifestação da Justiça sobre as coligações partidárias, esta é uma decisão sem volta.

Entre outros motivos porque não há unanimidade de posições nos partidos e nenhum deles está efetivamente disposto a provocar ainda mais confusão, criando crise institucional.

Essa realidade até o deputado José Genoíno, um dos mais aguerridos combatentes da resolução do TSE entre aqueles que têm essa opinião por convicção e não por conveniência, reconhece. O debate sobre o tema, no entanto, está longe de arrefecer. Por isso é importante a análise dos mais variados aspectos da questão, independentemente do fato de ser inquestionável o caráter moralizador da obrigatoriedade de os partidos adotarem uma única lógica para fazer alianças nacionais e estaduais. (...) (pág. 2)

(Informe JB - Ricardo Boechat) - A Secretaria Nacional Antidrogas encomendará à UFRJ, amanhã, uma pesquisa sobre as ONGs que atendem dependentes químicos no País.
Imaginava-se que eram cerca de 1.300, mas um levantamento preliminar reduziu-as a menos de 250.

O estudo apontará as que fazem jus às verbas oficiais. (pág. 6)


Editorial

"LEI DURA, LEI FRACA"

A iniciativa do Governo federal, de propor leis mais duras para combater a criminalidade, vai contra o próprio espírito das leis em vigor que tudo fazem para amenizar a vida da bandidagem. O caso do chamado Maníaco do Cassino, da cidade gaúcha de Rio Grande, condenado a 171 anos por ter assassinado sete pessoas, é o exemplo por excelência da atual situação penal brasileira.

Ninguém fica mais de 30 anos detido. Por bom comportamento, pode ser solto ao cumprir um terço da pena. Mas como foi considerado semi-inimputável (algo assim por ter um parafuso frouxo) em 10 anos um advogado razoável o põe na rua, pronto para outra.

Afinal, no Brasil, quantas mortes, roubos ou fraudes são necessários para manter um criminoso na cadeia para que ele purgue seus crimes? As leis para coibir a criminalidade são em princípio fracas.

O Código Penal de 1941, carcomido pela velhice, vela como ave de mau agouro sobre a insegurança coletiva. Do arcabouço constitucional à ronda policial (inexistente) nas ruas, tudo ainda está por ser feito e sobretudo discutido nos debates eleitorais que se avizinham. Não mais pretexto para adiar a discussão. (...) (pág. 10)


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03/03/2002


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