Unicamp: Crianças com paralisia cerebral recebem avaliação nutricional de pesquisadora
Trabalho de mestrado de aluna mostra a importância do acompanhamento nutricional dos pacientes
Pesquisa realizada no Hospital das Clínicas da Unicamp fez avaliação nutricional em 114 crianças com paralisia cerebral. O trabalho é pioneiro no Brasil e integra a dissertação de mestrado de Ana Lúcia Alves Caram, da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp. "São poucos os estudos nessa área e os resultados demonstram a importância de acompanhamento específico com esse tipo de paciente", explica.
Ana Lúcia utilizou metodologia científica, que consiste na mensuração de partes do corpo, principalmente o comprimento entre o joelho e o calcanhar. Aplicando a essas medidas uma fórmula matemática é possível estimar a altura da pessoa. Além da altura estimada, o peso, o índice de massa corpórea e a área muscular do braço foram também contados como indicadores antropométricos de avaliação. "Constatei que nas crianças com paralisia cerebral esses parâmetros estavam comprometidos. Apesar disso, conseguem sobreviver", informa a nutricionista. De acordo com a pesquisadora, no caso de pessoas saudáveis, esses mesmos indicadores nutricionais provavelmente trariam alguma complicação.
Acompanhamento
Em alguns casos, a pesquisadora observou níveis abaixo dos recomendados por organismos internacionais, como por exemplo, o escore 2 - parâmetro utilizado para avaliar graus de desnutrição e que representa nível severo de comprometimento nutricional.
As crianças com paralisia apresentam várias limitações ocasionadas por síndromes ou lesões do cérebro e dificilmente possuem habilidade para ficar em pé. Também é problemática a alimentação independente, que pode comprometer o estado nutricional se não houver orientação de profissionais da área. Por esse motivo, Ana Lúcia defende a inserção de um nutricionista nas equipes de saúde que atendem a esses pacientes.
O estudo de mestrado indicou que 74% dos pacientes não receberam qualquer tipo de orientação nutricional. "Percebi a importância do acompanhamento a partir do trabalho realizado no HC. No período em que desenvolvi a pesquisa, notei melhoras consideráveis no encaminhamento e mesmo nas informações fornecidas, tanto aos responsáveis pelos pacientes como para a equipe médica", argumenta a nutricionista.
Uso de sondas
Para Ana Lúcia, a experiência no HC foi extremamente rica e permite outras abordagens em relação ao acompanhamento do crescimento desse tipo de pacientes que necessitam permanecer acamados. Não são poucas as dificuldades para conseguir avaliar o crescimento físico dos menores.
A nutricionista, orientada pelos professores Elizete Aparecida Lomazi da Costa Pinto e André Morcillo, relacionou os indicadores com variáveis de gênero, classe social, tipo de paralisia, número de internações, presença de pneumonia, habilidade de comer independentemente, dificuldade em deglutir e orientação nutricional. As avaliadas tinham entre 2 e 12 anos, 57% das quais eram do sexo masculino e 90% tinham indicação de várias internações ao longo da vida. Pelos resultados, a dificuldade em deglutir alimentos sólidos apareceu em todos os indicadores. Esse aspecto, explica Ana Lúcia, apontaria para a necessidade da utilização de sondas para garantir alimentação adequada.
<08/30/2006
Artigos Relacionados
Unicamp: Crianças com paralisia cerebral recebem avaliação nutricional de pesquisadora
Unicamp: Estudo aponta desnutrição em crianças com paralisia cerebral
Estudo faz avaliação nutricional de crianças quilombolas no Pará e Amapá
Saúde: HC tem amanhã, terça-feira, Olimpíada para pacientes com paralisia cerebral
Pesquisa de Avaliação Nutricional Quilombola chega à região Centro-Oeste
Mudanças na forma de atendimento de crianças com deficiência cerebral preocupa