Valadares pede que desenvolvimento e bem-estar social voltem a influenciar as autoridades brasileira



O senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) pediu aos demais senadores engajamento na luta para que as palavras "desenvolvimento" e "bem-estar social" voltem a influenciar as autoridades brasileiras. A permanecer o atual comportamento do governo federal, o parlamentar disse que essas expressões "acabarão sendo extintas da língua portuguesa".

O pequeno glossário de palavras recomendadas pelo governo, segundo o senador, exclui aquelas expressões em favor dos conceitos de "privatização de estatais", "superávit fiscal", "pagamento da dívida", "racionamento de energia", "equilíbrio das contas externas", "demissão voluntária de servidores" e "blindagem financeira", ressalvando que esta última expressão foi criada para designar o recente empréstimo firmado com o Fundo Monetário Internacional (FMI) destinado a evitar o contágio da economia brasileira pela crise argentina.

A lista continua com expressões como "enxugamento da folha" e "congelamento de salários", afirmou o senador, lembrando que o pequeno reajuste que o governo se propõe fazer nos salários dos servidores, de 3,5%, só foi anunciado por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).

Valadares citou 11 indicadores divulgados pelo Banco Central, dos quais dez pioraram de 1995 até hoje. De acordo com um desses indicadores, de 1995 a 2000 os gastos do Brasil com a dívida externa saltaram de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) para 9,4%. "É um crescimento assustador que compromete o futuro das novas gerações", afirmou o senador. Por sua vez, a dívida externa líquida - que representa tudo o que o país deve no exterior, menos as reservas que mantém em dólar - cresceu de 22,6% do PIB, em 1995, para 39,6% do PIB, no ano 2000.

O parlamentar citou Antonio Correia de Lacerda, presidente da Sociedade de Estudos de Empresas para a Globalização Econômica, segundo o qual o passivo externo líquido, ou seja, o volume de dinheiro que os estrangeiros aplicam ou emprestam ao país, descontado o que os brasileiros investem no exterior, passou de US$ 195 bilhões, em 1995, para US$ 355 bilhões, em 2000. A previsão é que, em dezembro de 2001, este passivo atinja US$ 382 bilhões, informou.

De acordo com Valadares, "o modelo que está sendo utilizado pelo mundo subdesenvolvido não só é falido, mas está falindo nações que se engajaram nesse processo". Para ele, a crise argentina é "o demonstrativo mais eloqüente de que a política de venda de ativos, congelamento de salários e perda da competitividade das empresas nacionais é uma política desastrosa".

Em aparte, o senador Amir Lando (PMDB-RO) afirmou ser hora de buscar soluções para evitar que Brasil siga o exemplo da Argentina. Já José Alencar (PMDB-MG) ressaltou que o passivo externo líquido chega perto de 80% do PIB, já que deve fechar 2001 em US$ 400 bilhões, enquanto o PIB está em R$ 1,2 trilhão e o câmbio a R$ 2,55 por dólar. Por sua vez, o senador Casildo Maldaner (PMDB-SC) questionou se o racionamento de energia elétrica não significa também um racionamento de responsabilidade. Por fim, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) destacou a importância de planejar um treinamento para a juventude brasileira, que a seu ver estaria sem condições de competir na economia globalizada.

22/08/2001

Agência Senado


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