Valadares reclama de extinção da Sudene e Sudam por medida provisória



A extinção das Superintendências do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e da Amazônia (Sudam) por meio de Medida Provisória levou o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) a tachar o presidente Fernando Henrique Cardoso de "ditador da democracia". Durante pronunciamento em Plenário, nesta quinta-feira (dia 3), Valadares acusou o presidente de se aproveitar da comoção da opinião pública diante das denúncias de corrupção nas autarquias para tomar uma decisão planejada desde o seu primeiro governo.

"Sob o pretexto de acabar com a corrupção endêmica, o governo aplicou um golpe nas regiões e, assim, cumpriu uma exigência do FMI, que não aceita a concessão de incentivos fiscais para o desenvolvimento regional", afirmou. O senador pelo PSB também se disse preocupado com o fim dos Fundos de Investimento do Nordeste (Finor) e da Amazônia (Finam). Ambos devem ser substituídos por dois fundos públicos de desenvolvimento, alimentados por repasses de verbas orçamentárias.

Para Antonio Carlos Valadares, a composição desses novos fundos, cuja regulamentação será feita por decreto em até 90 dias, esconde uma armadilha. "A gente sabe que recursos orçamentários o governo coloca quando quer", declarou, temendo um baque nas políticas de investimento regional. Embora reconheça os "prejuízos irreparáveis" causados por desvios em projetos financiados pelo Finor e Finam, Valadares lembra que a forma de captação desses fundos, amparada na renúncia do Imposto de Renda, garantia maior volume de recursos para o Norte e Nordeste.

Os protestos de Valadares contra a extinção da Sudene e Sudam, a serem substituídas pelas Agências de Desenvolvimento do Nordeste (Adene) e da Amazônia (ADA), foram reforçados pelos senadores Carlos Wilson (PPS-PE) e Ney Suassuna (PMDB-PB). "Será que a criação dessas agências vai acabar com a corrupção?", questionou Carlos Wilson, advertindo que o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, pode ficar marcado como "o homem que enterrou a Sudene" se a agência não cumprir o seu papel. Já Ney Suassuna se disse "chocado" com a forma como a decisão foi tomada, duvidando da capacidade das agências de reestruturar e pôr fim à corrupção na política regional do país.

03/05/2001

Agência Senado


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