Valter Pereira protesta contra fabricação de bombas de fragmentação por indústrias brasileiras



O senador Valter Pereira (PMDB-MS) protestou nesta segunda-feira (8) contra a fabricação e comercialização de bombas de fragmentação, "sem limitações", por pelo menos três indústrias bélicas brasileiras. O senador disse que ficou "estarrecido" quando leu neste domingo a coluna do jornalista Jânio de Freitas, publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, sob o título "O país escondido", em que foi revelada a recusa do governo Luiz Inácio Lula da Silva em assinar um tratado contra a fabricação, uso e venda desse tipo de armamento, juntamente com outros 92 países.

O artigo também alerta para o fato de que a produção desse tipo de armamentos de guerra acontece "às escuras", sem o conhecimento da população ou do Congresso Nacional. O jornalista denunciou a submissão da política externa brasileira "à safra de projetos militares da chamada Secretaria de Quase Tudo" (Assuntos Estratégicos), dirigida pelo ministro Roberto Mangabeira Unger, que também orienta o Ministério da Defesa. Para Jânio de Freitas, ao recusar o banimento das bombas de fragmentação, o Brasil alinhou-se a Estados Unidos, Israel, Rússia, Índia e Paquistão.

Valter Pereira reconheceu que qualquer país precisa de Forças Armadas e que seria ingenuidade pensar que o pacifismo do Brasil justificaria abrir mão de armamentos e organizações militares. Ele assinalou que o Brasil tem um vasto território, é objeto de muita cobiça e tem fronteiras vulneráveis.

- Todavia, as demandas militares e os apetites comerciais não podem justificar a exacerbada liberalidade na produção e transação de armamentos. Tolerar a fabricação de bombas de fragmentação é alimentar um dos mais covardes ataques a seres humanos - afirmou.

O senador salientou a capacidade dessas bombas de multiplicar o número de vítimas, grande parte delas civis, que morrem ou são mutilados instantaneamente ou em diferentes momentos. As bombas de fragmentação podem ficar enterradas e não explodir até que alguém pise nelas. Pereira lembrou ainda que o Brasil é signatário de diversos acordos humanitários.

- Imagine tais bombas de fragmentação nas mãos de traficantes que promovem verdadeira guerrilha urbana; de delinqüentes que enfrentam a polícia e roubam metralhadoras de dentro de quartéis do Exército; de meliantes que perderam o respeito pela vida humana. Não quero acreditar que a produção e comercialização de tais artefatos resultem de um projeto de política externa de viés belicoso - frisou.

Mísseis à Caxemira

Na avaliação do senador, a venda de cem mísseis ao Paquistão, aprovada pelo governo brasileiro na terça-feira passada (2), foi um grande erro. Ele observou que foi fornecido material bélico a um país amigo que vive "às turras" com seu vizinho, a Índia - que, por sua vez, é também uma antiga parceira do Brasil na comunidade internacional.

Os mísseis serão destinados à detecção de radares e serão fornecidos pela empresa Mectron, associada do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A operação foi aprovada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.



08/12/2008

Agência Senado


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