Vereador pode ser a próxima vítima









Vereador pode ser a próxima vítima
Manoel Matos (Itambé) é ameaçado por "grupos de extermínio" e anda armado

O PT pernambucano está temendo que a "próxima vítima" da violência que vem atingindo o partido nos últimos meses seja o vereador de Itambé (Zona da Mata) Manoel Matos. Ele diz que há dois anos vem sofrendo ameaças de mortes de supostos envolvidos em "grupos de extermínio" - policiais militares da Paraíba (Estado que tem municípios próximos a Itambé) e comerciantes da região. Hoje Matos anda armado com um revólver, e um colete à prova de balas, que lhe foi dado pelo PT.

Na próxima segunda-feira, em Itambé, pela manhã, o PT estadual vai realizar um ato público para protestar contra as ameaças e solicitar providências ao Governo do Estado. "Manoel Matos está vivo e queremos que ele continue vivo. Temos que agir rápido para evitar que amanhã não fiquemos apenas lamentando a omissão de quem deve cuidar da segurança", afirmou o deputado federal petista Fernando Ferro.

Ano passado o presidente da Câmara de Vereadores do município, Antônio Romão (PMDB), solicitou ao governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) garantias de vida para Matos. Até agora o vereador diz que não recebeu "garantia nenhuma". Em entrevista ao DIARIO, o secretário da Defesa Social, Gustavo Lima, foi irônico ao tratar do assunto: "Desde 2000 este vereador diz que vai morrer a qualquer momento. Ele deve ser personagem de desenho animado, que morre e ressuscita, ou então é um gato possuidor de sete vidas, porque continua vivo até hoje".

Para o secretário, o vereador "quer transformar o assunto num palanque eleitoral", porque até hoje não teria apresentado nenhuma evidência das ameaças que diz estar sofrendo. "Agora ele está aproveitando o embalo da tragédia causada pela morte do prefeito de Santo André (Celso Daniel) para tentar se promover", afirmou o secretário. Dos nove vereadores de Itambé, Matos - que tem 33 anos, é casado e pai de três filhos - é o único do PT. O vice-prefeito, Renato Ribeiro, também é do partido. Os dois estão rompidos com o prefeito Francisco Ribeiro (PMDB). "Ele tem uma briga política com o prefeito e fica querendo transformar tudo num palanque", tornou o secretário.

Segundo o vereador, as ameaças de morte surgiram depois que denunciou os "grupos de extermínio" na CPI estadual do Narcotráfico e da Pistolagem (iniciada em 2000) ano passado e em audiência que a Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Deputados realizou no município. "Esses grupos são responsáveis por cerca de 100 mortes na região, tudo documentado. Só em Itambé foram 39", acusa o vereador. "No começo eles matavam só pequenos delinqüentes e usuários de drogas. Depois passaram a matar trabalhadores rurais que entravam na justiça reivindicando causas trabalhistas", completou.


Blindagem não garante segurança total
Motorista de Celso Daniel desobedeceu às regras básicas de proteção

Pneu furado e carro blindado de portas destravadas. A combinação está fora do manual de segurança do proprietário do veículo protegido. Um Pajero Sport, por exemplo, custa pouco mais de R$ 100 mil e a blindagem, que acrescenta 140 Kg à carroceria, sai por R$ 60 mil.

Difícil é encontrar alguém que proteja o habitáculo (parte interna do automóvel) e esqueça das rodas. Mas considere que difícil não significa impossível. O jipe importado do empresário Sérgio Gomes da Silva, amigo do prefeito de Santo André, SP, Celso Daniel, seqüestrado na última sexta-feira e morto no domingo passado, não tinha a cinta de rodagem. A peça é uma espécie de banda de aço e nylon instalada nos pneus. O serviço custa R$ 3,5 mil, valor mínimo quando comparado à proteção total do bem.

Geralmente, a blindagem aplicada na maioria dos carros no Brasil é do nível diplomata (números três ou quatro - nomenclatura utilizada pela Inbra Blindados). O escudo tem a obrigação de evitar a penetração dos tiros de pistola 9 mm, ponto 40, 45, revólver calibre 38, 380, Magnun 44, espingarda calibre 12 e minimetralhadora com munição igual a da 9mm nos vidros e lataria. Proteção que realmente aconteceu no Pajero de Gomes.

Mas carro blindado não significa motorista e passageiros 100% seguros. De acordo com o diretor da Inbra Nordeste, Marcelo Silva, a blindagem inibe a ação dos crimes comuns como os assaltos no trânsito e seqüestros relâmpagos. Mas, o especialista da blindadora lembra que as emboscadas organizadas não podem ser tratadas da mesma forma.

Há informações ainda não oficiais sobre a quebra do sistema de transmissão do Mitsubishi. Estranho é que a caixa de marcha similar à do carro de Sérgio Gomes não pifa com freqüência em um rali como o Paris-Dakar, muito menos no Rali dos Sertões ou na competição doméstica promovida pela marca (Mitsubishi MotorSport). Um esporte-utilitário acostumado a solavancos e buracos não quebra facilmente.

ALERTA - Portas abertas. A orientação máxima para o motorista é nunca abrir os vidros ou destravar as portas e conferir sempre antes de sair dirigindo. A entrega técnica do veículo feita pela empresa responsável pela blindagem avisa para o gesto de insegurança e reforça a teoria colocando um adesivo interno para um possível deslize do condutor.

Só para deixar claro, o motorista do veículo ainda pode inibir os comandos dos outros usuários. Com um simples botão localizado ao lado do acionamento dos vidros da janela, o dono do volante trava tudo. Como os vidros de trás não abrem, os dois botões servem como tecla de alerta sonoro. O blindado tem uma sirene similar à utilizada pela polícia.

Em caso de forte colisão seguida de pane elétrica até existe a possibilidade da trava das portas não cumprir seu papel. Mas a fotografia do jipe não diz isso, a batida não chegou a tanto para atingir a eletrônica do utilitário.

A dupla que ocupava o Pajero Sport desobedeceu a regra básica. O motorista, que já trabalhou na área de segurança, ignorou o recurso da direção defensiva, não fez uma manobra radical para, no mínimo, tirar de cena um dos automóveis, ou encontrar um ponto de fuga.

Para refrescar a memória vale lembrar a ação dos bandidos no seqüestro do publicitário Washington Olivetto, ainda desaparecido. O motorista baixou o vidro na falsa abordagem policial, o que resultou no crime.


FHC adota novas medidas de segurança
Este é o terceiro pacote lançado pelo Governo para conter a violência

BRASÍLIA - Depois de mais um crime de repercussão internacional, os governos federal e de São Paulo anunciaram outro pacote de medidas na área de segurança pública. Desta vez, elas incluem a possibilidade de proibição de comercialização de telefones celulares pré-pagos e a participação das Forças Armadas em grupos-tarefas destinados ao combate de crimes como seqüestro e contrabando de armas. Para serem colocadas em prática, algumas medidas dependem do envio de projeto de lei ao Congresso, que volta do recesso em 15 de fevereiro, e de sua aprovação. Outras dependem de atos do Governo federal.

Esse é o terceiro pacote em um ano e sete meses, sem que o primeiro deles, lançado em 20 de junho de 2000 - o Plano Nacional de Segurança Pública -, tenha apresentado resultado na queda de índices de criminalidade. O segundo pacote de medidas foi lançado em agosto do ano passado, em razão da proliferação de greves de policiais militares e civis.

O atual pacote foi anunciado ontem à noite no Palácio do Planalto pelogovernador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e pelo ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, depois de uma reunião com o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Segundo Nunes Ferreira, as sugestões de Alckmin coincidiram com o que o Governo federal vinha estudando e foram todas aprovadas por FHC. Entre as medidas propostas por Alckmin e aceitas pelo presidente estão: 1) tornar indisponíveis bens de seqüestradores, seus familiares e terceiros envolvidos em seqüestro, com inversão do ônus da prova (caberia a eles provar a origem dos bens para liberá-los); 2) aumentar a pena para porte ilegal de armas e tornar crime qualificado o porte de arma adulterada; 3) restrição de direitos de presos que ameacem a segurança do presídio ou da sociedade; 4) permissão de realização de atividades forenses nos presídios, para evitar as milhares de escoltas de presos até os fóruns; 5) permissão de transferência de presos sem autorização judicial; 6) tipificação do crime organizado na legislação penal.


Estados vão cobrar perdas na gasolina
Secretários querem que Governo federal compense redução do ICMS

Os estados vão buscar nos cofres do Governo federal o que deixarem de arrecadar com a redução do valor de referência para cobrança do ICMS sobre a gasolina. Hoje, os secretários de Fazenda se reúnem em Brasília para discutir formas de cobrar o ressarcimento integral das perdas. De acordo com o secretário Jorge Jatobá, será a primeira de uma série de conversas entre os representantes das secretarias - Pernambuco será representado pelo secretário adjunto Ricardo Guimarães.

Inicialmente, os estados pensaram em propor o repasse de parte dos recursos obtidos com a Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico (Cide), tributo que substituiu a Parcela de Preço Específica (PPE), criada para amortecer a variação do preço do petróleo no mercado internacional. Mas já sabem que esta será uma missão quase impossível. O Governo nem sonha em dividir a Cide. As estimativas indicavam que a arrecadação com o novo imposto ficaria acima de R$ 7 bilhões até o final do ano. Mas esse montante pode ser de R$ 13 bilhões, segundoas últimas estimativas.

"Agora, temos que partir para propostas alternativas", afirma Jorge Jatobá. Os estados decidiram em conjunto baixar a pauta fiscal dos combustíveis há uma semana, durante a reunião extraordinária do Conselho Nacional de Política Fazendária. O valor de referência para a cobrança do ICMS em Pernambuco caiu de R$ 1,79 para R$ 1,61 e começou a valer ontem, depois da publicação no Diário Oficial da União. Segundo Jatobá, isso deve representar uma queda de R$ 38 milhões/ano na arrecadação do Estado.

Para chegar ao índice, os auditores da Sefaz fizeram levantamento de preço em postos da Região Metropolitana do Recife e do interior do Estado. De acordo com Jatobá, uma nova pesquisa começará a ser feita depois do Carnaval. Agora, os levantamentos serão mensais, ao contrário do que acontecia até o ano passado, quando as pesquisas eram realizadas a cada três meses. O presidente do Sindicombustíveis/PE, Joseval Alves, acredita que esta semana será de acomodação na rede de postos revendedores."Hoje, não se encontra quase posto nenhum vendendo gasolina por R$ 1,59. A média é de R$ 1,49. Aqueles que cobram menos de R$ 1,40 devem aumentar", afirma.


Remédio terá reajuste médio de até 4,32%
BRASÍLIA - A partir do dia 31, os remédios terão um reajuste médio de preço de 4,32%. O índice de aumento em alguns produtos pode chegar a 5,83%. Um novo reajuste só deverá ocorrer no início de 2003. A definição dos novos preços foi autorizada ontem pela Câmara Setorial de Medicamentos, órgão formado por representantes dos ministérios da Fazenda, Saúde, Justiça e Casa Civil. O reajuste anual nos preços dos remédios foi definido por lei sancionada no final de 2000 pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.

A mesma legislação criou a câmara que regula os preços e monitora o setor de medicamentos. Desde o início do mês, a indústria farmacêutica pressionava o Governo a autorizar um aumento médio de 7%. Os empresários alegavam que o setor foi atingido, no decorrer do ano passado, pela inflação e pelo aumento nos preços das substâncias usadas na fabricação dos remédios. A partir de hoje, os laboratórios estarão apresentando à câmara o preço específico de cada medicamento que irá para as prateleiras.

A Câmara de Medicamentos definiu ainda que o reajuste por empresa está limitado à mesma média, de 4,32%. Os fabricantes terão de reduzir a margem de aumento em determinados remédios.


Blecaute deixa 10 estados às escuras
Escuridão foi provocada pelo rompimento de um cabo de transmissão e atingiu o Sudeste, Centro-Oeste e Sul

RIO - Dez estados das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul do País e o Distrito Federal ficaram às escuras ontem durante cerca de quatro horas devido a uma pane no sistema elétrico interligado Sudeste/Centro-Oeste. O estado mais atingido foi São Paulo, que teve 84% de sua carga cortada. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico, a pane foi causada pelo rompimento de um cabo de transmissão de energia da Empresa Paulista de Transmissão de Energia, que liga a usina de Ilha Solteira, no rio Paraná a Araraquara. O acidente provocou o desligamento, por motivos de segurança, de 13 das 18 turbinas de Itaipu, responsável por 30% do fornecimento de energia do País.

A paralisação da produção estendeu pelo sistema interligado a suspensão do fornecimento. O ONS vai agora apurar o motivo do apagão ter se propagado para os outros estados. De acordo com a empresa, o problema poderia ter ficado isolado ao sistema da EPTE, que interliga as usinas dos rios Paraná e Paranapanema aos centros de consumo em São Paulo. Mas,por falha ainda desconhecida, outras regiões ficaram às escuras.

O presidente do ONS, Mário Santos, fez questão de frisar que o blecaute não teve qualquer relação com o racionamento de energia elétrica. "O problema ocorreu às 13h43, uma hora em que o sistema está operando à carga média. Portanto, não houve sobrecarga do sistema", afirmou. Técnicos do sistema de geração porém, acreditam que o sistema foi sobrecarregado pela concentração da produção de energia nas usinas do rio Paraná, que corta o estado de São Paulo, cujos reservatórios não têm capacidade suficiente para armazenar a quantidade de chuva que caiu nos últimos meses.

Mário Santos lembrou que o desligamento das turbinas de Itaipu não foi a causa do blecaute, mas conseqüência. Quando há uma falha na transmissão, a produção é automaticamente suspensa, já que, como a energia gerada não pode ser estocada, a manutenção da geração significaria desperdício de eletricidade. Também foram desligadas, por motivo de segurança, as duas usinas nucleares do complexo de Angra, que reforçam a produção de energia, especialmente para a região Sudeste.

O apagão revelou que o sistema elétrico nacional "ainda está muito fragilizado", segundo avalia o engenheiro da Coordenação dos Programas de Pós-Gradução em Engenharia (Coppe) da UFRJ, Maurício Tolmasquim. Para ele, essa fragilidade faz com que "qualquer problema localizado tome proporções nacionais".

Firmino Sampaio, que presidiu a Eletrobrás durante seis anos, explicou que o racionamento, mesmo que não tenha sido a causa direta do blecaute, tem uma parcela de contribuição à medida em que eleva a dependência do sistema em Itaipu. "Durante o dia, os estados da Região Sudeste chegam a depender 50% da eletricidade gerada em Itaipu. Qualquer deficiência em um equipamento importante provoca um efeito em cascata de difícil controle".

O apagão teve início às 13h34 e somente às 17h30 todo o fornecimento foi restabelecido. Mato Grosso perdeu 78% de seu abastecimento de eletricidade; Rio de Janeiro e Espírito Santo, 74%,Rio Grande do Sul, 25%; Paraná, 44%; Santa Catarina-Mato Grosso do Sul, 27%, e o sistema Goiás-Brasília, 27%. Este último foi o primeiro a ter o fornecimento restabelecido, disse Santos, apenas seis minutos depois do início do blecaute. O último sistema normalizado foi o Rio-Es pírito Santo, às 17h30.


Artigos

Recife, capital batista brasileira
Edvar Gimenes de Oliveira

Até esta terça-feira, os batistas brasileiros estarão reunidos no Recife, realizando a Assembléia Anual da Convenção Batista Brasileira. Sendo uma denominação estruturada em torno da cooperação espontânea de igrejas, a Assembléia acontece anualmente, em cidades diferentes, para avaliar as atividades desenvolvidas e traçar planos de ação.

Os batistas são a maior denominação evangélica do Mundo e uma das maiores do Brasil. Sua origem oficial remonta ao século XVI, na Inglaterra, fruto da experiência espiritual e compreensão teológica de uma segunda geração de reformadores protestantes.

Em termos de hierarquia eclesiástica, as igrejas batistas não se subordinam a qualquer autoridade, individual ou institucional. A assembléia de membros e cada comunidade é a autoridade máxima nas igrejas batistas. É ela, por exemplo quem confere autoridade aos seus pastores e demais líderes. Nem mesmo a Assembléia de uma Convenção Batista tem poder sobre as igrejas locais. Por crerem que o indivíduo não necessita de intermediários humanos para se relacionar com Deus, os batistas defendem o sacerdócio individual dos crentes e entendem que a democracia é o sistema de governo eclesiástico que melhor representa essa concepção.

Os batistas reconhecem somente Jesus Cristo como Senhor. Não reconhecem o "senhorio" de Maria, por exemplo, conquanto a respeitem por seu papel na história da salvação. É que se baseiam no Novo Testamento como regra de doutrina e prática. A Bíblia judaica (Velho Testamento) é reconhecida. Porém, deve ser interpretada à luz do Novo Testamento. Os batistas reconhecem o direito que cada indivíduo tem de interpretar o Novo Testamento e, quando necessário, para minimizar os efeitos das diferentes interpretações, definem pelo voto, em assembléia, a interpretação que melhor representa a compreensão de seus membros. As igrejas filiadas à Convenção Batista Brasileira têm como referencial uma Declaração Doutrinária, revisada democraticamente, na década de Oitenta. Essa Declaração não é uma ferramenta de "caça às bruxas", é um parâmetro de julgamento em casos de conflitos significativos.

Por ser uma denominação democrática, formada por igrejas autônomas, é natural que as igrejas reajam de maneira diferente às influências de cada época e lugar, de acordo com os seus compromissos espirituais e o grau de cultura e educação de seus membros. Por isso, como ocorre no Mundo inteiro, os batistas não estão livres dos ventos fundamentalistas que sopram, desde a década de 70, justamente do país onde são a mais forte denominação cristã: os Estados Unidos.

Diferenciar concepções ético-doutrinárias bem fundamentadas de posturas fundamentalistas tem sido um grande desafio. A resistência ao acesso da mulher ao exercício do ministério pastoral é o exemplo mais atual de como tais posturas se manifestam. Quatro igrejas brasileiras, no exercício de sua autonomia,"ordenaram" mulheres ao pastorado, mas a Convenção Batista Brasileira ainda não se posicionou, pois as opiniões estão divididas.

Por ter sofrido perseguição ao longo de quase toda a sua história, o princípio de respeito ao direito de crer ou não crer de cada indivíduo foi se fortalecendo e se consolidando. Por isso, preservar e defender a livre expressão do pensamento e a liberdade religiosa, se tornou uma marca histórica dos batistas. Entretanto, a intolerância também ganha formas em alguns grupos batistas.

É inegável o papel social dos batistas. Escolas de todos os graus e projetos sociais, que atendem as mais diferentes necessidades, espalhados pelo Brasil, são uma demonstração de que o trabalho que se realiza visa o indivíduo como um ser integral, pois, como se diz nos meios teológicos, " a alma sem corpo é fantasma e o corpo sem alma é defunto". É visando o ser humano em todas as suas dimensões que os batistas contribuem para o desenvolvimento de uma sociedade em que os valores do reino de Deus floresçam na vida dos indivíduos e das estruturas por eles criadas. Espera-se que esses valores norteiem as decisões tomadasno Recife.


Colunistas

DIÁRIO POLÍTICO – Divane Carvalho

Bandeira de luta
O PT perdeu um dos seus melhores quadros com o assassinato do prefeito de Santo André (SP), Celso Daniel, e ganhou uma pauta para a campanha eleitoral: a questão da violência, que cresce no País inteiro, tornando a maioria dos brasileiros refém dos criminosos que, a cada dia, apresentam novas técnicas para assaltar, seqüestrar, estuprar ou matar. Seja qual for o motivo que condenou à morte o petista- seqüestro comum, acerto de contas ou perseguição política- o certo é que o partido de Luís Inácio Lula da Silva tem agora uma bandeira de luta, mesmo que não seja tão fácil quanto se imagina.
Pois apesar dos índices cada vez mais altos da criminalidade, os petistas continuam tendo uma grande resistência para tratar do combate ao crime, seja ele organizado ou não, porque se acostumaram a aliar a repressão a uma prática da direita e, por conseguinte, não adequada aos seus princípios de defesa dos direitos humanos. Tanto que o deputado e pré-candidato a governador de São Paulo, José Genoíno, foi duramente criticado, recentemente, quando defendeu a volta da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar), que ficaram famosas pela forma violenta como efetuavam suas abordagens nas blitzes que realizavam na capital paulista. Se o PT não levantar essa bandeira, qualquer outro partido que adotá-la terá total apoio dos brasileiros. Porque há muito tempo as pesquisas indicam que, a segurança, é o item que vem em primeiro lugar quando se pergunta à população o que ela espera de um novo governante.

João Paulo reúne o secretariado amanhã e quinta-feira para detalhar o planejamento das ações da PCR para esse ano. O prefeito acha que o ritmo dos trabalhos da prefeitura vai mudar a partir do que será discutido com os secretários

Elogios
O PFL é um perigo. Na solenidade de assinatura de contratos para concessão de linhas de transmissão no Nordeste, ontem, Marco Maciel e José Jorge fizeram tantos elogios ao governador em exercício, Mendonça Filho, que nem lembraram de citar o titular, Jarbas Vasconcelos. O que isso significa, se saberá mais tarde.

Reação
Roberto Freire (PPS-PE) diz que o assassinato do prefeito de Santo André (SP) provocou tanta revolta que a partir daí pode surgir uma reação da sociedade para combater a violência:" Guardadas as diferenças, os brasileiros derrubaram a ditadura militar a partir da morte de Wladimir Herzog".

Sacrifício Na opinião de Carlos Wilson (PTB-PE) a morte do prefeito Celso Daniel pode ser a gota d'água para que o Brasil, finalmente, tome consciência sobre a questão da violência:" Que o sacrifício dele sirva para isso".

Campanha
José Serra (PSDB--SP) vem a Pernambuco, segunda-feira, para anunciar que o Brasil chegou aos 150 mil agentes comunitários de saúde, ultrapassando a meta do seu ministério. Um agente pernambucano receberá homenagem em nome de todos, na solenidade que contará com a presença do presidente FHC.

Desarmar
Pedro Eurico, do PSDB, que presidiu a CPI da Violência da Assembléia, acha que a primeira providência para combater os índices da criminalidade é aprovação, pelo Congresso, do projeto de lei que proíbe o uso de armas no Brasil:" Com prisão sem direito a fiança para quem portar armas".

Visita
O presidente do Sindicato das Empresas de Seguro de Pernambuco, Múcio Novaes, e seu vice, João Nóbrega Vieira, visitaram, ontem, o DIARIO DE PERNAMBUCO. Foram recebidos pelo diretor superintendente, Luiz Otávio Cavalcanti.

Posse
João Avamileno (PT) assume, hoje, a Prefeitu ra de Santo André (SP), prometendo manter o secretariado e os idéias do prefeito assassinado, Celso Daniel, de quem era vice. A posse será às 10h, na Câmara dos Vereadores.


Editorial

NASCE UM PRESIDENTE

Os norte-americanos terminaram o Século 20 em meio a um ciclo venturoso sem paralelo na História. Com a extinção da União Soviética e da Guerra Fria, não havia mais um grande inimigo externo a ameaçar a segurança no território continental dos Estados Unidos. E a prosperidade econômica era algo jamais visto, pela intensidade e duração, em tempos de paz.

Tal tranqüilidade não foi abalada sequer pela tumultuada eleição de George W. Bush no ano 2000. Havia dúvidas se os votos, contados de forma equivocada, eram suficientes para conferir-lhe a vitória. Mas o candidato da oposição, a Justiça e a maioria dos eleitores preferiram evitar a contestação de modo a preservar a instituição da Presidência da República.

Bush tomou posse há um ano, porém como um presidente fraco. Pesquisas indicavam que para apenas 20% dos norte-americanos o governo, em geral, acertava em sua conduta. Na década de 60, 60% da população aprovava o governo. Tudo o que os eleitores queriam de Bush era que ele incomodasse o mínimo possível.

Mas a percepção dos norte-americanos sobre o Mundo, sobre si mesmos e sobre seu presidente mudou de modo radical com os atentados do dia 11 de setembro. O pensador britânico Thomas Hobbes (1588-1679) afirmou que os Estados foram criados porque as pessoas precisavam proteger-se da vida "desagradável, violenta e curta". Diante de riscos antes esquecidos ou não imaginados, dobrou o número dos norte-americanos a apoiar o governo sem questionamento.

O revés do terrorismo teve sinais trocados para a popularidade do presidente, que atingiu o patamar dos 80%, onde segue estacionada. Não se pode, porém, dizer que Bush teve apenas a sorte de encontrar desgraças pela frente. O presidente empreendeu eficiente campanha militar no Afeganistão. Conseguiu derrubar o regime Talibã, o que, no começo, não parecia tarefa fácil.

Os maiores desafios de Bush, porém, parecem estar por vir. A economia entrou oficialmente em recessão pouco depois dos atentados - e por conta deles o público deu menos atenção ao assunto do que serianormal. É de esperar, porém, que os impasses econômicos se tornem mais evidentes à medida que a guerra e o terrorismo percam um pouco de importância. A unanimidade política que se construiu em torno do presidente também dá sinais de fraqueza. E não poderia ser diferente em um ano de eleições parlamentares. Guerra, retração econômica e obstáculos políticos fizeram-se presentes nos quatro mandatos de Franklyn Delano Roosevelt (1933-1945). Resta saber se, como naquela época, serão enfrentados nos próximos anos por um grande estadista.


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01/22/2002


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