Vieira da Cunha usou Grande Expediente para homenagear Legalidade
Para registrar os 40 anos do Movimento da Legalidade, o líder da bancada do PDT, deputado Vieira da Cunha, utilizou o Grande Expediente Especial de hoje, que contou com a presença do ex-governador Leonel Brizola, líder da mobilização gaúcha que tinha o propósito de defender a Constituição e garantir a posse do presidente João Goulart.
No início de sua manifestação, Vieira registrou a morte do ex-deputado, ex-vereador e radialista Dilamar Machado. A homenagem reuniu o representante do Poder Executivo, secretário de Ciência e Tecnologia, Adão Villaverde; o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Luis Felipe Magalhães; Terezinha Irigaray representando o Tribunal de Contas, o cônsul-Geral do Uruguai, Oscar Demaria, e o ex-governador Alceu Collares.
Vieira relatou os episódios que antecederam o Movimento da Legalidade: a renúncia do presidente Jânio Quadros dia 25 de agosto de 1961, depois de sete meses no cargo, e a presença do vice-presidente, João Goulart, seu sucessor natural, na China, em visita oficial, o que motivou os ministros militares a anunciarem a inconveniência do regresso de Jango ao País.
Resistência- No Rio Grande do Sul a voz forte e decidida do jovem governador Leonel Brizola, então com 39 anos de idade, proclama à Nação: "Não pactuaremos com golpe contra a ordem constitucional e as liberdades públicas". O manifesto à Nação do marechal Henrique Teixeira Lott, conclamando o respeito à Constituição, desencadeou a sua prisão e o fechamento das rádios que difundiram a sua manifestação, dentre as quais a Gaúcha e a Farroupilha. A Rádio Guaíba, que não divulgara o manifesto, continuava no ar e foi requisitada pelo governador Leonel Brizola para a "Cadeia da Legalidade", instalada nos porões do Palácio Piratini.
Mobilização- A população já estava mobilizada e o Comitê de Resistência Democrática em apenas dois dias de funcionamento registrava mais de 30 mil adesões, relatou o parlamentar, lembrando também a participação das mulheres na Legalidade, citando Dona Mila Cauduro, que juntamente com Neusa Goulart Brizola, esposa do governador e irmã do Presidente, acompanhou aqueles dias tensos.
O dia 28 de agosto registrou a tensão máxima: o Ministério da Guerra ameaça bombardear o Palácio, mas o comandante do III Exército, Gen. Machado Lopes, em audiência com Brizola anuncia sua adesão à Legalidade. O governador, de improviso na Praça da Matriz, "profere para mais de 40 mil pessoas um dos mais belos discursos que se tem registro na nossa história", ressalta Vieira da Cunha, destacando a insubmissão de Brizola, sua independência e a conclamação à resistência popular. Simultâneo a esses acontecimentos, na V Zona Aérea, em Gravataí, oficiais e sargentos da FAB, inconformados com a ordem de bombardeio do Palácio, impedem a decolagem dos aviões.
Adesões- "A campanha da Legalidade chegava ao seu auge", afirmou Vieira, registrando a adesão do Internacional e do Grêmio, a transferência da sede da UNE para Porto Alegre, o manifesto do escritor Érico Veríssimo e o apoio de D. Vicente Scherer, arcebispo de Porto Alegre. "Mas enquanto o povo se mobilizava pela Legalidade, as elites, como sempre divorciadas dos interesses da maioria da população, encontram no parlamentarismo uma saída para a crise", continua o parlamentar. No dia 31 de agosto o Congresso aprova o parlamentarismo, denunciado por Brizola como uma manobra e uma virtual cassação do mandato de Jango, que toma posse como presidente a 07 de setembro de 1961 e Tancredo Neves é eleito primeiro-ministro.
Frustrado pelo parlamentarismo, o Movimento da Legalidade triunfa dois anos depois quando o povo brasileiro decide por 9,5 milhões de votos, através de plebiscito, restabelecer os poderes de Jango.
"Ao governador Leonel Brizola, que foi o comandante deste grande movimento popular, a homenagem do povo gaúcho porque honrou nossas melhores tradições, foi um bravo e será sempre o nosso líder, por ter escrito com a sua coragem e o seu espírito cívico, essa página de bronze da nossa história", encerrou Vieira da tribuna.
08/28/2001
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