Virgílio diz que Dilma não convenceu e reitera que ela deve dar explicações em CPI



Após assistir à entrevista coletiva concedida pela ministra-chefe da Casa Civil da Presidência da República, Dilma Rousseff, nesta sexta-feira (4), o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse não ter sido convencido pelas explicações apresentadas em relação ao dossiê sobre gastos com cartões corporativos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e de sua esposa, Ruth Cardoso. Assim, o parlamentar continua reivindicando seu comparecimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre Cartões Corporativos específica do Senado, que deverá ser criada na terça-feira (8).

Na sua avaliação, a ministra tentou disfarçar, com uma atitude arrogante, a própria insegurança e esqueceu o essencial: a elaboração do dossiê, o seu vazamento e a tentativa de intimidar a oposição. O senador pelo Amazonas afirmou que, a cada dia, fica mais nítida a "impressão digital" do Palácio do Planalto no dossiê revelado pela imprensa.

- Vão inventando versões, se contradizendo, sobrepondo versões e o cerco vai apertando. É uma lição de democracia para essa gente. O que ela quer é fazer uma suposta investigação comandada por ela, a doutora Erenice [Erenice Alves Guerra, secretária-executiva da Casa Civil] e a doutora Soledad [Maria de La Soledad Bajo Castrillo, chefe de gabinete da Secretaria Executiva da Casa Civil]. Por isso ela não quer comparecer à CPI. Porque na CPI ninguém tem obrigação de obedecê-la e se calar quando ela diz que vai embora - comentou.

Em relação à possibilidade de invasão dos computadores da Casa Civil, aventada pela ministra, Arthur Virgílio considerou grave a admissão de descontrole e desgoverno evidenciadas, para ele, na hipótese. A questão levou o parlamentar a criticar a atuação da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e a anunciar que vai solicitar ao Senado informações sobre as medidas de proteção adotadas para os computadores do seu gabinete antes que alguém envie mensagens em seu nome para o Palácio do Planalto.

- Ela (Dilma) senta no vazamento e desenvolveu uma teoria tão fantástica que dava um filme do Spielberg. A ministra não agüentou mais de três perguntas diante de 30 jornalistas. Ela suspendeu a entrevista e foi embora - observou.

O senador também estranhou o fato de a ministra Dilma Rousseff afirmar que o vazamento do dossiê pode ser tudo e pode ser nada.

- Como nada? É claro que não é tudo. Ela teme a explicação sobre o papel da Casa Civil. Por isso que eu quero que ela vá à CPI [do Senado], que será lida na terça-feira (8) e instalada até quinta-feira (10) - concluiu.

O líder do DEM no Senado, José Agripino (RN), também distribuiu nota, nesta sexta-feira (4), reiterando que a leitura do requerimento de instalação da CPI não pode passar da próxima terça-feira (8). Segundo salientou, esse foi o compromisso público assumido pelo presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho, com os líderes do DEM e do PSDB na Casa.

Entrevista

Na entrevista coletiva concedida na tarde desta sexta-feira, Dilma Rousseff informou ter determinado que o Instituto de Tecnologia da Informação (ITI) realize uma auditoria nos computadores da Presidência da República que foram utilizados no levantamento dos dados sobre os gastos sigilosos com contas tipo B no governo Fernando Henrique Cardoso. A ministra disse considerar crime o vazamento dos dados do banco e negou que o governo tenha preparado um dossiê para prejudicar a oposição.

- Estamos empenhados em fiscalizar o que aconteceu. Há uma tentativa clara de dolo. Vamos fazer um processo investigativo rigoroso - disse.

Nesta sexta-feira, o jornal Folha de S. Paulo publicou reportagem com cópia de um arquivo que teria sido extraído diretamente da rede de computadores da Casa Civil. O documento, na avaliação do jornal, mostraria que o dossiê com gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de sua mulher, dona Ruth, e de ministros tucanos teria saído pronto do Palácio do Planalto. A Casa Civil alegou, ao longo da semana, que os dados que vazaram foram "pinçados" do levantamento realizado.

Dilma alegou que o documento publicado pela Folha foi adulterado, pois aparece em padrão diferente do que o dos dados oficiais do governo. A ministra ressaltou que o crime não está relacionado ao levantamento dos dados por parte do governo, mas a quem vazou as informações.

- Vou reiterar que o crime reside no vazamento. Este governo não vazou, não difundiu, não publicou informações confidenciais. Não há nenhum respaldo para o sigilo dessas informações. O governo vai fazer chantagem com o que é público é notório? - disse.

Esclarecimentos

Depois de várias tentativas frustradas de aprovar requerimentos para convocar a ministra Dilma Rousseff a prestar informações sobre a divulgação dos gastos do governo FHC na CPI mista dos Cartões Corporativos, a oposição conseguiu convocar a ministra nesta quinta-feira para comparecer à Comissão de Serviços de Infra-Estrutura (CI). Apesar de o assunto em pauta ser o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), tudo indica que os parlamentares de oposição a questionem sobre o suposto dossiê.

Ricardo Icassati e Raíssa Abreu/ Agência Senado



04/04/2008

Agência Senado


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