Votos em separado pedem a realização de perícia nos documentos apresentados por Renan
Na reunião de sexta-feira (15) do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, sobre a representação do PSOL contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), foram lidos três votos em separado, apresentados pelos senadores Marconi Perillo (GO) - este, em nome de toda a bancada do PSDB -, Demóstenes Torres (DEM-GO) e Jefferson Péres (PDT-AM). Os dois primeiros solicitaram, além da tomada de depoimentos pelo conselho, a realização de perícia nos documentos entregues por Renan.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que vê "com bons olhos" a sugestão apresentada pelo líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), para que o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar efetue uma perícia nos documentos, referentes à venda de gado para justificar a renda com a qual alega ter pago uma pensão à jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha. Jucá informou que a proposta de se realizar a perícia partiu do próprio Renan, que telefonou para ele solicitando a medida.
Na noite da última quinta-feira (14), o Jornal Nacional, exibido pela TV Globo, mostrou que parte das notas fiscais apresentadas por Renan como comprovação de venda de gado seria de empresas inativas, multadas por extravio de notas fiscais ou cujos donos alegam jamais terem feito negócios com o político. A reportagemda TV também ouviu o gerente das fazendas de Renan em Alagoas, que afirmou que o senador tinha cerca de 1.100 cabeças de gado e não 1.700, como havia alegado em sua defesa.
- A sugestão alivia todos os membros do Conselho de Ética que desejam o estabelecimento da verdade e dá legitimidade ao processo - salientou Arthur Virgílio, ao informar que o voto em separado do PSDB, subscrito por ele próprio e pelos senadores Marconi Perillo (GO), Marisa Serrano (MS) e Sérgio Guerra (PE), lido na sexta-feira, já pedia a realização da perícia. O voto em separado do PSDB defende também que o Conselho ouça o depoimento do advogado da jornalista Mônica Veloso, Pedro Calmon Filho.
Foi lido ainda o voto em separado do senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que pede "profunda apuração" do caso, incluindo os depoimentos de todas as pessoas envolvidas, a começar pela própria jornalista Mônica Veloso ou do seu advogado, Pedro Calmon. Demóstenes solicita também depoimento de Cláudio Gontijo, funcionário da empresa Mendes Júnior, além de uma análise técnico-contábil dos documentos juntados aos autos.
Já o voto em separado do senador Jefferson Péres (PDT-AM) cobrou explicações para o fato de Renan ter escolhido o empregado da empreiteira Mendes Júnior, segundo ele conhecido por atuar como lobista, para efetuar os pagamentos à Mônica Veloso e para a falta de coincidência entre as datas dos saques nas contas do senador e os pagamentos feitos à jornalista.
Jefferson considerou como "evidente impropriedade" de Renan ter encarregado dos pagamentos o funcionário de uma empresa com interesses a defender em diferentes esferas do Poder Público, com o fato agravante de exercer notoriamente as funções de lobista da mesma.
- O senador Renan Calheiros foi indesculpavelmente imprudente, ao dar a uma pessoa com tais vínculos [Cláudio Gontijo] a incumbência de uma intermediação que, por sua natureza, o tornava refém da discrição do intermediário e vulnerável, portanto, a pressões com vista á cobrança de retribuição pelo favor prestado. Vulnerabilidade indesejável e de alto risco para qualquer político, mais ainda para quem preside um dos poderes da República - avaliou Jefferson, em seu voto em separado.15/06/2007
Agência Senado
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