Waldeck sugere leis mais rígidas contra trabalho escravo



Dois projetos do senador Waldeck Ornélas (PFL-BA), que já tramitam no Senado, pretendem tornar mais rigorosa a legislação e o julgamento dos processos contra acusados de delitos ou crimes relacionados com o trabalho escravo. Um deles determina que o explorador desse tipo de trabalho poderá ficar até oito anos preso, enquanto o outro projeto estabelece que caberá à Justiça Federal, e não à estadual, julgar crimes dessa natureza.

- Sem dúvida alguma, uma legislação mais clara e objetiva vai permitir que nós possamos combater efetivamente esse tipo de crime. Porque, embora ele esteja sendo enfrentado com ações administrativas e com ações policias, não tem havido a condenação dos responsáveis e isso mantém um clima de impunidade - declarou o parlamentar.

O projeto que define a pena de prisão de dois até oito anos para os responsáveis pela exploração do trabalho escravo também determina que, se o crime for praticado contra menores, a pena mínima sobe para três anos e a máxima para 12 anos de prisão.

A proposta também tipifica o crime, que, dentre outras características, é entendido como a prestação de serviços forçados com jornada exaustiva, a imposição de maus-tratos e sofrimentos e vinculação de contrato de trabalho a pagamento de dívidas. Também são consideradas típicas de trabalho escravo a retenção pelo empregador dos documentos pessoais do empregado, a impossibilidade de locomoção e a proibição do direito de ir e vir.

Já o projeto de lei que transfere para o âmbito da Justiça Federal o julgamento desse tipo de crime deverá, na visão de Ornelas, permitir uma maior agilidade nos julgamentos e ainda a participação da Polícia Federal no combate ao crime.

O senador argumenta, em defesa de suas propostas, que, mesmo com estatísticas apontando o resgate de quase 4.500 pessoas submetidas ao trabalho escravo - de 1995 até este ano - nenhuma pessoa foi condenada por estes crimes, até o momento. Ele explica ainda que a aprovação das novas medidas irá adequar a legislação brasileira à Declaração dos Direitos Humanos e aos princípios da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da qual o país faz parte.



25/09/2002

Agência Senado


Artigos Relacionados


OIT elogia Waldeck Ornélas por projetos relativos ao trabalho escravo

Magno Malta quer leis mais rígidas para combater alcoolismo

Garibaldi defende leis que ponham fim ao trabalho escravo

Edison Lobão pede mais ação contra trabalho escravo

Exploração do trabalho escravo deve ser considerado crime hediondo, sugere Crivella

Crivella sugere pensamento mais liberal e menos estático na elaboração de leis