Zambiasi lidera disputa pelo Senado
Zambiasi lidera disputa pelo Senado
Levantamento do Ibope aponta vantagem de Fogaça sobre Emília e Paim na corrida pela segunda vaga
Com 46% das intenções de voto na disputa para o Senado, o presidente da Assembléia Legislativa, deputado Sérgio Zambiasi (PTB), lidera a mais recente pesquisa realizada pelo Ibope. No levantamento, Zambiasi é seguido pelo senador José Fogaça (PPS), com 30%.
Em terceiro lugar está a senadora Emília Fernandes (PT), com 20% da preferência dos eleitores. O deputado federal Paulo Paim (PT) aparece no levantamento com 16%.
Mostrando uma cartela com os nomes dos candidatos, o Ibope perguntou aos entrevistados qual seria a sua primeira opção para o Senado. Zambiasi teve 34% das menções, seguido de Fogaça (13%), Emília (11%) e Paim (9%). Depois, questionou qual seria a segunda opção. Nessa simulação, Fogaça aparece na frente (17%). Zambiasi teve 12%, Emília, 9%, e Paim, 7%.
Como em 6 de outubro serão eleitos dois candidatos para o Senado, o resultado final é a soma das duas citações. Em relação à pesquisa anterior, realizada entre 2 e 4 de julho, Zambiasi cresceu três pontos percentuais, e Fogaça, um ponto percentual. Emília manteve o mesmo percentual.
Na pesquisa espontânea, o levantamento apontou empate entre os três primeiros colocados, com 5% das intenções de voto cada um. Segundo o Ibope, mais da metade (56%) dos eleitores fazem sua escolha para as duas vagas do Senado e 19% apontam apenas um candidato. Foram ouvidos mil eleitores entre 29 de julho e 1º de agosto. A margem de erro da pesquisa é de 3,1 pontos percentuais para mais ou para menos.
AGENDA DOS CANDIDATOS
O QUE ELES FIZERAM ONTEM
Candidatos a governador
ANTÔNIO BRITTO (PPS)
Sem agenda pública.
CALEB DE OLIVEIRA (PSB)
Caminhada no Brique da Redenção.
CELSO BERNARDI (PPB)
Visitas a Triunfo, Taquari, Bom Retiro do Sul, Fazenda Vila Nova e Tabaí.
GERMANO RIGOTTO (PMDB)
Reunião com a Fundação Ulysses Guimarães, em Porto Alegre.
JOSÉ VILHENA (PV)
Reunião com integrantes do partido no Brique da Redenção.
TARSO GENRO (PT)
Visitas a São Sebastião do Caí e São Leopoldo.
Candidatos a presidente
ANTHONY GAROTINHO (PSB)
Debate na TV Bandeirantes, em São Paulo.
CIRO GOMES (PPS)
Debate na TV Bandeirantes, em São Paulo.
JOSÉ SERRA (PSDB)
Debate na TV Bandeirantes, em São Paulo.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA (PT)
Debate na TV Bandeirantes, em São Paulo.
O QUE ELES FARÃO HOJE
Candidatos a presidente
ANTHONY GAROTINHO (PSB)
Caminhadas em São Paulo e Osasco.
CIRO GOMES (PPS)
Entrevista ao Jornal da Globo.
JOSÉ SERRA (PSDB)
Palestras na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e no Instituto Ethos, em São Paulo.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA (PT)
Palestra na Associação Brasileira de Desenvolvimento da Indústria de Base e Infra-estrutura Brasileira e visita à Bolsa de Valores de São Paulo.
Candidatos a governador
ANTÔNIO BRITTO (PPS)
Reunião com representantes do movimento tradicionalista gaúcho e visita à Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs), em Porto Alegre.
AROLDO MEDINA
Visita e carreata em Novo Hamburgo.
CELSO BERNARDI (PPB)
Reunião com as integrantes da Ação da Mulher Progressista e seminário sobre plano de governo para as fundações estaduais, em Porto Alegre.
GERMANO RIGOTTO (PMDB)
Reunião com a coordenação de campanha e palestra na Associação dos Comissários de Polícia, na Capital.
JOSÉ VILHENA (PV)
Apresentação do plano de governo para servidores das fundações estaduais, na Capital.
TARSO GENRO (PT)
Visitas a Feliz, Caxias do Sul, Carlos Barbosa e Bento Gonçalves.
Lula e Ciro empatados no Estado
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Ciro Gomes (PPS) estão empatados no Estado, segundo a última pesquisa estimulada do Ibope sobre as preferências dos gaúchos na disputa pelo Palácio do Planalto.
O petista tem a preferência de 31% dos gaúchos. Ciro está em segundo lugar, com 30%. A diferença entre os dois fica dentro da margem de erro da pesquisa, de 3,1 pontos percentuais para mais ou para menos. José Serra (PSDB), que na consulta anterior estava em segundo lugar, perdeu seis pontos percentuais, caindo para terceiro, com 19%. Ciro, por sua vez, subiu 10 pontos percentuais.
O empate técnico também fica caracterizado na pesquisa espontânea. Nessa consulta, Lula tem 21%, e Ciro, 19%. Serra tem 9%. O Ibope não realizou pesquisa sobre a rejeição dos candidatos à Presidência.
Desemprego é a maior preocupação
Desemprego (37%) e segurança (18%) são as duas principais preocupações apontadas pelos eleitores ao serem questionados sobre quais são os maiores problemas enfrentados pelo Estado em seis áreas.
Futuro do PDT divide prefeitos
Maioria dos entrevistados prefere candidatura própria como alternativa à saída de Fortunati
Os rumos do PDT na campanha ao governo do Estado está dividindo a opinião dos representantes do partido nos municípios gaúchos. Um levantamento feito por Zero Hora mostrou que a maioria dos prefeitos entrevistados prefere um nome próprio em substituição ao de José Fortunati ou decretar apoio ao candidato do PPS, Antônio Britto.
Zh ouviu 58 dos 79 prefeitos trabalhistas. Hoje, o presidente nacional do PDT, Leonel Brizola, volta a Capital para reunir-se com a cúpula gaúcha e definir se o partido terá ou não candidato próprio. Do total dos pesquisados, 18 acreditam que a executiva do partido não deva abrir mão da candidatura própria. A justificativa é a de que ficar sem um nome na corrida ao Piratini comprometeria a tradição pedetista em disputas ao Estado. Os nomes de Alceu Collares, Vieira da Cunha e Airton Dipp foram apontados como alternativas.
– Só podemos pensar em apoio em outra sigla no segundo turno – declarou o prefeito de Pareci Novo, Jorge Renato Hoerlle.
Entre os favoráveis à candidatura própria, há opiniões mais radicais, de prefeitos que sequer aceitam a saída de Fortunati. É o caso dos representantes de Arambaré, José Carlos Rassier, Ijuí, Valdir Heck, e Carlos Barbosa, Fernando Xavier, que enviaram à sede estadual do PDT um fax desaprovando a substituição do então candidato por qualquer outro nome.
Além dos 15 prefeitos que se apresentaram irredutíveis quanto à presença de um nome pedetista, há três que preferem a candidatura própria mas apontam o apoio a Antônio Britto como segunda opção.
Caso se confirme a retirada do PDT da disputa, esta será a primeira vez em que os trabalhistas não terão candidato ao governo estadual. O deputado federal Airton Dipp voltou a defender a candidatura própria, alegando a necessidade de manter a unidade do partido e um projeto alternativo aos de Tarso e Britto:
– Não ter alguém para carregar a bandeira do PDT é erro drástico.
Contrários à candidatura própria estão 14 prefeitos que acreditam não haver tempo para lançar um novo nome. Para estes, a melhor alternativa ao partido é não concorrer ao governo do Estado e manifestar apoio a Britto.
– Se não conseguimos com Fortunati, dificilmente conseguiremos com o nome de qualquer outro – disse José Nestor Bernardes, prefeito de Capela de Santana.
Com a mesma opinião, o deputado estadual João Luiz Vargas enfatizou que o compromisso a partir de agora deve ser com a candidatura de Ciro Gomes à Presidência, o que só seria possível com o apoio ao PPS.
– Apoiar o Tarso é negar a campanha de Ciro, que está firmando compromisso com o Rio Grande do Sul quando apresenta projetos como o de alavancar a Metade Sul e recuperar a pecuária – disse.
Dos prefeitos ouvidos, nove preferem aguardar as decisões do partido, cinco acreditam que o melhor seja não apresentar candidato e não apoiar ninguém, deixando os filiados livres, dois querem o apoio a Tarso Genro (PT) e dois não quiseram se manifestar.
FRASE
João Luiz Vargas, deputado:
Apoiar o Tarso Genro é negar a campanha de Ciro Gomes
AS OPINIÕES
Dos 58 entrevistados:
18 não abrem mão da candidatura própria: Arambaré (Jose Carlos Rassier), Arvorezinha (Sergio Reginatto Velere), Barra Funda (Roberto Carlos Barbian), Brochier (Valmor Griebeler), Caiçara (Odilon Moraes dos Santos), Ijuí (Valdir Heck), Jaguari (Almir Fiorin), Lagoa Vermelha (Moacir Volpato), Lavras do Sul (Aristides Saul Teixeira Costa), Nova Esperança do Sul (Ivori Antônio Guasso), Nova Pádua (Dorvalino Pan), Pareci Novo (Jorge Renato Hoerlle), Putinga (Gemiro Cason), Rosário do Sul (Glei Cabrera Menezes), Sagrada Família (Sérgio Joao Pietrobelli), São Sepé (Júlia Vargas), Sertão (Jorge Alexandre Herrmann), Taquara (Délcio Hugentobler) e Xangri-lá (Luiz Cézar Maggi Bassani)
14 acham que o partido não deve ter candidato e deve apoiar Britto no primeiro turno: Amaral Ferrador (Lyone Leite da Silva), Arroio do Padre (Almiro Buss), Camargo (Juarez Lodi), Capão do Leão (Vilmar Motta Schmitt), Capivari do Sul (Marco Antonio Monteiro Cardoso), Chapada (Carlso Catto), Feliz (Liceu Paulo Caye), Lagoa Bonita do Sul (Arthur Joaquim Possebon), Novo Barreiro (Cezar Tonini), Pinheirinho do Vale (Jaime Alceu Albarello), Poço das Antas (Silvio Pedro Schmitz), Santa Vitória do Palmar (Artur Fernando Rocha Corrêa), São Francisco de Assis (Paulo Roberto Carvalho)
9 preferem aguardar ou apoiar as decisões do partido: Campinas do Sul (Carlos Alberto Corbelini), Canela (José Vellinho Pinto), Cerro Grande (Valdir Bonfanti), Hulha Negra (Marco Antônio Ballejo Canto), Ivoti (Arnaldo Kney), Novo Hamburgo (José Airton dos Santos), Planalto (Antônio Carlos Damin), Portão (Dary Hoff), Triunfo (José Ezequiel Meireles de Souza)
3 acham que o partido não deve ter candidato e não deve apoiar ninguém para deixar os militantes livres para apoios particulare: Fazenda Vilanova (Lélio Labres Guimarães), Mato Castelhano (Crespim Antônio Rizzes) e Pinto Bandeira ( Severino Pavan)
3 devem apresentar candidato próprio e aponta o apoio a Britto como segunda opção: Caiçara (Odilon dos Santos), Capitão (César Beneduzi) e Salto do Jacuí (Lindomar Elias)
1 acha que deve apresentar candidato e em segunda opção apoiar Tarso: Estrela (Geraldo Fernando Mânica)
1 acha que o partido não deve ter candidato e deve apoiar Tarso: Santo Antônio do Planalto (Elio Gilberto de Freitas)
1 não quis se manifestar: Barra do Rio Azul (Carlos Faccio)
1 não tem opinião formanda: Linha Nova (Guiomar Wingert)
1 não apresentar candidato e apóia Celso Bernardi: Mariano Moro (Irineu Fantin)
Amin lidera pesquisa em SC
O governador de Santa Catarina, Esperidião Amin (PPB), lidera a disputa pela reeleição, com 45% das intenções de voto, segundo a mais recente pesquisa do Instituto Mapa.
Amin tem 12 pontos percentuais a mais do que a soma de todos os outros candidatos e mais do que o dobro do segundo colocado, Luiz Henrique da Silveira (PMDB), que tem 21%. Com esse percentual, o governador seria reeleito no primeiro turno.
Segundo a pesquisa, José Fritsch (PT) tem 9%, Sérgio Grando (PPS), 2% e Antônio Bello Júnior (PSB) 1%. O candidato Gilmar Salgado (PSTU) permanece com menos de 1%. Na pesquisa espontânea, Amin tem 30% das intenções de votos, Luiz Henrique, 14%, e Fritsch, 5%.
Em um hipotético segundo turno entre Amin e Luiz Henrique, o pepebista venceria com uma diferença de 21 pontos percentuais. O governador receberia 54% dos votos contra 33% do peemedebista. O Mapa ouviu 1,2 mil eleitores entre 29 de julho e 1º de agosto. A margem de erro da pesquisa é de 2,8 pontos percentuais para mais ou para menos.
OS NÚMEROS DO MAPA
ESTIMULADA (em %)
Esperidião Amin (PPB) – 45
Luiz Henrique da Silveira (PMDB) – 21
José Fritsch (PT) – 9
Sérgio Grando (PPS) – 2
Antônio Bello Júnior (PSB) – 1
Gilmar Salgado (PSTU) – 0
Branco/Nulo – 3
Não sabe/Não opinou – 19
ESPONTÂNEA (em %)
Espiridão Amin (PPB) – 30
Luiz Henrique da Silveira (PMDB) – 14
José Fritsh (PT) – 5
Sérgio Grando (PPS) – 1
Outros – 1
Branco/Nulo – 3
Não sabe/Não opinou – 46
O primeiro confronto na TV
Debate na Bandeirantes começou com o compromisso dos candidatos de gerar empregos
O enfrentamento entre os candidatos Anthony Garotinho (PSB) e José Serra (PSDB), e entre Serra e Ciro Gomes (PPS) caracterizou ontem o debate na TV Bandeirantes.
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) evitou ataques aos adversários.
A maior parte do debate foi dedicada às questões econômicas. Os candidatos se comprometeram com a geração de empregos, apontaram a necessidade de criar mais de 10 milhões de vagas e indicaram o crescimento da economia como o caminho para resolver o que mais preocupa os brasileiros. Ao final, Lula lamentou que a questão da segurança pública não tenha sido discutido.
Garotinho, último colocado nas pesquisas de intenção de voto, transformou-se em franco-atirador, elegeu Serra como seu alvo principal, mas atacou todos os adversários. Os dois primeiros colocados na disputa, Lula e Ciro, usaram a cautela como estratégia e não partiram para o confronto direto com nenhum adversário. Optaram por se concentrar em assuntos administrativos e trocaram opiniões e propostas sobre temas nacionais. Quando provocados, reagiram.
Por mais de uma vez, a apresentadora Márcia Peltier exigiu silêncio das cerca de 200 pessoas que acompanhavam o debate dentro do estúdio.
– Começou muito morno, mas depois esquentou e foi ótimo – resumiu Marisa da Silva, mulher de Lula, sentada na primeira fileira.
– O principal desafio do Ciro é comunicar os problemas do Brasil e acho que ele está conseguindo
– limitou-se a comentar Patrícia Pillar, namorada do candidato.
Em um ataque direto a Ciro, Serra disse que o candidato do PPS faltou com a verdade ao apresentar números em relação ao seu período à frente do Ministério da Economia, no governo de Itamar Franco:
– O senhor faltou com a verdade. Diz que saldou a dívida imobiliária do Ceará quando foi governador e não o fez. Disse que foi fundador do meu partido e não foi. O senhor mentiu quando disse que pagou US$ 100 de salário mínimo no período em que era ministro da Economia. Eu calculei. A média do salário mínimo durante o período em que o senhor foi ministro foi de US$ 82.
– Não reajustei o salário mínimo porque fui ministro de setembro a dezembro de 1994. Todos sabem que a data para reajustar o salário mínimo é maio. Não tenho nada a esconder. Minhas posições são claras. Quero servir à maioria da população – respondeu Ciro.
No final, Ciro teve direito a um minuto e meio para se defender.
Mais de uma vez, o presidenciável se definiu como administrador responsável e experiente e tentou mostrar uma imagem de independência. Nos intervalos, enquanto os assessores dos outros candidatos passavam orientações, Ciro permanecia sozinho. Patrícia Pillar acabou revelando que se tratava de uma estratégia:
– Olha o Ciro sozinho e cada um dos outros com um monte de gente em volta. Interessante isso, né? Fotografa – sugeriu.
Lula também se esforçou para mostrar uma imagem de político moderado. Quando Serra pediu que desse sua opinião sobre o acordo com o FMI, lembrou que até 31 de dezembro o presidente é Fernando Henrique Cardoso:
– O governo tem a responsabilidade de fazer um acordo com o FMI pensando não no processo eleitoral, m as no Brasil como um todo.
DESTAQUES DO DEBATE
Franco-atirador
Em quarto lugar nas pesquisas, o candidato do PSB, Anthony Garotinho, foi a pedra no sapato dos outros três candidatos no debate na TV Bandeirantes. Radialista e pastor da igreja Assembléia de Deus, com experiência no uso da palavra, Garotinho explorou os pontos fracos dos adversários.
A Lula, perguntou:
– Você não tem vergonha de fazer acordo com Orestes Quércia?
Depois de lamentar não ter conseguido fechar aliança com o PMDB, Lula brincou:
– Com todo o respeito, Garotinho, a tua candidatura está tão pura que tu vais acabar ficando sozinho.
Ser ou não ser
Logo no início do debate, ao responder uma pergunta de Anthony Garotinho (PSB) que embutia uma cobrança ao governo, o tucano José Serra cometeu um ato falho:
– Em primeiro lugar é preciso deixar claro. Eu sou candidato do meu governo, o governo José Serra.
Garotinho acusou:
– O candidato tem vergonha do próprio partido, de dizer que é o candidato do governo, e diz ser candidato do governo dele que nem existe.
– Eu sou apoiado pelo presidente Fernando Henrique, sim. Ele é meu amigo. Tenho orgulho de ter o apoio, a confiança do presidente, de quem sou amigo – corrigiu-se Serra.
Olhos nos olhos
O terceiro bloco esquentou no final, quando José Serra (PSDB) acusou Anthony Garotinho (PSB) de não combater como deveria o tráfico de drogas no Rio, na época em que era governador.
Garotinho insinuou que a Polícia Federal (PF) tem sido usada para espionar os adversários do candidato governista e pediu aos eleitores para “olhar nos olhos dos candidatos”.
– Mesmo porque a Polícia do Rio, quando Garotinho era governador, não prendeu traficantes – devolveu Serra.
Passivo oculto
Ciro Gomes protagonizou um momento engraçado, quando começou a falar em “passivo oculto”, ao responder a uma pergunta de Lula sobre Previdência Social.
– O custo de transição... custa aí mais ou menos uns 8% do PIB, desde que você pegue o passivo oculto e faça uma contabilização escritural.
O assessor Egydio Serpa fez sinal indicando que o termo era muito técnico. Ciro concordou em público:
– Eu estou aqui falando um termo muito técnico, enfim, mas o que é importante é compreender o sistema.
Tasso revela torcida pela vitória de Ciro
Em comício, ex-governador fez elogios
O ex-governador do Ceará e candidato ao Senado Tasso Jereissati (PSDB) já não esconde sua predileção pelo amigo e candidato à Presidência pelo PPS Ciro Gomes.
A uma platéia de aproximadamente 20 mil pessoas em um comício em Juazeiro do Norte (CE), no sábado, Tasso se empolgou. Mesmo sem citar o nome de Ciro, soltou o verbo:
– Podemos dizer que, com a possibilidade de um cearense na Presidência (Ciro nasceu em São Paulo, mas foi ainda criança morar no Ceará), chegou a hora e o momento do Ceará, de Juazeiro, do Cariri.
Padrinho político de Ciro, que já foi do PSDB, Tasso faz dobradinha numa aliança branca com Patrícia Gomes (PPS), ex-mulher do candidato à Presidência. Os dois estavam juntos no palanque, além de 26 prefeitos e líderes de diferentes correntes políticas e do candidato tucano ao governo cearense, Lúcio Alcântara.
O evento foi definido por Tasso como “um momento histórico”, “uma noite memorável”. Ele estava eufórico com o resultado da pesquisa Ibope, divulgada na véspera, que apontou Lúcio com 44%, para o governo, Tasso com 73%, para o Senado, e Patrícia com 48%, também para o Senado. Nessa mesma pesquisa, Ciro aparece com 58% das intenções de voto dos cearenses contra 27% do petista Luiz Inácio Lula da Silva.
Após ser preterido na corrida pela candidatura do PSDB à Presidência, o ex-governador candidatou-se ao Senado no Ceará. Em entrevistas, ele tem declarado que o seu candidato é o tucano José Serra, mas está sempre conversando e defendendo Ciro dos ataques de seus adversários.
Nos comícios que tem feito pelo Ceará, sequer menciona o nome de Serra. O coordenador da campanha de Serra, no Ceará, José Moreira, admite que o candidato tucano terá um apoio na “medida do possível”. Ele justifica dizendo que é preciso observar as conveniências locais.
– Estamos apoiando candidatos do PPS e ainda há o fato de que um filho do Ceará, no caso Ciro Gomes, disputa também o cargo de presidente – avalia Moreira.
Candidato do PPS resiste à pressão para afastar vice
Apesar das pressões pela saída de Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, da chapa encabeçada por Ciro Gomes (PPS), o candidato reiterou no sábado que o sindicalista será mantido como seu vice.
Ciro afirmou que as denúncias publicadas pelas revistas Veja, IstoÉ e Época desta semana são infundadas por não trazerem provas. As denúncias falam de suas atividades na presidência da Força Sindical, com suposto desvio de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e uma tentativa de suborno. No final de semana, Ciro conversou por telefone com o sindicalista e disse ter ficado satisfeito com as explicações:
– Meu vice é Paulinho. Não há força no mundo que o derrube. Estão fazendo um esforço para me domesticar. Não estou disposto a vender minha alma para governar o Brasil.
Na noite de sábado, Paulinho divulgou uma nota em que se defende das acusações. Segundo ele, todas as denúncias são “falsas e infundadas”. Ao candidato do PPS, Paulinho disse que as revistas mostraram somente que ele foi vítima de tentativa de extorsão por parte de ex-colaboradores.
Quanto à denúncia de fantasmas para receber verbas do FAT, Paulinho disse ter documentos que comprovam sua inocência e que houve armação do governo contra ele, com informações vazadas pela corregedora-geral da União, Anadyr de Mendonça Rodrigues.
Segundo a assessoria de Paulinho, os indícios de fraude apontados pela Secretaria Federal de Controle não passaram de erros de digitação da Datamec. A secretaria constatou que nem todos os 255 mil trabalhadores que teriam feito cursos de reciclagem do FAT freqüentaram as aulas.
Artigos
Cenário sinistro
Paulo Brossard
Cenário sinistro
Faz muito, deste canto de página, venho externando preocupações acerca da situação econômica e social do país; pois tudo quanto, discretamente, tenho notado e ponderado no curso das semanas vem de ocorrer febrilmente e em proporções perturbadoras e, segundo penso, ainda à guisa de advertência. O que era negado ontem passou a ser confessado hoje, sem rebuços, tamanha a violência do petardo. Hoje ninguém pode contestar que a extrema vulnerabilidade da nação ficou à mostra. Outrossim, nunca se viu o Brasil ser tratado com tamanho desprezo como agora. A maneira como fez o secretário do Tesouro dos Estados Unidos excedeu as raias do insulto, pesado, grosseiro e ultrajante. Aliás, não foi a primeira vez que essa autoridade se manifestou desse modo, mas nunca chegara a tanto. É o fruto de uma política que aprofundou desmedidamente a dependência da nação em escala perigosa. O aleive foi de tal maneira insólito, inaudito e aviltante, que não demoraram as explicações de estilo, se bem que indiretas.
Depois foi a semana negra. O real caiu a seu nível mais baixo em relação ao dólar. Já era penoso ver chegar a R$ 2,80, chegou a R$ 3, foi a R$ 3,61, fechou em R$ 3,47, a despeito de o Banco Central, que vinha abastecendo o mercado com US$ 50 milhões por dia, haver queimado em torno de US$ 300 milhões no último dia do mês. Passado o pânico, refluiu; contudo, ficou em R$ 3. É demais. Pode ser que ainda melhore um pouco, mas a marca fatídica permanece. Vale a pena lembrar que nos sete meses de 2002 o real caiu 50% em relação ao dólar, e 23% só no mês passado. A cicatriz não se apaga de um dia para outro. Tudo isso, em l inhas sumaríssimas, ocorreu em uma semana.
Para completar o quadro, segundo noticiado, a União perdeu R$ 4,8 bilhões entre a queda da receita e o aumento de gastos, o equivalente a um trimestre da arrecadação da CPMF, e a dívida pública, por sua vez, cresceu R$ 73 bilhões em julho, devendo chegar a R$ 820 bilhões, cerca de 64% do PIB.
Em oito anos de reinado, ninguém mais pode negar que foi multiplicada a dívida interna e externa. Para quê?
Em oito anos de reinado, ninguém mais pode negar que foi multiplicada a dívida interna e externa. Para quê? Foi construída uma nova Itaipu, foi rasgada uma ferrovia de Norte a Sul, de Leste a Oeste? Em compensação, bens nacionais de alto valor foram vendidos, a pretexto, falso, bem se vê, de redução da dívida externa! Isto que dói mais. Ainda bem que o embuste monumental, que desfalcou o Brasil, ocorreu agora e seus agentes não poderão alegar que foi obra do sucessor.
Por motivos óbvios, novo acordo com o FMI foi apalavrado às pressas e velozmente. Mas até quando, a cada cólica, novo acordo será feito?
Cada vez estou mais convencido de que o endividamento da nação tem de ter limites; fazer empréstimos é fácil e seria ótimo se não devessem ser pagos; fazer dívidas para outros pagarem pode ser cômodo; mas, a cada empréstimo, a partir de certo nível, com o dinheiro que vem, vai um pedaço da independência nacional. De outro lado, cada vez mais também me convenço de que a usura oficializada atrofia a atividade econômica da nação, com toda a sorte de malefícios, a começar pela redução do emprego. Para não sair do assunto, ninguém ignora que, na gênese da crise cambial, esteve presente a necessidade de dólares para pagamento de financiamentos privados que não puderam ser renovados e isto se deve ao fato de, dado o peso insuportável dos juros internos, muitas empresas buscaram recursos no Exterior. Aí está como as coisas se juntam. O endividamento desbragado e os juros desmedidos, atuando reciprocamente, armaram o cenário sinistro. Não faltaram advertências, mas os sandeus que governam este pobre país riram delas, entre uma e outra viagem ao Exterior.
Colunistas
ANA AMÉLIA LEMOS
Prioridades e promessas
Dois setores importantíssimos da economia – agricultura e construção civil – estão merecendo grande atenção dos candidatos à sucessão presidencial. No caso da agricultura, um dos postulantes ao Palácio do Planalto chegou a fazer comparativos do retorno dos investimentos no campo e no setor industrial. O resultado favorece, enormemente, o agronegócio, não apenas em relação à distribuição da renda, mas sobretudo à geração de empregos. A estabilidade, é bom que se diga, foi mantida à custa do aumento da produção agrícola, e os superávits comerciais confirmam que o setor é e será sempre solução, nunca problema para o país. Aliás, no começo do Plano Real, o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso falava muito na “âncora verde”, numa referência justa ao papel que o setor rural teve na estabilização da economia.
Tal qual a agricultura, a construção civil é, também, forte absorvedora de mão-de-obra, e a produção de imóveis é feita com insumos nacionais, de uma indústria que se modernizou e hoje disputa, em qualidade, com os melhores padrões internacionais, atestam os líderes do setor. Um dos presidenciáveis prometeu a construção de 200 mil unidades por ano para atender as classes média e carente. Outro foi mais audacioso, garantiu que, se eleito, vai construir 500 mil unidades/ano. Os números são factíveis porque o governo do México está executando um plano habitacional construindo 750 mil unidades por ano, informa o presidente do Sinduscon, Pedro Silber, que visitou esse país em maio. Lamentavelmente, somente no apagar das luzes do governo, o Banco Central decidiu atender pleito da construção civil e liberar, no setor financeiro privado, R$ 27 bilhões para financiar a construção de moradias. Armínio Fraga fez a comunicação a Luis Roberto Ponte na semana passada.
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) promoveu em Brasília um debate com os presidenciáveis e ouviu muitas promessas que, se colocadas em prática, representarão um avanço para resolver a crise habitacional no país. No dia 26, o Canal Rural e a Confederação Nacional da Agricultura promovem, em Brasília, debate com os candidatos à sucessão presidencial, discutindo as propostas para o agronegócio. Vale conferir.
JOSÉ BARRIONUEVO
Lula enfrenta seu pior momento no RS
A visita de Lula ao RS não conteve a queda de sua candidatura na principal base do PT. Em quatro campanhas do candidato a presidente da República, este é o pior momento, por coincidência, depois que o PT assumiu o governo do Estado. Ciro subiu e está com um ponto apenas abaixo de Lula (31% a 30%), sendo que os demais candidatos (Serra, com 19%, e Garotinho, com 6%) representam um potencial de mais 25% de votos oposicionistas. Mesmo assim, Lula está dois pontos acima de Tarso no RS.
Itapuã – Tarso esteve ontem no Parque Estadual de Itapuã, onde apresentou suas propostas para o setor ambiental. Estava acompanhado de militantes da causa ecológica. Na foto, com o prefeito Eliseu Chaves, de Viamão, e o secretário do Meio Ambiente, Cláudio Langoni.
Zambiasi e Fogaça lideram para o Senado
As campanhas de Sérgio Zambiasi e José Fogaça ganharam novo ânimo no fim de semana com a pesquisa do Ibope em que aparecem bem à frente para ocupar as duas vagas existentes de senador (Zambiasi 46%, Fogaça 30%, Emília 20%, Paim 17%). O pequeno PPS ocupa duas posições nesta fase da campanha na chapa majoritária, com Britto em primeiro para governador e Fogaça se classificando para a segunda vaga de senador. Mais Ciro, que alcançou Lula no Estado. Se for confirmada esta tendência, é a derrocada dos partidos.
PTB entra na campanha de Britto
Antes mesmo da definição que o PDT, parceiro da aliança, tomará hoje, o PTB já se acoplou à campanha de Britto. Foi o que aconteceu sábado em Planalto e Nonoai, com a presença nas caminhadas de Britto, do PPS, do deputado Iradir Pietroski, líder da bancada e presidente licenciado do partido. A executiva estadual do PTB se reúne hoje para tomar uma posição oficial, diante da retirada da candidatura de Fortunati.
Vieira proclama admiração e respeito por Brizola
Presidente estadual do PDT, Vieira da Cunha discorda do que considera uma “interpretação equivocada” do colunista sobre sua declaração no programa Atualidade de sexta-feira, na Rádio Gaúcha, quando disse que a apresentação de um candidato é condição “até para que sejamos dignos com os mais de 50 anos de história” do trabalhismo.
Considera falsa a premissa de que Brizola tenha proposto apoio a Britto, candidato do PPS, no primeiro turno.
– O governador Brizola não veio dar ordens, mas ouvir opiniões de companheiros para formar a sua convicção sobre o melhor caminho para o PDT do RS.
Vieira também assegura que em nenhum momento teve uma discussão forte com Brizola, mas com Collares e Pompeo de Mattos.
O presidente do PDT entende que a notícia publicada sábado na Página 10 tenta fazer intriga dele com Brizola. Se apressa em destacar:
- Minha admiração pelo governador Brizola é pública e proclamada e o meu respeito pela sua liderança é incontestável.
João Luiz não teme dissidências no PDT
Depois de um roteiro pela Metade Sul, o deputado João Luiz Vargas assegurou que a maioria do partido “aceita uma composição com Antônio Britto para derrotar Tarso Genro e reforçar a candidatura de Ciro Gomes”. Prováveis dissidências, na sua opinião, serão insignificantes, “incomparavelmente menores do que ocorreu em 1998”, quando mais de uma dezena de prefeitos foram expulsos porque não queriam apoiar Olívio Dutra.
– Os sismógrafos não vão identificar nenhum terremoto – brinca.
A proposta de um projeto para a Metade Sul sensibilizou os prefeitos de sua região. Os de São Sepé, São Gabriel, Rosário do Sul, Pinhal Grande e Silveira Martins, com os quais conversou no fim de semana, acompanham a orientação a ser dada por Brizola. João Luiz observa também que quase a totalidade dos deputados aceita a idéia de um grande acordo com o PPS, assegurando a integralidade da Frente Trabalhista no Estado.
- Não temos outra saída. Temos que apoiar o candidato a governador que apóia Ciro. Tarso é a negação da proposta de reerguimento da Metade Sul. Quem vota no Tarso é contra Ciro e não fará falta ao partido.
Bacci aplaude projeto para a produção
O deputado federal Ênio Bacci (PDT) telefonou ao colunista afirmando que toda a região que representa aprova a proposta de estabelecer metas para o RS, dentro de um compromisso recíproco entre Britto e Ciro. Entende que a duplicação da estrada da produção é uma bandeira que, se incluída no programa de governo, levará as lideranças do PDT de sua região a apoiar Britto. Bacci é natural de Lajeado.
Prefeitos convocados
Presidente da Associação de Prefeitos do PDT, Flávio Lammel, de Victor Graeff, está convocando os prefeitos do partido para uma reunião com Brizola às 13h no diretório. Acredita que, se o PDT não tiver candidato, a metade dos prefeitos vota em Tarso.
– No mínimo 40% –, assegura.
Possivelmente um palpite, até porque o prefeito pede o auxílio da coluna para avisar os colegas (não conseguiu contatar com a maioria) para que compareçam ao encontro em Porto Alegre.
Mirante
• Apesar de estar sub judice, o deputado Ronaldo Zülke (PT) recebeu ontem expressivo apoio à reeleição numa grande concentração com a presença de Miguel Rossetto e Tarso.
• O vereador leopoldense Alexandre Roso, do PHS, autor de denúncia contra vereadores que receberam propina, pode estar trocando de partido. Compareceu ao comício do PT de apoio a Ronaldo Zülke. O PHS, liderado pelo deputado Roberto Argenta, está aliado ao PMDB.
• Vieira da Cunha sugere que, se vencer a tese da candidatura própria, o nome a ser indicado seja submetido a uma convenção.
• Collares e Vieira da Cunha devem protagonizar novos momentos de emoção na reunião de hoje à tarde com Brizola. O ex-governador sugere que um “jovem talentoso” como Vieira da aceite ser candidato.
• O TRE recebeu oito reclamações do Ministério Público contra candidatos, seis deles do PT, por propaganda irregular ( de Tarso Genro, Luciana Genro, Dionilso Marcon, Jorge Branco, Tarcísio Zimmermann e Adão Villaverde). Pelo mesmo motivo, o MP comunicou irregularidades na propaganda de Jair Soares (PPB) e de Brasinha (PTB).
• Inspirado na negociação com o FMI, o Banrisul está assumindo contratos de longo prazo. A agência de viagens do banco terá a prorrogação do contrato, que vence no dia 10 de janeiro, por mais 12 meses. Idêntica prorrogação terá a empresa responsável pela limpeza e conservação das agências, cujo contrato vence em 14 de março. Isso que é organização.
• TRE deverá determinar a retirada da propaganda que não tiver o nome da coligação com os partidos. A maioria.
• Jair Soares concorre a deputado estadual, de olho em 2004. Pretende fazer uma grande votação para se credenciar para a disputa da prefeitura pelo PPB de João Dib, a quem nomeou para administrar a cidade em 1982.
ROSANE DE OLIVEIRA
Disparou o alarme
Quando se pede a Luiz Inácio Lula da Silva que faça uma avaliação sobre o crescimento de Ciro Gomes nas pesquisas, o candidato do PT responde que “por enquanto esse é um problema de José Serra” – que ficaria fora do segundo turno. Em seguida, reconhece que Ciro “tem qualidades, é bem articulado e bom de TV”. Dependendo da platéia, emenda bem-humorado:
– Para o meu gosto ele mente muito, mas até o povo descobrir...
As pesquisas indicam que Ciro já é um problema para Lula sim. Porque está disputando palmo a palmo a liderança com ele nos levantamentos da Toledo e Associados e do Vox Populi – na primeira com um ponto à frente, na segunda com quatro a menos.
Os resultados do Ibope no Rio Grande do Sul são ainda mais alarmantes. No Estado em que historicamente Lula teve melhor desempenho nas eleições que disputou, agora está em queda livre. Com percentuais inferiores à sua média nacional, tem apenas um ponto de vantagem sobre Ciro – 31% a 30%. Isso que a pesquisa foi feita logo depois de uma visita de Lula ao Estado, com superexposição do candidato na mídia.
Esse resultado coincide com uma queda nos índices de Tarso Genro, candidato do PT a governador. A mesma pesquisa constatou que a popularidade do governo Olívio Dutra está em baixa: a nota média do governador é 5, a soma dos conceitos bom e ótimo é inferior à de ruim e péssimo, e 51% desaprovam a atuação do governo.
O mau momento vivido pelo PT atinge os dois candidatos ao Senado. Emília Fernandes e Paulo Paim estão atrás de Sérgio Zambiasi e José Fogaça. O dado que pode ser considerado alentador para a Frente Popular vem da pesquisa espontânea, a que se pergunta ao entrevistado em quem pretende votar, sem apresentar cartão com o nome dos candidatos. Nessa simulação, Zambiasi, Emília e Paim têm os mesmos 5%. Fogaça está com 3% e a maioria esmagadora – 77% – não sabe em quem votar.
Editorial
A NOVELA TRIBUTÁRIA
Depois de quase oito anos nos quais, em prestimosa afinação com o Planalto, setores majoritários do Congresso adiaram sistematicamente o exame de uma mudança no sistema tributário, algumas de suas lideranças parecem agora dispostas a redimir-se, ao menos em parte, da longa omissão. Diante das crescentes dificuldades enfrentadas pelo país, que precisa ampliar o aperto no setor público, para assegurar um novo acordo palatável ao Fundo Monetário Internacional (FMI), caciques de diferentes partidos garantem que, mesmo com a campanha eleitoral nas ruas, farão aprovar um minipacote fiscal, tendente também a acalmar o mercado.
Em verdade, o Legislativo sequer necessita ser provocado pelo Executivo para apreciar matérias como a regulamentação do sistema financeiro, o fim da cumulatividade do PIS-Pasep, ou mesmo a instituição da previdência complementar para os servidores públicos. O que falta claramente é disposição política para tanto, eis que medidas dessa natureza são complexas e polêmicas, razões pelas quais os parlamentares normalmente preferem deixá-las de lado em épocas de pleito. Acresce que não há, por enquanto, ao menos clareza quanto ao que significariam tais alterações legais, a não ser talvez no que toca à necessidade de o país elevar o superávit primário (receitas menos despesas, salvo as dos juros da dívida), acordado hoje em 3,75% do Produto Interno Bruto (PIB), como forma de aumentar os desembolsos do novo programa de ajuda do FMI.
A irracionalidade do sistema de impostos é um dos maiores entraves
à estabilidade e ao desenvolvimento
Tanto o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), quanto o do Senado, Ramez Tebet (PMDB-MS), já declararam que o governo terá todo o respaldo do Congresso. Neste momento grave, a posição é responsável, posto que não há nenhuma outra alternativa fora os clássicos corte de despesa e incremento da arrecadação. Mais uma vez porém será o contribuinte brasileiro forçado a arcar com a conta salgada do insucesso em determinadas metas econômicas, sendo convocado a levar, compulsoriamente, a mão ao bolso com a elevação de uma carga de impostos que já atingiu grau insustentável. Nada disso seria impositivo agora se, em tempos menos tormentosos, as autoridades deste país tivessem tratado de promover uma reforma t ributária que reduzisse o enorme número de gravames, desbastasse o cipoal de uma legislação impenetrável para os leigos, ampliasse a base tributária para que mais pagassem menos, em um clima de crescimento da produção, e combatesse eficazmente a sonegação que se espalha, endêmica.
Não foi o que se viu. Nessa área a nação assiste há muito a uma novela interminável: ora é o Planalto que barra iniciativas reformistas, pelo evidente motivo de que suas receitas só se vêm expandindo, ora são os próprios deputados e senadores que se encarregam de frear a tramitação dos projetos. Se tempestivamente os dois poderes houvessem acordado realizar uma mudança profunda no modelo fiscal, teriam prestado serviço inestimável à nação, eis que a irracionalidade do sistema de impostos que ora se pretende não mais que remendar é um dos maiores entraves à estabilidade e ao desenvolvimento do Brasil.
Topo da página
08/05/2002
Artigos Relacionados
Coleção de Carpeaux lidera lista de obras editadas pelo Senado vendidas na Bienal de São Paulo
Joaquim admite desistir da disputa pelo Senado
Zambiasi lidera pesquisa
Antonio Carlos diz que haverá outro candidato na disputa pelo Senado
Sérgio Zambiasi diz que projeto aprovado pelo Senado ampliará participação do vinho brasileiro no mercado externo
Tráfico no Rio acirra disputa pelo poder