Zequinha refuta acusações de envolvimento com menores



O ex-campeão mundial de atletismo Zequinha Barbosa, 42 anos, que responde a inquérito policial por crimes de exploração sexual de menores e de estupro, negou, durante depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Exploração Sexual, nesta quinta-feira (6), que tenha usado o instituto que leva o seu nome, com sede em Campo Grande, no estado do Mato Grosso do Sul, para se aproveitar sexualmente de adolescentes. Zequinha havia sido convidado por duas vezes para prestar depoimento na comissão e só compareceu desta vez após ser ameaçado de ser conduzido à CPI por policiais federais.

A temperatura da audiência, que durou mais de quatro horas, subiu quando a deputada Laura Carneiro (PFL-RJ) disse que Zequinha Barbosa -estava mentindo o tempo inteiro- ao se isentar das acusações. O advogado do atleta, Abadio Rezende, em voz alta, condenou o modo pelo qual o seu cliente estava sendo interrogado, -de forma constrangedora-, e, dirigindo-se à Mesa dos trabalhos da CPI, cobrou da presidente, senadora Patrícia Saboya (PPS-CE), -mais respeito a Zequinha-.

A senadora considerou a atitude de Abadio Rezende incompatível com o Regimento Interno da Casa e destinada -a intimidar os membros da comissão-, além de tumultuar a sessão, razão pela qual deu voz de prisão ao advogado, que foi retirado à força da sala por seguranças. A sessão foi interrompida e, ao recomeçar, Zequinha Barbosa negou-se a responder a maioria das perguntas, sempre afirmando que -só falaria em juízo-. Posteriormente, o advogado foi conduzido à Delegacia de Repressão a Pequenas Infrações, acusado de desobediência e desacato.

Trajando um abrigo nas cores verde e amarelo, com a bandeira nacional estampada no ombro direito, e calçando tênis, Zequinha Barbosa, antes de responder às perguntas dos membros da CPI, leu uma carta na qual estranhou a sua condenação prévia antes mesmo de a Justiça julgar o processo, ainda em andamento. Disse que, por isso, a sua -imagem de homem público estava ferida-, razão pela qual usaria o direito constitucional de não responder a perguntas que pudessem comprometer ainda mais a sua imagem.

- Não direi aqui se sou inocente ou culpado. Somente em juízo é que irei me defender das acusações - informou Zequinha Barbosa, ao reconhecer que Luiz Otávio da Anunciação, amigo e assistente dele, -apresentou problemas psicológicos- depois de separar da sua mulher. Além do mais, observou, -ele bebia muito e se descontrolava-. No mês passado, Luiz Otávio depôs na CPI e disse que tanto ele como Zequinha se envolveram com duas garotas de programa. Mas garantiu, na oportunidade, -que não sabia que se tratava de moças de menor idade-.

Comportamento anormal

Indagado se alguma vez compareceu à residência de meninas para convidá-las a tomar parte das atividades do instituto, Zequinha Barbosa confirmou que, a pedido e por insistência de Luiz Otávio, apenas uma vez foi à casa de uma adolescente, na companhia dele, e que mais tarde soube que Luiz Otávio estava -interessado na menina-. A adolescente, informou Maria do Rosário, tem atualmente 13 anos de idade.

- Luiz Otávio me convenceu em ir na casa dessa adolescente depois de dizer que os pais dela queriam me conhecer pessoalmente. Mas na minha cabeça pensava que a adolescente era maior de idade - disse Zequinha Barbosa, ao confirmar que o seu assessor manteve relações sexuais com a menina. Para Zequinha, o comportamento de Luiz Otávio foi -anormal- e disse que chegou a condenar o ato.

Zequinha negou que Luiz Otávio tenha telefonado para ele com a finalidade de participar de um -programa- com adolescentes, ou que tenha tomado parte de sessões de fotos com meninas nuas. Fotos de meninas foram apresentadas a Zequinha, que também disse não conhecer nenhuma delas.

Durante boa parte da audiência pública, Zequinha Barbosa respondeu indagações sobre o funcionamento do instituto que preside e que atende crianças e adolescentes de 7 a 14 anos em estado de vulnerabilidade social.

A relatora da CPI, deputada Maria do Rosário (PT-RS), estranhou que apesar de o Instituto Zequinha Barbosa receber cerca de R$ 400 mil anuais, incluindo recursos federais, a entidade atende apenas 25 crianças quando foi criado para servir, em média, a 120 crianças.



06/11/2003

Agência Senado


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