Papaléo Paes refuta acusações sobre envolvimento com contrabando de urânio no Amapá
O senador Papaléo Paes (PSDB-AP) ocupou a tribuna do Plenário nesta terça-feira (16), por mais de uma hora, para refutar as acusações contra ele publicadas na edição desta semana da revista IstoÉ, na reportagem especial "O contrabando do urânio brasileiro". O senador afirmou que a matéria faz referência "maldosa, injuriosa e caluniosa" contra ele. A reportagem trata de investigações da Polícia Federal sobre o contrabando de minerais radioativos na região Norte do país.
A revista sugere o envolvimento de Papaléo com o ex-superintendente do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) no Amapá, José Guimarães Cavalcante, e com o irmão do ex-superintendente, Édson Guimarães Cavalcante. O periódico interpreta que o senador ajudaria os irmãos "a resolver questões burocráticas das empresas da quadrilha em Brasília". Papaléo rechaçou veementemente as acusações.
- Isso aí é o cúmulo. Estou tranqüilo, não tenho nada a ver com isso, porém estou indignado de ver que essa onda de denuncismo torna a imprensa muitas vezes responsável em acabar com a imagem de um cidadão - afirmou o senador.
Da tribuna, Papaléo relatou as razões de seu nome ter sido citado pelos irmãos Cavalcante em conversa telefônica interceptada pela Polícia Federal nas investigações. De acordo com Papaléo, em outubro de 2004, seu gabinete recebeu um abaixo-assinado dos funcionários do DNPM-AP, solicitando que o senador intercedesse junto ao diretor do DNPM nacional para que o superintendente José Cavalcante fosse mantido no cargo no estado. Entretanto, continuou Papaléo, o superintendente foi substituído e solicitou então uma licença prêmio, a qual foi concedida pela instituição. Pouco antes de terminar a licença prêmio, informou o senador, José Cavalcante solicitou uma licença sem vencimentos, para que pudesse se afastar da função de servidor público por dois anos, com o objetivo de trabalhar em uma empresa mineradora privada.
- Quatro meses depois, o irmão de José Cavalcante, Édson Guimarães Cavalcante, pediu para que eu intercedesse, junto ao DNPM, para solicitar que a licença sem vencimentos do irmão fosse concedida. Telefonei para Miguel Nery [diretor-geral do DNPM] e solicitei a ele a possibilidade de liberar o direito do servidor público. E Miguel me retornou informando que este processo ainda não estava em Brasília, estava ainda no DNPM do Amapá. Uma semana depois Nery me ligou e disse que o pedido seria atendido - acrescentou Papaléo.
O senador afirmou que a conversa telefônica entre os irmãos interceptada pela PF, na qual Papaléo é citado, trata apenas da licença que já havia sido concedida verbalmente, mas cujo ato ainda não havia sido publicado. Na interpretação do senador, a revista demonstrou "falta de seriedade, de responsabilidade e descompromisso com a opinião pública". Ao se dizer indignado com as acusações, Papaléo informou já ter tomado providências acerca do fato, inclusive junto à Polícia Federal.
Além da manifestação do presidente do Senado, Renan Calheiros, o pronunciamento de Papaleo recebeu apartes de 27 senadores. Todos se solidarizaram com o colega: Arthur Virgílio (PSDB-AM), Eduardo Azeredo (PSDB-MG), César Borges (PFL-BA), Rodolpho Tourinho (PFL-BA), Flexa Ribeiro (PSDB-PA), Alvaro Dias (PSDB-PR), Leonel Pavan (PSDB-SC), Tião Viana (PT-AC), Cristovam Buarque (PDT-DF), Lúcia Vânia (PSDB-GO), Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), Augusto Botelho (PDT-RR), Juvêncio da Fonseca (PSDB-MS), Almeida Lima (PMDB-SE), Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Romeu Tuma (PFL-SP), Ney Suassuna (PMDB-PB), Flávio Arns (PT-PR), José Agripino (PFL-RN), João Tenório (PSDB-AL), Heráclito Fortes (PFL-PI), José Jorge (PFL-PE), Paulo Paim (PT-RS), Romero Jucá (PMDB-RR), Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) e Sibá Machado (PT-AC).16/05/2006
Agência Senado
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