ACM destacou-se pelo combate à pobreza, diz Cristovam



O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) afirmou nesta sexta-feira (20) que o principal legado do senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA), que morreu às 11h40 desta sexta-feira (20), foi ter criado o Fundo para a Erradicação da Pobreza. A iniciativa, segundo o senador pelo PDT do Distrito Federal, foi fundamental para a criação de benefícios sociais para a população carente nos dois últimos governos.

- Ele organizou um seminário no Senado para solucionar causas e soluções para a pobreza. Do debate, de que participei, surgiu a idéia do fundo. Ele se agarrou à idéia e, com a sua competência política, fez com que fosse aprovado e sancionado o fundo pelo governo FHC. Esse fundo permitiu a implantação do Bolsa Escola no governo FHC e hoje permite o Bolsa Família no governo Lula - disse em entrevista à Rádio Senado.

Antonio Carlos Magalhães morreu em decorrência de uma infecção e de problemas renais e cardíacos. O senador pelo DEM da Bahia estava internado desde 13 de junho no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, em São Paulo. O corpo será sepultado em Salvador neste sábado (21).

Outra iniciativa de autoria de ACM destacada por Cristovam Buarque foi o projeto de lei que prevê a execução obrigatória do orçamento aprovado pelo Congresso, conhecido como orçamento impositivo. Dessa forma, as emendas dos parlamentares terão que ser cumpridas pelo governo, que ficará impedido de priorizar emendas de políticos da base aliada. A proposta tramita atualmente na Câmara.

O senador pelo PDT do Distrito Federal enfatizou ainda a intransigência de ACM na defesa de suas idéias e propostas, ressaltando qualidades da personalidade do parlamentar baiano, como a gentileza.

- Ele deixou uma marca que não tem nenhum outro político brasileiro com ela: a marca da nitidez, da clareza, de dizer o que pensa, o agir com rigor. Com toda a fama de homem duro, ele sempre foi comigo de uma gentileza muito grande. Terei saudades no Senado. A presença dele vai fazer falta - afirmou.

Cristovam Buarque discordou ao ser questionado se a morte de ACM poria fim a um ciclo de políticos tradicionais que se destacaram pela defesa incisiva de seus projetos. O senador pelo PDT do Distrito Federal classificou o ex-governador da Bahia de "político sólido", destacando que a "fluidez" da política atual prejudica a imagem do Legislativo.

- Político incisivo deveriam ser todos, embora alguns com estilo mais moderado na hora de falar, mas não no radicalismo das propostas que defende. Para mim o que falta hoje na política brasileira, e essa é uma das causas da desmoralização do Congresso, e não esses escândalos de corrupção apenas, é que nós hoje não parecemos ser qualquer coisa nítida. Política hoje é uma coisa, amanhã é outra, depois de amanhã é outra coisa. A política brasileira ficou gasosa, deixou de ser sólida.Hoje, a maior parte dos políticos brasileiros são gasosos. Espero que volte a solidez como prática da política brasileira - avaliou.

O senador pelo PDT do Distrito Federal também destacou ações contradições na carreira política de ACM, como o apoio dado ao regime militar, mas frisou que o próprio senador baiano jamais renegou a opção adotada.

- Ele sempre foi um defensor [do Legislativo], mas no regime militar aceitou o fechamento do Congresso. Temos que fazer os elogios devidos mas não esquecer coisas que a pessoa fez naquele momento que se contradiziam com o que nós defendíamos. Mas ele foi um dos homens que ajudou a eleger Tancredo. Foi um político da Arena que enfrentou os militares. Em 84, foi para um comício e do palanque colocou os militares na posição em que deveriam. Sem esse gesto talvez houvesse retrocesso no avanço da campanha de Tancredo. Mas ele nunca renegou o apoio ao regime militar e disse que o fez para evitar uma ditadura de esquerda que, segundo ele, ocorreria sem o golpe - lembrou.

20/07/2007

Agência Senado


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