ACM DIZ QUE NOTA DE TEMER NÃO CRIOU PROBLEMA DE GOVERNO



O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, respondeu nesta segunda-feira (dia 14) à nota do presidente da Câmara, Michel Temer, que considerou "totalmente extemporânea", e assegurou que o episódio não indica a existência de problema de governo, mas apenas uma demonstração do temperamento do deputado.- Isso não é problema de governo, isso é um problema do presidente da Câmara despeitado com o presidente do Senado. Nada tem a ver, nem sequer com o Poder, tem a ver com o temperamento do dr. Michel Temer, que não é um temperamento de uma pessoa que aceite o êxito de qualquer outra - disse.Para o senador, a nota de Temer "serviu apenas para ele dizer que é professor de Direito Constitucional, coisa de que muita gente vai tomar conhecimento a partir de hoje".- Eu defendo sempre a moralidade, e ele não queria a CPI (do Judiciário) porque não queria que se descobrissem as imoralidades que estamos descobrindo, e vamos inclusive mudar a legislação sobre isso. Ele não queria, e (a CPI) foi feita. Depois quis apagar, fazendo essa (comissão da) reforma (do Judiciário). Então se escolheu um grande relator, e ele, evidentemente, está sabotando esse relator, que até ameaça renunciar. As coisas morais nunca foram o forte do sr. Michel Temer. A prova disso é a luta que ele faz pelo porto de Santos. Isso, só detalhes posteriores que nós vamos tratar, ou eu com ele vis a vis - afirmou.Antonio Carlos acusou Temer de agir de acordo com viés corporativista.- Ele tem escritório de advocacia, e por isso não andam matérias importantes, como o Código de Processo Civil, que está lá há muito tempo, um ano e meio pronto, e ele sequer colocou em votação. E não deixa votar o efeito vinculante, por causa do corporativismo dos advogados e para atender juízes de primeira instância, que ele não quer desgostar em virtude de ser advogado - assinalou.O presidente do Senado rebateu, igualmente, o trecho das declarações de Temer em que o deputado o censura por tratar de assunto em tramitação na Câmara.- Eu acho que devo debater sempre, e ele também debate sempre. Tanto que ele não queria a CPI do (Judiciário no) Senado Logo, ele debate esses assuntos. Eu sou um político, acredito que nacional. Eu gostaria até que ele fosse também. Mas se ele é nacional ou se julga nacional, ele tem que debater todos esses pontos. Na Casa que presido sou homem imparcial, tanto que criei a CPI do Judiciário com coragem, com destemor, e dela não participo no sentido de influenciar o presidente ou o relator. Diferente dele, que quer se intrometer nas coisas boas para prejudicar, e não nas coisas ruins, que ele quer manter - observou.O senador também analisou a situação política do autor da nota.- O dr. Michel Temer foi eleito a primeira vez com muito esforço do deputado Luís Eduardo, a quem deve a posição que ocupa. Entretanto, só respondeu com inveja do êxito de Luís Eduardo na presidência, coisa que ele até hoje não obteve. Dessa vez, só foi eleito porque eu ia ser reeleito presidente do Senado e era preciso compensar seu partido, que era maioria no Senado, com a presidência da Câmara. Logo, ele é assim. No meu estado, eu tenho força política, ele não tem no dele. Acho até que ele está muito zangado porque em São Paulo sou melhor recebido do que ele, que é paulista - observou.

14/06/1999

Agência Senado


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