ACM REAFIRMA PODER DA MESA PARA PEDIR QUEBRA DE SIGILOS



O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, reafirmou na manhã de ontem sua convicção no poder da Mesa Diretora da Casa para solicitar a quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico de pessoas que estejam sendo investigadas pela Subcomissão Permanente do Judiciário, criada no âmbito da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) para acompanhar os desdobramentos da CPI do Judiciário. O senador destacou, porém, que "cada caso é um caso" e somente serão encaminhados pedidos de quebra de sigilo quando a Mesa entender que a justificativa é válida.Para Antonio Carlos, "primeiro é preciso aprovar na subcomissão e em seguida encaminhar o pedido para a Mesa para que ela avalie se cabe a quebra do sigilo". Na medida em que a subcomissão é parte da CCJ, ele entende que os seus pleitos não têm porque passar também pela comissão. "A Mesa vai fazer o exame independente da CCJ e, se tiver dúvidas, perguntará à CCJ", explicou. "Mas a Mesa não terá dúvidas em tomar posição, diante de alguma coisa justificada", acrescentou.Com relação às manifestações de que o governo não veria condições na possibilidade de a Mesa determinar a quebra de sigilo, ele destacou que "o governo tem a posição dele, mas o legislativo é independente e essa independência nós temos que preservar; a opinião do executivo é uma, mas nós podemos ter uma opinião diferente e quem decide isso é o Judiciário".A respeito da sugestão do ministro da Fazenda, Pedro Malan, no sentido de que as lideranças políticas façam um pacto para preservar, nas eleições presidenciais de 2002, o compromisso de manter o combate à inflação e a redução do déficit público, o senador observou que em relação aos políticos e administradores da situação essa é uma questão que "não tem dúvida". O ministro considera importante esse pacto, entre todos os possíveis concorrentes à sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso, com vistas à manutenção da confiança dos investidores internacionais no país, mesmo durante a campanha eleitoral. A dúvida de Antonio Carlos é com relação à oposição. "Ninguém é contra reduzir a inflação, ninguém é contra reduzir o déficit público, mas é preciso ver se a oposição comunga desse ponto de vista (a atual política econômica) do ministro da Fazenda", explicou.São todos pontos que os políticos e administradores são favoráveis, mas pode haver divergência do lado da oposição, pensando que não é essa a melhor forma do combate à inflação, de cortar o déficit público etc - concluiu.PRESIDÊNCIASUBCOMISSÃO: ACM ACHA QUE OPOSIÇÃO NÃO DEVE SER INTOLERANTE O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, reagiu nesta terça-feira (dia 8) à possibilidade de que a bancada oposicionista venha a retirar-se da Subcomissão Permanente do Judiciário, caso não sejam aceitos requerimentos de quebra de sigilo e convocação de depoentes:- Seria uma intolerância da minoria em relação à maioria. Tudo vai ser decidido democraticamente, ouvindo-se as razões, seja da base oposicionista, seja da governista, e o que for para se fazer, será feito. Agora, ameaça a priori não é bom - advertiu.O senador não quis manifestar-se sobre a convocação do ex-ministro José Eduardo Andrade Vieira para explicar denúncias que fez à imprensa sobre corrupção no governo, alegando que "este é um assunto da comissão, o que ela decidir estará bem feito". Entretanto, criticou o ex-ministro, por não ter falado na época:- É estranho que só depois de seis anos ele toque no assunto. Se houve erro, ele deveria ter falado na ocasião. Acho que não fica bem para o ex-ministro ter ocultado essa informação por tanto tempo, se é que isso é verdade. Eu acho que é mentira - concluiu.Antonio Carlos discordou da decisão da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de pedir a convocação de uma CPI no lugar da Subcomissão:- A OAB é uma instituição respeitável, mas que no máximo pode comandar os advogados. Não pode comandar o Congresso. Acho que um pedido desses pode até atrapalhar quem quer a CPI, porque o Congresso pode se sentir coagido pelos advogados, que são muito corporativistas - afirmou.POPULARIDADEPara o senador, a melhoria da avaliação do presidente da República nas últimas pesquisas era esperada, por ser reflexo da situação econômica do país:- É uma melhoria esperada, mas a popularidade não vai voltar ao que foi. Aos poucos, ele vai readquirindo popularidade, o que é bom para o país. São dados baseados na economia, a economia está melhorando. Mas é muito difícil que o presidente volte à popularidade inicial.O presidente do Senado acredita que nenhum governo consegue voltar aos índices de popularidade registrados quando da eleição, e citou o caso do presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, cujo mandato é tido como o melhor dos últimos tempos, mas parece não ter chances de eleger seu sucessor. O senador não quis, porém, prever se o exemplo se aplicaria a Fernando Henrique Cardoso:- Não sei, vamos ver, ainda temos muito tempo para chegar lá - afirmou.

08/08/2000

Agência Senado


Artigos Relacionados


ACM REAFIRMA PODER DA MESA PARA PEDIR QUEBRA DE SIGILOS

JADER DEFENDE IMEDIATA REUNIÃO DA MESA PARA APRECIAR QUEBRA DE SIGILOS

Roberto Cavalcanti quer dar poder de quebra de sigilos ao TCU

Valmir Campelo pede que TCU tenha poder para pedir quebra de sigilo bancário

CPI adia para 4 de outubro a votação dos requerimentos de depoimentos e de quebra de sigilos

CPI aprova sete requerimentos para quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico