ADEMIR ANDRADE CENSURA POUCO INTERESSE DO GOVERNO PELO CERRADO
Informado de que o governo japonês paralisou negociações para a execução de nova etapa de um programa de desenvolvimento do cerrado brasileiro, o senador Ademir Andrade (PSB-PA) criticou nesta quinta-feira (dia 20) o presidente Fernando Henrique Cardoso por negligenciar iniciativa tão importante. O senador disse ter enviado ofícios aos ministros da Fazenda, do Orçamento e da Agricultura, pedindo que se empenhem em demover o governo japonês dessa posição. Segundo Ademir Andrade, na nova etapa do Programa de Cooperação Nipo-brasileiro para o Desenvolvimento do Cerrado (Prodecer) seriam abrangidos os estados do Pará e Piauí. Além de paralisar essa nova etapa, o governo japonês teria cancelado o repasse de US$ 800 milhões que seriam aplicados em infra-estrutura nos estados onde o programa já está funcionando.Ele informou que o Japão está exigindo, para a continuidade do programa, que seja equacionado o endividamento dos produtores, decorrente dos altos juros cobrados pelo governo brasileiro. O governo japonês estaria emprestando o dinheiro ao Brasil com juros de 2,75% ao ano, mais variação cambial, enquanto o Banco do Brasil estaria repassando esses recursos para os produtores cobrando 30% de juros. Seria esta a principal razão do endividamento. O parlamentar observou que os cerrados são um ponto fundamental no equilíbrio dos demais ecossistemas nacionais, em razão de sua posição geográfica, do seu gigantesco potencial agrícola e de sua geomorfologia. Em sua opinião, "apesar de ser o segundo ecossistema brasileiro, o Cerrado nunca recebeu dos governos a verdadeira atenção e os incentivos que precisa para se transformar num enorme produtor de riquezas agrícolas".O senador voltou a responsabilizar o presidente da República por aplicar no país "um modelo econômico suicida, excludente e elitista e pela promoção da integração sem limites de nossa economia aos poderosos mercados financeiros internacionais". Também se disse espantado ao ler declarações de Francisco Turra (ministro da Agricultura) no jornal Gazeta Mercantil, considerando o Prodecer "um ônus sem nenhum atrativo para o Brasil".
20/05/1999
Agência Senado
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